Epílogo; Finn: "I'm coming in."

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       20 dias depois

       Entrei no carro depois de um suspiro, e com as mãos no volante, olhei pelo espelho retrovisor. Enquanto as malas eram postas pelo apoio no porta-malas.
       - Aqui, sr. Wolfhard. - ele me entregou as chaves.
       - Muito obrigada, Chris.
       - Por nada, sr.
       - Pode me chamar só de Finn, Chris. - olhei para ele sobre meus óculos escuros - Até a próxima, amigo.
       Comecei a dirigir no momento que meu telefone tocou. O atendi com um toque no visor sensorial.
       - Oi, Millie! - respondi.
       - Oi, Millie? - ela estava brava - Você está meia-hora atrasado, Finn Wolfhard!
       - Desculpa, eu passei por uma turbulência, está bem? - disse dramaticamente - Eu poderia ter morrido!
       - Credo! - exclamou ela - Não diga isso.
       - Estou indo para aí agora.
       - Ok. - respondeu ela - Pelo menos, me atendeu.
       - Não dava pra usar o telefone de dentro do avião.
       - Eu sei disso.
       - Ligou para os seus pais? - perguntei.
       - Sim. - falei - Eles vão. Está tudo certo?
       - Preciso ligar para o Gale. - respondi, sabendo que ela reclamaria - Preciso confirmar.
       - E não fez isso antes?! - ela bufou - Finn!
       - Não podemos perder esses afiliados, eu te expliquei. - e novamente estava o fazendo - Sem eles não temos patrocínio e se não temos patrocínio...
       - É fim de carreira e somos novos demais pra isso, foram 10 anos e só agora apareceu uma boa proposta e nós não podemos desperdiçar. - completou ela - Eu sei, Finn.
       - Ei, eu prometi, não prometi? - tentei acalma-la - Então, fique calma, vai dar certo. E o Noah?
       - Ele vai também. - respondeu ela animada.
       - Viu, tudo indo bem. - fui otimista - Agora, vou ligar para o Gale, não demoro mais de 20 minutos pra chegar aí, me ouviu?
       - Está bem. - ela consentiu.
       Desliguei e apertei novamente, iniciando a chamada.
       - Wolfhard! - ele parecia bem animado.
       - Pensou naquilo que eu te falei?
       - Olha, filho, conversei com eles. - disse ele - Não foi fácil convencê-los, mas eu sou demais, consegui, entramos em consenso de um ano livre, porém, já sabe que depois disso iremos trabalhar em um álbum novo. Tenha isso em mente.
       - Claro, claro! - assenti como um louco - Isso é ótimo, Gale, muito obrigado!
       - Você achou mesmo que eu ia deixar você perder essa garota de novo, Wolfhard? - ele riu - Aproveite as férias, rapaz!
       - Você também, meu velho!
       Desliguei novamente e enfim coloquei uma música pra tocar. Estava tocando My Kind Of Woman. Comecei a cantarolar, tinham sido 10 anos de muito barulho, agora pensar em ficar um ano sem nada parecia maluquice, mas na verdade era bom. A causa valia.

**

       Enfim, eu tinha chego. Parei o carro e buzinei.
       Millie apareceu na porta e abriu um sorriso enorme ao me ver de pé, ali na calçada. A fitei, ela vestia um vestido rosa que tinha ficado tão bem nela, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, tão arrumada e bonita.
       Antes que eu chegasse na metade do caminho da varanda de sua casa, ela já estava correndo e pulando em mim. A segurei tirando seus pés do chão.
       - Não acredito que está aqui. - seus braços estavam em volta do meu pescoço, eu sentia seus dedos em meu cabelo - Eu senti tanto a sua falta.
       - Mas não estava brava? - ri.
       - Cala a boca! - com isso ela segurou meu rosto e me beijou, enquanto eu a abraçava mais forte e a pousava de volta no chão.
       - Também senti sua falta, Mills. - encostei nossas testas - Mas agora, tenho uma notícia incrível!
       - O que? - perguntou ela, ainda com os braços sobre meus ombros.
       - Gale conversou com os afiliados e eles aceitaram o "recesso".
       - Por quanto tempo? - ela revirou os olhos - Mais duas semanas?
       - Não. - mordi meu lábio inferior sorrindo - Um ano!
Ela soltou um grito de felicidade e me abraçou novamente.
       - Isso é ótimo, Finnie!
       Quando finalmente nos largamos e nos olhamos, ela me chamou para entrar.
       - Ok, você que está antenada nas notícia, onde os Lankers estão? - indaguei me sentando no sofá, de frente para ela - Você sabe, não sabe?
       - Mas é claro! - ela pegou o telefone atrás dela e acendeu a tela, olhando para a mesma - Eles estão na Austrália, em Adelaide. Vão jogar contra os Sixers amanhã à noite.
       - Uau!
       - Sim, ele conseguiu. - ela assentiu - Eu estou muito orgulhosa dele!
       - Tenho certeza de que ele também se orgulha de você.. - acariciei sua bochecha - Eu te amo.
Seus olhos, até então tão serenos, se tensionaram, me aproximei e olhei em seus olhos.
       - Não precisa...
       - Eu também te amo. - ela sorriu.
       Sorri de volta e beijei sua testa.
       - Vamos, então, é isso mesmo que quer?
       Ela assentiu com um sorriso enorme. A ajudei com as malas que foram para o meu carro. E então, o telefone dela tocou.
       - É o Noah. - disse ela atendendo - Noah?
       Enquanto ela falava com ele, eu terminava de pô-las no carro. Depois que fechei o porta-malas, me encostei no carro com os óculos escuros já no rosto novamente, e esperei até que ela desligasse.
       - Algum problema? - perguntei.
       - Não. - negou ela - Ele ligou pra avisar que não vai conseguir ir hoje, porque a Júlia precisa terminar umas planilhas. Ela se dedica muito à arquitetura.
       - E você à cinedramaturgia.
       - E você à música. - disse ela com um sorriso - Calpurnia é uma grande banda, você arrasou na hora de escolher seus colegas de banda.
       - Sim, eles são muito bons.
       - Por que não os chamou pra vir?
       - Eles estavam muito cansados. - respondi a trazendo para perto de mim pela mão - Eu estou bem cansado também, a sorte é que eu posso dormir no avião, aliás são quase 17 horas de viagem.
       Millie assentiu.
       - Vamos. - abri a porta para ela e dei a volta no carro, entrando - Deixo você escolher a primeira música.
       Ela escolheu Feel It Still.
       - Boa escolha. - sorri pra ela - Pronta?
       Millie assentiu.
       - Pronto?
       Assenti como ela.
       - O que fazemos depois que voltarmos? - perguntou Millie.
       - Continuamos de onde paramos. - dei de ombros, mesmo sabendo que aquilo não era óbvio - Eu nunca mais vou te deixar.
       Segurei sua mão e deslizei os dedos pelo seu indicador, tocando o sensor. Logo, a música começou a tocar. Soltei sua mão e engatei a marcha. Depois disso, acelerei.

"Can't keep my hands to myself
Think I'll dust 'em off, put 'em back up on the shelf
In case my little baby girl is in need
Am I comin' outta left field

Ooh woo, I'm a rebel just for kicks, now
I've been feeling it since 1966, now
Might be over now, but I feel it still
Ooh woo, I'm a rebel just for kicks, now
Let me kick it like its 1986, now
Might be over now, but I feel it still."

True DisasterOnde histórias criam vida. Descubra agora