Finn: "It's not that bad."

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        Tinha sido uma noite agradável, depois que comemos todo o nosso estoque, nos sentamos na sala e Nick e eu tocamos e cantamos. Mesmo com Candace sentada no meu colo o resto da noite e cochilando nos meus braços, eu não tinha perdido o ânimo.
Candace acabou convencendo minha mãe a acompanha-la à galeria. Não demoraram e assim que chegaram já estávamos prontos para ir embora. Aqui estávamos agora, voltando para casa.
Nick não estava lendo desta vez, conversamos a viagem toda, enquanto Candace dormia com seu headphone rosa nas alturas.
- Acha que esta semana consigo mostrar minha música nova para o Gale? - perguntei ao Nick.
- Disse que estava quase pronta, não disse?
Assenti.
- Deixe-me vê-la.
Eu normalmente me sentia desconfortável mostrando minhas letras para as pessoas, até as mais próximas, era como se eu estivesse abrindo meu coração e revelando todos os meus segredos. Sei que já devia ter me acostumado depois de anos, mas aquela sensação de nudez sempre estava ali.
Abri minha mala e peguei meu caderno. O estendi para ele e o observei enquanto lia.
- Pelo amor de Deus, diga alguma coisa. - pedi.
Ele demorou um pouco mas disse:
- Está incrível, sério, mas... - ele fez uma pausa - Escreveu essa música para a Millie?
Olhei instintivamente para Candace, mas não houve nenhuma reação.
- Não! - arranquei meu caderno de suas mãos.
- Hey!
- Está louco?! - o encarei - Quer que o mundo exploda?
- Ora, não seja dramático!
- Candace iria pirar se ouvisse isso! - alertei - Mas não, não escrevi para ela.
- A letra está ótima, como eu já disse. - elogiou Nick - Mas quero ouvir a melodia.
- Está pronta. - disse a ele - Só tenho que finalizá-la, falta alguma coisa.
- Sempre falta alguma coisa! - suspirou ele.
Nos calamos por meio segundo.
- Vocês voltam amanhã, então? - indagou Nick.
- Sim ou o Gale me mata! - assenti - Ela não vê os pais há bastante tempo também, estamos juntos nessa, então...
- Estão mesmo?
- Mas é claro, Nick! - o adverti - Eu a amo.
Nick assentiu.
Novamente me calei, queria pensar um pouco. Nick estava certo sobre algo, eu tinha sempre que complicar as coisas. Felizmente, Candace não podia ouvir nossa conversa, o que me tranquilizou, não queria aborrecê-la com as tolices de Nick.
Escrever músicas para Millie Bobby Brown?! Por favor! Eu tinha me apaixonado há anos! Aquilo já tinha ficado no passado. Ainda assim, ficavam voltando flashes e eu continuava pensando sobre ela. Não sei bem dizer o que eu sentia à respeito neste momento. Eu não poderia estar tendo uma crise amorosa, poderia?

**

Estávamos todos à mesa. A viagem até Buenos Aires tinha sido mais cansativa ainda, mas era bom estar ali, além de Candace, haviam mais dois Belmount mais novos. Austin e Cory.
- Então. - era Rosa, mãe de Candace. - Como foram os últimos meses?
- Foram bons, mãe. - se pronunciou Candace, mesmo que a pergunta tivesse sido pra mim - Finn e eu estamos muito bem.
- E não se casaram ainda por quê? - perguntou o pai dela, desde que Candace se tornara minha namorada, eu tinha ganhado Kevin como sogro, a pior pessoa possível. - Se estão tão bem...
- Pai!
- Não, tudo bem Candace. - sinalizei para que ela ficasse calma - Estamos investindo em nossas próprias carreiras, K. Belmount, pretendemos nos casar no próximo ano.
Candace me olhou maravilhada.
- Mas você disse talvez.
- Não quero te enrolar, Candace, você mesma disse. - expliquei a ela - A não ser que tenha desistido.
- Não, não! - ela sorriu alegre - Na verdade, isso é ótimo, amor!
Eles pareciam satisfeitos agora.
- Candy vai se casar, Candy vai se casar! - Austin e Corry começaram a cantarolar.
De repente, me toquei do que havia feito. Era loucura mas agora os pais dela contavam com a filha já casada, mas a verdade é que eu não me imaginava casado com 26 anos.
Bebi o resto da taça de champanhe em uma golada, mas eu precisava mais do que aquela taça para me sentir melhor.

**

Me deitei na cama do quarto de hóspedes e comecei a pensar em várias formas de terminar aquela música. Nenhuma parecia se encaixar bem.
Candace enfim saíra do banheiro, já de pijama, e se deitou de bruços, assim como eu estava, do meu lado.
- Tem trabalhado muito nesta música! - exclamou ela com certa curiosidade - Posso ver?
- Claro que pode. - assenti, mas no fundo estava tenso - Esperava te mostrar pronta.
Ela rolou os olhos pela folha sem dizer uma palavra, só o fez quando terminou a última linha.
- É bonita! - e me devolveu a folha.
- Gostou mesmo?
Ela assentiu me olhando nos olhos.
- O que foi? - a encarei espantado.
- Ainda estou procurando entender por que mudou de ideia assim tão rápido. - ela examinou minha expressão - Quer mesmo se casar comigo, Finn?
- Candace. - fechei meu caderno e me sentei, a chamando para perto. Ela se sentou em minha frente. - Eu sei que foi algo inesperado pra você, pra mim também foi, só depois de pensar muito cheguei a esta decisão. Você esteve do meu lado desde o começo e me fez pensar sobre muitas coisas. Você me curou de muitas coisas. Sim, eu quero me casar com você, mas apenas se de fato você quiser.
- Eu quero. - ela pegou minhas mãos - Eu quero.
- Vamos esquecer desta música por hoje, vamos passar um tempo só nosso, juntos. Você quer?
Ela assentiu.
A beijei segurando seu rosto até a envolver completamente em meus braços. Havia algo estranhamente bom naquilo, era como se tudo estivesse voltando ao normal, mas eu sabia que mesmo com todas essas coisas boas acontecendo nada voltaria ao normal desde o dia que abandonei Millie e toda a vida que poderíamos ter tido juntos. Essa era minha vida agora. Candace, eu, Nick, os pais e os irmãos dela e os meus pais, éramos uma família. Eu tinha que seguir em frente e aceitar que não tinha mais volta. Era tarde para nós dois. 

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