Sunshine

18

Emoções não são sentimentos. Nunca podem ser confundidos. Emoções duram pouco; são causadas por coisas mais superficiais e instantaneamente. Sentimentos são complicados. Precisam de tempo e eles surgem com fatores mais decisivos. Mas por que eu estou sempre esquecendo o conceito dos dois? Sempre me confundo na hora de definir uma coisa, porque quando ela é uma, quero que seja a outra.

-Tudo bem? - Ray perguntou em meio ao som alto e cheiro de bebida alcoólica misturada com tabaco. Eu já não estava  100% sóbria tanto por causa do que bebi quanto por causa do cansaço. Ja não sei quantas horas fazem desde que cheguei aqui, mas já não aguento mais o salto. Eu não sabia se gritava de volta uma resposta "sim" ou apenas assentia com a cabeça. Mas não era uma pergunta a ser respondia. Ele continuou a falar antes da minha resposta.

-Você sumiu do nada. Eu voltei na sala pra te encontrar e o Sebastian disse que você tinha saído.

-É... Eu cansei de te esperar! Você disse que ia no bar, então eu vim pra cá e você não estava aqui.

-Eu já tinha voltado.- ele começou a rir com se tudo não passasse de um mal entendido. E realmente não foi mais do que um desencontro. Mas na minha cabeça confusa e cansada tudo isso junto mais a história que Sebastian havia contado, era mais do que um acaso.

-Tá bom. - tentando evitar mais conversa para não gerar discussão, me virei e tentei ir em direção a Nathasha que agora se encontrava sozinha. Mas Ray ainda queria entender o que foi que me deixou tão seca.

-Espera... - ele me segurou pelo braço e com um tom suave continuou. - será que podemos conversar a sós? Tranquilamente.

Eu olhei o condenando com o olhar. Na verdade nem sei porque, mas senti muita raiva. Eu mal soube mais da vida dele como achei que ia acontecer. Sentia uma agonia que não podia controlar e sabia que não tinha como resolver. Então, entendi que estava começando a descobrir o que é sentir ciúmes.

-Como pretende ficar a sós comigo aqui? - Eu perguntei virando o corpo de frente pra ele completamente. Eu sei que ele não pode evitar de descer os olhos pelo meu decote que estava bem abaixo de nós, mas era meio que isso que eu queria. Ele riu como quem tem um grande segredo pra contar.

- Vem comigo.

Me levou pra dentro de novo, mais uma vez passando pelo corredor com grandes pilastras. Ray segurava minha mão, passando pela casa com rapidez. Mal pude acompanhar a destreza com que ele desviava das pessoas e arranjava um canto pra passar. Novamente na sala de estar onde estava o Sebastian. Ele encarou nos dois de longe de forma ameaçadora. Ray não pareceu notar. Então ele fez sinal de brinde com o copo se segurava e deu mais um gole, mas não saiu do lugar. Outras pessoas principalmente garotas- tentavam parar o Ray para conversar, mas ele dispensou todas sem parar de andar nem por um segundo. Por sinceridade, admiti em meu interior que me senti especial por isso. Quantas pessoas deixam de lado os convidados de uma festa, para ficar com uma só pessoa? Por outro lado, estávamos chamando muita a atenção passando direto por tudo. Os populares parecem não entender porque Ray joga sua atenção em mim.

Comecei a ficar ainda mais perturbada quando ele me olhou de relance por cima do ombro, e subiu a grande escada do meio da sala pro segundo andar. Era um amplo e escuro corredor que dobravam de ambos os lados, tornando impossível ver um final. Paredes escuras e portas claras, porem todas fechadas. No topo da escada, entre duas paralelas que levavam ao terceiro andar, existe uma janela francesa que tornava possível a visão dos fundos da casa. Infelizmente para mim, não consegui parar para observar nenhum detalhe, pois Ray parece com pressa de me levar a algum lugar. Porem subitamente de frente pra outra escada, parou ainda de costas.

-...Podemos ir pra piscina ou pro meu quarto. - Virou ficando com o corpo colado no meu. -Pra onde madame? - perguntou sussurrando apesar de não ter ninguém para ouvi-lo.