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Assim que entramos, Ray trancou a porta. Apertou um dos botões ao lado da mesma que acendeu uns três abajures espalhadas no quarto deixando tudo claro o suficiente pra se enxergar mas sem tirar o escuro por completo. Eu não sei como foi que o que deveria ser uma noite de respostas pras minhas perguntas, se tornou novamente na tentação de estar a sós com esse homem. Eu fiquei parada de pé olhando pra cama dele. Ray não se mexeu atrás de mim. Eu agora não consigo não cogitar que isso tudo foi um plano pra me trazer de volta pra cá. Mas isso seria demais até mesmo pra ele.

-Você não acha que seria melhor você ficar pro jantar? - eu soltei de repente. - eu acho que posso ficar aqui sozinha. Assim seus pais não iriam ficar chateados nem nada do gênero.

-Não posso te deixar sozinha. Eu não sei o que está acontecendo, então prefiro me assegurar que você está bem.

-Eu não sou uma criança, Ray. - eu disse sorrindo sem ele ver, mas ele veio andando pra perto de mim. - e o que poderia acontecer comigo aqui?

-Eu não sei. - ele soltou suspirando mais uma vez. - mas sei que comigo aqui podem acontecer menos coisas. - ele andou até a um sofá que fica num canto com uma mesa de centro logo em frente. Sentou jogando os pés na mesa e apenas continuou olhando pra mim que continuei parada.

-Sabe uma coisa engraçada? - ele olhou pra mim com curiosidade. - qualquer garota na minha situação estaria nervosa por estar sozinha com você, mas eu só consigo pensar na sua mãe. - Ray levantou as sobrancelhas e soltou um risada gostosa.

-Você definitivamente se superou agora. - ele passou a mão sobre o peito. - isso chega a ferir meus sentimentos. Estou sendo trocado pela minha mãe? - eu andei até ele inclinando o corpo pra frente.

-Bem, eu diria que você está sendo adiado. Trocado é uma palavra muito forte. - eu sorri mas ele manteve os lábios fechados agora e me olhou com ternura.

-Vem cá. - Ray pegou minha mão depois de mais alguns segundos. Colocou de volta os pés no chão e me puxou pra perto. Eu me mantive em pé. Ele acariciou minhas pernas com as palmas quentes das mãos. Depois aproximou o rosto em direção a minha coxa e começou a me beijar bem devagar. Eu apoiei as mãos nos ombros dele pra não perder o equilíbrio e acabei tendo muito que controlar o riso com a sensação boa de tê-lo me acariciando assim. De uma perna a outra, as vezes mais a cima e outra vezes mais a baixo, ele foi me despertando com beijos até a barra do meu vestido. Levantou um pouco e mais uma mordida ali. Mas eu empurrei a cabeça dele pra longe de mim. Não consigo pensar em nada direito, só quero acabar com essa situação. Ele levantou as mãos se rendendo pra mim. Eu sentei ao seu lado.

-Você tem que ficar calma. - Ray colocou a cabeça no meu ombro. - as coisas não vão se resolver da noite pro dia.

-Quem me dera. Eu quero só descansar sem pensar que tem algo errado comigo. - eu esfreguei os olhos. Ele voltou a olhar mim.

-Não tem nada de errado com você.

-Você não tem como saber disso. - eu disse mais seria do que pretendia. - a gente não sabe o que está acontecendo e nem até onde sua mãe pode estar envolvida nisso.

Ray não me respondeu. Eu acredito que não exista nada a mais que ele possa dizer. Mal sabe o que a própria mãe fazia antes de ter essa família, então não o culpo por não se posicionar. Eu segui em direção a sua boca. Selei nossos lábios. Em poucos milésimos eu estava montada em Ray com suas mãos percorrendo meu corpo e me pressionando em seu peitoral. Ele é inebriante. Eu sinto seu gosto de menta e tabaco mais uma vez e imagino que eu nunca conseguira esquecer como é. Que eu nunca vá conseguir supera-lo se um dia eu precisar fazer isso. Não vou conseguir passar por cima de Ray nem mesmo se ele fosse meu inimigo. Isso me assusta. Me aflige.

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