Cartas De Uma Estrela

Consequências

Terras desconhecidas, 6 de março de 2017

Querido Marco,
Desde ontem ando a pensar na minha saída da Terra, de como me foi tão difícil mas igualmente difícil vir-me embora (pode soar estranho, mas penso que é a verdade). Fácil, talvez por não ter que te ver com a Jackie e não apaixonado por mim. Difícil pois deixei-te, deixei a Janna, deixei a minha verdadeira casa, deixei a Terra...
Também me ando a sentir (ainda mais) estranha, mais triste. Provavelmente é devido à morte do meu pai. Quando acordo e me vejo ao espelho, apenas consigo ver verdadeiramente os meus problemas, os meus problemas com confiança. Depois, olho à minha volta e lá estão eles: os lenços usados que tentaram parar um mar de lágrimas e o copo estilhaçado no meio do chão. Eu mesma o parti, por causa da raiva e da tristeza do que aconteceu ao meu pai.
Eu não me sinto mais a mesma. As almofadas estão espalhadas pela cama, que agora pertence a uma Star totalmente desconhecida, enquanto  ouço vozes que ecoam na minha cabeça. Segredos guardados. Sangue que escorre pelas minhas mãos, fi-lo com o copo que parti. Marco, por favor, para o sangue. Até estou mais magra, deixei de comer, perdi o apetite. Sabes porquê?
Porque amar-te causa-me mil e uma sensações diferentes. Amar-te foi juvenil, selvagem e livre. Amar-te foi bom, quente e doce. Amar-te foi como a luz do sol, foi estar sã e salva, foi estar num lugar seguro para baixar a minha guarda.
Mas... Amar-te teve consequências.
Agora, amar-te é idiota, obscuro e sem valor. Amar-te magoa-me. Amar-te foi como a luz do sol, mas veio uma tempestade. E então perdi muito mais que os meus sentidos.
Perdi a alegria, perdi o calor que tinha no peito, perdi os meus sentimentos. Era só eu quem amava. Tu estavas com ela. Eu perdi tudo, literalmente. Mas tu não tens culpa, não te preocupes.
Mas ainda assim... Amar-te teve consequências.

             Com amor,
                                          Star Butterfly