Daniel estava sentindo aquela água gelada tocar seu corpo nu como se fosse um verdadeiro medicamento anti-depressivo. Era maravilhoso refrescar-se daquela forma.
Os pensamentos dele estavam longe. Estavam em Alyssa, estavam também em conjecturas: o que ele poderia fazer para se livrar de Dafne?
Ela o tinha em suas mãos. Ela sabia dos contratos, sabia dos desvios, sabia da sonegação de impostos. Como diabos ela sabia de tudo aquilo?
Ele sabia que Dafne, provavelmente, não estaria sozinha naquela jogada, mas, quem a estaria ajudando?
Ele jamais iria descobrir, tinha certeza disso!
Dafne era esperta demais. Ele estava com os pés e as mãos atados, não havia o que fazer, além, claro, de ceder a todas as chantagens e exigências dela.
Ele sentia tanto por ter perdido Alyssa. O coração dele estava quebrado. Ele inteiro estava quebrado.
Maldita Dafne!
Ele procurava em sua memória alguma atitude dele que causara todo aquele ódio nela. Sim, aquilo era ódio e não amor, como ela insistia em dizer. Dafne estava completamente louca, completamente perturbada, obsessiva.
Ele jamais imaginara que ela fosse capaz de ir atrás dele em Pedra Dourada. Era apenas um casinho passageiro. Nada demais. Pelo menos, para Daniel, aquilo não era nada demais. Era bom ter alguém com quem ficar quando ele não estava ao lado de Alyssa, mas, ele amava Alyssa, ele realmente a amava e Dafne nunca tinha significado nada para ele. Era apenas uma companhia. Por que ela não havia entendido da mesma forma? Daniel estava atônito.
Saíra da ducha e apanhara uma toalha branca que estava pendurada num cabide. Enxugara-se de forma rápida, enquanto saía do banheiro.
- Uau! - era a voz de Dafne, ela estava sentada na cama, de frente para ele - Eu adorei a vista.
- O que você está fazendo aqui? - ele enrolara a toalha no corpo imediatamente, não queria que ela o ficasse olhando daquela forma.
Dafne estava de pernas cruzadas, parecia uma primeira-dama dos Estados Unidos. Aquele mesmo ar de psicopata.
- Meu amor - ela usava um tom de voz meigo, apesar de ameaçador - Eu estive pensando, a sua família não me aceitou muito bem, né?!
Daniel sorrira, enquanto ia andando até o guarda-roupa.
- Será por que, né?! - ele ironizou.
- Também não sei, meu amor, mas, eu pensei que, agora, como vou morar aqui, nós não podemos deixar que isso aconteça. É que eu só quero seu bem e tudo mais, então, eles deveriam gostar um pouco mais de mim. Talvez, se eu contribuísse de certo modo para a casa e as despesas da casa eles me respeitassem um pouco mais.
- Dinheiro nunca foi problema pra nós, Dafne! - ele havia acabado de vestir uma cueca boxer preta - O problema da minha família contigo é que você é uma pilantra que não vale o chão que pisa.
- Talvez - ela colocara os dedos indicador e médio da mão direita abaixo do queixo, parecia pensativa - Mas, de todo modo, eu acho que eu precisava de um pouco mais de autonomia financeira pra sua família me respeitar, entende?!
- Onde é que você tá querendo chegar com isso?
Ela apanhara, dentro da bolsa, uma pasta e uma caneta.
- Aqui está um documento em que você transfere, de forma muito gentil, para mim, 50% das ações do Grupo Fonseca! - ela estendeu a pasta e a caneta para ele - Seremos sócios, amor!
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Vingativa
Mystery / ThrillerEla foi enganada por ele, agora, tudo o que ela mais quer é se vingar e, para isso, não medirá esforços.