Capítulo 12: "Liga da Justiça"

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Quando Anyelle acordara no dia seguinte ao que Itamar contara para ela sobre quem havia atirado em Camaleão, ela sentira um peso em sua cabeça e em seu estômago.

O mundo parecia girar.

Aquilo era terrível.

Ela só conseguia pensar em que tipo de pessoa Dafne podia ser, para fazer tamanha barbárie. Por mais que Camaleão fosse um bandido, ainda assim, era uma vida.

E, pior: Se Dafne fizera aquilo, era não era nada melhor que ele.

A mulher levantara-se de sua cama, ainda se sentindo pesada. Estava mentalmente pesada. Ela sabia que deveria fazer algo, mas, não sabia exatamente o que. Itamar a fizera jurar de pés juntos que jamais contaria algo para alguém.

Ela não teve escolhas. E, agora, não poderia e nem queria trair a confiança de Itamar.

Ah, Itamar... Anyelle, sem dúvidas, nutria um sentimento especial por aquele magricela de olhos estonteantemente verdes. "Olhos de cigano oblíquo e dissimulado". Ela sorrira. Nem sabia o motivo, mas, sorrira.

Fora até o banheiro, onde escovara os dentes e deixara que a água fria acordasse sua face. Ela estava ainda apreensiva, mas, precisava se acalmar.

Seguira até a copa e, surpreendentemente, encontrara-se com uma reunião dos Fonseca. Sua mãe, à cabeceira da mesa, Pedro, ao lado direito dela, Ilana, ao lado esquerdo, Daniel em pé, logo atrás da matriarca.

- O que foi?! - ela franzira o cenho.

- Seu irmão vai se casar, acredita nisso, Anyelle?! - respondera a mãe, estava visivelmente irritada.

Anyelle franzira o cenho, os lábios formavam um sorriso tímido, desorientado.

- Ai, que bom! Isso significa que ele voltara com a Alyssa, não era o que todos nós queríamos?!

Silêncio.

- Não, minha querida! - dissera Dafne, aproximando-se dela, vinda do lado oposto ao que ela olhava - o Daniel se casará comigo!

Anyelle sentira-se gelar.

Não haviam pensamentos, não haviam reações.

- O quê? - a farmacêutica disse, praticamente em modo automático - Como assim?

- Aparentemente, Any - falava Ilana, estava ainda mais indignada que dona Teresa - Nosso irmão caiu de encantos pela Dafne. Foi por isso que ele terminou o noivado com a Alyssa, acredita?!

- Acredita?! - dissera Dafne, os olhos arregalados e um sorriso que queria transparecer felicidade, mas que, no fundo, parecia o sorriso de uma psicopata - E nós iremos nos casar! Não muda nada, no fim das contas... Nós só queremos evitar o desperdício dos preparamentos do casamento antigo. Só mudamos de noiva, claro!

Anyelle não sabia mais de nada. Aquilo tudo era muito confuso e Dafne parecia ainda mais insana. Era bizarro. Era medonho.

- Daniel - dissera a farmacêutica, aproximando-se do irmão, o cenho franzido, estava nervosa - Você tá doido?! Pirou de repente?! Quê que foi? Como assim você vai se casar com uma pessoa que mal conhece?! Tá louco?! Que palhaçada é essa? Você ama a Alyssa e, do nada, vem com essa história de se casar com essa daí que você não sabe nem de onde veio ou para onde vai. Você não conhece essa mulher, Daniel!

Dafne fingira estar ofendida, fingira estar surpresa.

- Amor?! - direcionara a questão para Daniel - Você não contou?!

- Não contou o que, Dafne? - indagara a matriarca, ainda sentada à mesa, ainda mal-humorada.

- Eu e o Daniel nos conhecemos de outros carnavais! - ela respondeu, como se estivesse confusa - Ele ficava na minha casa quando tinha algum assunto de negócio em minha cidade. Ele pediu para que eu viesse morar aqui... Estou tão surpresa quanto vocês.

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