Finn: "I'm Canadian and she's English. Perfect combination."

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       Eu estava na pia lavando os talheres com Nick para nosso jantar.
       Acabei cochilando, mas a música estava quase pronta, eu sentia que todo o momento mais cedo tinha deixado Candace estressada. Tinha me desculpado pelo modo como tinha falado com minha mãe, o problema era Millie, eu não a tirava da cabeça.
       - Cara! - Nick me tirou do transe de pensamentos repentinamente - Onde você está?
       - Talvez ficando louco.
       Nick riu.
       - Eu sei que tipo de loucura é esta.
       - Não começa, Nick!
       Esfreguei o prato, enquanto ele secava os copos.
       - Um conselho de irmão. - instruiu ele - Vai ter que escolher uma delas, não pode ficar com as duas.
       - Não tem escolha. - foi tudo que respondi antes de ir para a mesa.
       Nos sentamos todos e demos nossas mãos fazendo nossas orações. Eu sentia uma tensão pulsando na mão de Candace contra a minha, ela estava irritada certamente, mas ela fingia bem.
       Assim que soltamos nossas mãos, começamos a comer.
       - Bem, acho que devíamos brindar. - disse meu pai sorridente - Pela saúde de todos e união, não acham?
       Candace foi a primeira a se unir a meu pai.
       - O senhor tem toda razão!
       Eu e Nick nos olhamos e levantamos nossas taças de champanhe junto com nossa mãe.
       - A esta família e pelos próximos que vierem! - foram palavras do meu pai.
       Todos rimos.
       - Pai, você vai no show da banda na próxima semana, não vai? - perguntei esperançoso.
       - Farei um esforço pra ir, meu filho, isso é uma promessa!
       - Temos trabalhado muito nisso, você só foi uma vez em um dos nossos primeiros shows, muita coisa mudou daquele tempo pra cá.
       - Tenho certeza. - ele assentiu - O que acha Candace? Sobre a banda.
       - Eles são muito bons! - concordou ela - Certamente tenho que ter uma segurança extra para com ele, porque ele é um astro. Sempre tem pessoas querendo astros.
       - Sorte que eu não sou facilmente manipulado por mulheres. - bebi um pouco do champanhe, tinha que segurar minha língua, às vezes eu era cruel com ela mesmo que por gênio.
       - Como foi o descanso, Finn? - ela iria provocar de volta - Afinal, ficou preso naquele quarto por horas.
       - Ajudou para que eu compusesse, na verdade.
       Ela pousou os talheres nas bordas do prato.
       - Mas achei que estivesse com bloqueio.
       - Me sinto curado agora.
       Ela riu.
       - Mas é claro. - ela bebeu de sua taça - Nada melhor do que estar em casa!
        - Ok, está certo. - se pronunciou Nick, quebrando o começo de uma briga séria - Por que não falamos um pouco de arte? Tem uma galeria famosa na cidade.
       - Ouvi falar que a galeria está toda inspirada em moda! - Candace sorriu aliviada - Preciso ir conferir antes de irmos embora, vai ser incrível.
       - Então, isso tudo realmente te interessa? - quis saber minha mãe.
       - Sem dúvidas! - ela estava totalmente encantada e eu só conseguia pensar em como agradeceria Nick por aquilo - A senhora deveria ir comigo, um passeio entre amigas!
       - Eu posso pensar nessa oferta. - infelizmente, eu sabia quando minha mãe estava animada, e não estava.
       - Qual foi o último lugar que visitaram? - perguntou meu pai.
       - Andaluzia, na Espanha. - respondi me calando logo depois.
       - É um lugar incrível! - Nick se pronunciou - Deveríamos marcar uma viagem pra lá só pra visitar a própria cidade.
       Eles ainda conversavam sobre aquilo, mas eu estava de volta à Andaluzia lendo aquele artigo, aquele maldito artigo!
       Era verdade, tínhamos ficado duas semanas lá, e durante esse tempo, eu não parava de pensar em Millie e em como ela estaria, era quase uma culpa atrasada depois de anos, por não ter me despedido por medo de não ser capaz de deixá-la. Eu a amei e seria um inferno ver seus olhos marejados pela dor de não poder me ver por tanto tempo assim.
       Algo dentro de mim estalou e voltei pra conversa.
       - Talvez devêssemos esperar uma temporada de estiagem. - disse Candace - Calpurnia está cheia de shows ainda, depois do fim dessa viagem extraordinária que está sendo... Não vejo descanso melhor.
       - Ela está certa. - me pronunciei - Não é um momento bom ainda.
       Candace sorriu satisfeita.
       - O que importa no final é que estamos aqui. - meu pai nos examinou um por um - Tenho uma nora perfeita, dois filhos muito bons e bem sucedidos e uma esposa maravilhosa. É a minha família.
       Voltamos a comer depois daquilo. De fato nossa família é quem estava ali, não tínhamos mais ligação com ninguém. O "resto" da família tinha se afastado depois que resolvi fazer uma audição e comecei a atuar, pra mim já era normal ser sempre meus pais e meu irmão, Candace agora só somava. Era a minha família e sempre seria e eu tinha orgulho disso.
       Candace ainda estava com aquela pulsação nervosa, coloquei minha mão sobre a sua e chamei sua atenção, enquanto meus pais e Nick se distraiam com outras coisas.
       - Por que está tão brava hoje? - falei baixinho.
       - Não estou tendo uma noite tão boa assim. - respondeu ela - Parece que o centro de tudo é a sua amiguinha, eu nunca apareço em nada.
       - Foi só um comentário, Candace. - dei de ombros - Que mal teve?
       - Seu cansaço imaginário e sua raivinha não contam? - ela me encarou - Eu vi como ficou quando sua mãe falou dela, mexe com você.
       - Claro que mexe. - confirmei - Ela era minha amiga.
       - Melhor amiga. - ela corrigiu uma segunda vez. 
- Essa noite tem de ser boa, por favor, é especial pra mim.
       - E tem algo na vida que eu não tenha feito por você?
       - E eu agradeço, de verdade. - apertei sua mão - Mas precisa permitir que eu faça por você também. Estamos juntos.
       Ela enfim apertou minha mão, com a pulsação mais lenta.
       - Não sei como, mas você sempre consegue me fisgar de volta.
       - Tenho meus métodos.
       Ela revirou os olhos e largou minha mão voltando a comer sua refeição. Fiz o mesmo, senão logo estaria fria.

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