Capítulo 09: "Um Ponto Final"

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Pedro estava achando aquele passeio muito estranho.

O homem ao volante do Fiat Uno Mille branco mal falava e suava muito, parecia estar com medo de alguma coisa.

O maior erro das pessoas com relação a Pedro era achar que ele fosse tolo por ser criança. Pedro não era tolo! Pedro não era nada tolo!

- Tem certeza de que eles estão esperando por mim? - indagara o menino - Eu nunca vi você junto com meu irmão.

O velocímetro estava marcando 100 km/h. Camaleão, na verdade, estava sentindo-se muito mal. Era apenas uma criança. Será que aquilo ia acabar bem? 

Ele era traficante, mexia com pessoas realmente perigosas o tempo todo, mas, crianças...

Enquanto fitava a estrada logo à sua frente, o tatuado lembrara-se de Lara. 

Ah, Lara...

Uma maldita depressão havia levado sua doce Lara.

Quando Lara nascera, Camaleão ainda era chamado de João Paulo. Ele estava tão feliz em ter uma filha, mesmo que o relacionamento com sua namorada, Lisa, tivesse acabado algum tempo antes de ela contar a boa nova.

Ter um filho sempre muda um homem.

Lisa tinha problemas emocionais graves, uma depressão incurável, que só aumentara após o parto.

Num de seus surtos, Lisa havia enfiado na cabeça que a filha era o anti-Cristo. A história acabara com uma faca de cozinha enfiada na jugular do bebê e com Lisa sangrando pelos pulsos até a morte, logo em seguida.

João Paulo morrera naquele dia, junto com a duas.

Envolvera-se com drogas para aliviar sua dor e, quando menos percebera, já estava trabalhando para a quadrilha.

Era um caminho sem volta, ele sabia.

Dafne também parecia ser um desses caminhos sem volta, mas, ele não podia deixar outra criança se ferir. 

Bruscamente, Camaleão pisara no freio. Com a parada repentina, Pedro fora arremessado para frente, mas, estava a salvo, graças ao cinto de segurança.

- O que foi? - indagou o garoto.

- Vou te levar pra casa! 

Habilidosamente, o tatuado fizera uma manobra com o carro, colocando-o de volta em direção a Pedra Dourada.

- O que está acontecendo?

- Pedro, tá tudo certo, okay?! - ele suava, enquanto olhava o garoto pelo espelho de teto do veículo - Tá tudo bem agora!

Pedro franzira o cenho. Definitivamente, havia algo muito errado ali.

                                                                         * * * 

- Liga pra ela agora, anda! - berrara Dafne - Ou prefere que o meu parceiro degole o pivete do seu irmão? Eu já estou perdendo a paciência contigo, amor.

Daniel suava.

- Eu não posso fazer isso! Você é insana...

- Justamente! - ela arregalara os olhos - Eu sou louca, eu sou muito louca, portanto, tenha medo de mim! Eu não vou medir esforços pra conseguir o que eu quero, meu amor. E, no momento, o que eu quero é que você termine com a água de salsicha. Anda!

- Quem me garante que você não vai fazer nada com ele se eu terminar?

- Ninguém... - ela sorrira - Mas, você vai arriscar?! 

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