13. "Sentimento ruim"

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- Espero que se divirta lá. Mande lembranças a seu irmão por mim - Jungkook me envolveu em um abraço apertado.

- Vou mandar sim - o abracei mais forte ainda.

Jungkook estava acreditando que eu ia para a casa do meu irmão fazer uma visita. Meu coração estava em pedaços por estar mentindo, mas isso não duraria por muito tempo, apenas vou para o casamento acompanhar Hoseok e então volto para casa.

- Vamos ficar com saudades, não é Cupcake? - Jungkook me soltou do abraço e pegou o cachorro no colo. Sua mão foi direito para sua coleira, e logo a tirou, entregando em minhas mãos - Toma, leva com você.

Franzi a testa.

- Não vou fazer nada com isso.

- Apenas leve.

- Não preciso, sério.

- É só pra você não sentir tanta saudade do Cupcake.

Não consegui conter o sorriso bobo e puxei Jungkook para um abraço novamente. Eu estava me sentindo um monstro, mas agora já era tarde. Coloquei a coleira no bolso e peguei minha mochila que estava em cima do sofá, o terno devia estar extremamente amassado dentro dela.

Jungkook me levou até a porta e eu fui sozinho à caminho da casa de Hoseok, que ficava a poucos minutos de distância.

...

Eu tentava esconder minhas mãos trêmulas entre as pernas para não deixar Hoseok notar que eu estava nervoso. Eu não queria mentir para Jungkook desse jeito, mas Hoseok também precisava de mim e eu não queria decepcioná-lo.

Fiquei olhando os prédios passando rapidamente pela janela do carro para me distrair.

- Taehyung?

Olhei para Hoseok.

- Que?

- Você está bem?

- Sim. Só estou um pouco ansioso.

- O dia vai ser bom. Vamos nos divertir bastante.

Hoseok sorriu para mim, e forcei um sorriso para retribuir. De algum modo, eu estava começando a me sentir desconfortável por não estar perto de Jungkook e ter mentido pra ele.

- Taehyung, posso te perguntar uma coisa?

- Claro. O que é?

- Você já pensou em se apaixonar de novo?

Quase engasguei.

- Bem... não sei. Não é algo que eu espero, mas se acontecer, tudo bem. Só quero algo que me faça bem.

- Quando o sentimento é puro e verdadeiro, você vai querer mantê-lo. O ruim é quando você sabe que não pode manter, mas também não sabe como se livrar dele.

- Por que você está me dizendo isso?

- Só queria que soubesse.

Sorri e concordei com a cabeça, voltando a olhar pela janela. Até aquele momento eu não havia notado que tudo em volta agora eram árvores. Não percebi quando nos afastamos da cidade, pois não levamos nem dez minutos. A rua era longa e deserta, nenhum sinal de outros carros por perto. Olhei para Hoseok, que continuava com a sua atenção na estrada.

- Quer que eu coloque uma música? - ele perguntou desviando seu olhar para mim, que concordei com a cabeça - Qual?

- Não sei. Escolhe uma.

Hoseok começou a apertar na pequena tela touchscreen de seu carro, e selecionou uma música.

O som um pouco misterioso e com ar de sombrio começou a tocar. A música era calma, o que me permitiu relaxar no banco do carro. Acomodei melhor minhas costas e voltei a olhar as árvores em volta de nós.

Senti o carro desacelerar após uns cinco minutos. Olhei para frente e Hoseok estava dirigindo em direção a uma pequena estrada de terra.

- Onde estamos? - perguntei.

- Já estamos chegando. Resolvi pegar um atalho - ele sorriu olhando em meus olhos

Passeei com os olhos por todo o lugar. A estrada de terra era curta, que nos levou a um galpão não muito grande mas bastante velho, que eu podia ter certeza que ninguém frequentava a muito tempo.

- Que lugar é esse, Hoseok? Vamos nos atrasar para o casamento.

- Relaxa. Temos bastante tempo.

Hoseok parou o carro e tirou o cinto.

- Vem, vamos explorar esse lugar. Vai ser divertido.

- Tem certeza? Se acontecer algo com a gente, eu vou correr e te deixar para trás.

- Não vai acontecer nada - Hoseok apertou meu cinto para destravá-lo - Vamos descer um pouco.

Após Hoseok insistir por mais alguns minutos, eu cedi. Abri a porta do carro e saí, o ar frio tocou meu rosto e fez alguns fios do meu cabelo voarem. Abracei o corpo com as mãos e segui Hoseok.

Entramos no galpão vazio. Tudo estava sujo e com mofo. Os caixotes empilhados estavam molhados por conta das goteiras no teto que caíam direto neles. O lugar era realmente pequeno, e estava servindo como um depósito de coisas velhas. A luz do dia não deixava tudo ficar tão assustador, mas a noite esse lugar deve ser extremamente sombrio.

Um sentimento ruim começou a me preencher. Por que aquilo não me parecia uma boa ideia?

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