Sentia-se mal como se um reboliço no estomago fosse o fazer vomitar a qualquer minuto. A casa a essa altura já tinha se acalmado, mas o clima denso ainda pairava em todo o ambiente.
Seus amigos se despediram com as costumeiras palavras de alívio e conforto, deixando-o, numa situação entre a complacência e o então enjôo, talvez por estar cansado de escutar as mesmas sentenças quando se tratava dessa situação.
A matéria no jornal televisivo continuou a chamar a atenção de uma grande audiência, inclusive a casa de Luke, descrente da novidade. Havia sido a melhor notícia até então para todos eles. Andrew continuava em seu canto, terminando de tragar o cigarro, enquanto Ben tentava acalmar Jack, aos prantos.
Parecia quase como um sonho. As imagens diante do loiro eram turvas, desconexas. Apesar de compreender bem o que se dizia, não era fácil acreditar que um dos momentos de maior tormenta na vida de todos em sua família tinha acabado – e graças a Michael...
O enjôo tornou a reclamar na barriga, forçando-o a subir as escadas até o banheiro. Ninguém criticou, nem comentou nada sobre sua saída repentina, sabiam que dentre eles, Luke era o mais sensível em relação a morte da mãe.
Ajoelhado frente ao azulejo branco, Luke tentava por o que o incomodava para fora, mas nada saía. Puxou a vontade de dentro da garganta, mas nada a não ser algumas tosses roucas ecoavam no cômodo. Foi para trás recostando-se na parece e pôs a mão sobre a testa escorregando-a até os olhos. Desceu aos poucos esfregando as costas no mármore frio até sentar-se no chão com a cabeça entre os joelhos, batendo-a de leve repetidas vezes como se tentasse pensar em algo que fizesse sentido em toda essa história.
Há mais de três semanas as investigações tinham começo. Na mesma época em que Michael viajara. Não, isso não era importante agora. Foi por causa dele que o caso tinha sido reaberto, porque ele quis ajudar de alguma forma, o assassino de sua mãe encontrava-se preso, finalmente.
Mas a questão martelando inquietante em sua mente conforme batia a cabeça no osso dos joelhos era: por quê?
Se ele quisesse aproveitar-se de alguma forma dessa atitude até então altruísta teria falado de imediato o que fizera. No entanto, pelo contrário: nem se quer se deu ao trabalho de abrir a boca sobre o assunto, aliás, nem ao menos sabia que Michael era capaz disso até pouco tempo, quando soube da sua empresa.
A ânsia de vomito voltara, mas ignorou-a. Parou de bater a cabeça para apoiá-la na parede jogando-a para trás. Podia entender melhor as razões de Michael querer manter segredo de grande parte de sua vida – apesar de não concordar com isso – mas essa última “novidade” não lhe descia.
Para piorar a situação, num estalo, os pensamentos aleatórios em confusão nesse momento lembraram-no dos minutos antes de descer as escadas para a sala o que havia feito com Louis em seu quarto. Cerrou os dentes socando o chão com força e sentindo as juntas dos dedos arderem devido ao impacto. Não era culpa dele, nem um pouco. Na verdade quem tinha dado uma mancada terrível havia sido Luke. Primeiro, aproveitou-se dele por estar se sentindo mal o puxando do nada para aquele beijo, e depois, para fuder com tudo de vez, pensara em Michael enquanto o fazia e tinha falado...
O que tinha falado mesmo?! Perguntou-se arregalando os olhos, e até mesmo esquecendo-se da dor na mão. Arfou respirando acelerado com a súbita revelação que fazia a si mesmo: “eu te amo” – repetiu mentalmente as palavras.
Os pulmões fecharam-se o deixando paralisado por um bom tempo. Quando dissera, quando se dera conta desses sentimentos, era a imagem de Michael projetada na sua frente que o fizera abrir a boca, o deixando absorto.
Não sentia as pernas ou os dedos das mãos. Tudo estava ficando dormente aos poucos, e apesar da sensação de medo trazida por isso, no mesmo instante, uma paz interior apossava-se dele, como se pela primeira desde o início de toda essa história tivesse certeza de algo. Como se finalmente pudesse encarar Michael sabendo o que esperava em retorno dele, e o que queria lhe dizer sem pestanejar, sem importar-se com as consequências.
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Lucky Cat • Muke • Larry
FanficEra fim da noite, Luke chegava em casa como de costume, preparando-se para um novo ano na faculdade. Até encontrar em meio a sujeira da cidade um gato branco perdido... °•○* Esta fanfic não me pertence *○•°