Era domingo. O céu estava recoberto por um tom pálido de cinza e a chuva rebatia impiedosa nos vitrais coloridos da igreja, sendo abafada pelo canto dos idosos e senhoras que, em seus melhores vestidos, preenchiam os bancos de madeira em tom de tabaco adornados por enfeites arabescos de metal dourado em suas laterais. Gerard não seguia a letra da música impressa no panfleto em suas mãos e não havia sido capaz de prestar atenção em uma única palavra que havia sido dita no altar. Não estava distraído, mas sim preso no mesmo tipo de foco que um caçador faminto mantém quando a presa certa está diante do cano de sua arma.
O que preenchia seus sentidos não era somente uma vontade carnal, pecaminosa e suja em cada detalhe, mas sim, paixão. Um desejo que queimava em seu âmago e parecia aumentar a cada vez que o diácono - sentado em uma das cadeiras revestidas por veludo bordô no canto do altar - lhe observava de soslaio. Gerard sequer tentava mudar o foco do olhar ou fingir que não havia sido pego no flagra; Aquilo era forte demais para que pudesse lutar contra. E, mesmo que tivesse a chance, jamais negaria o sentimento que se propagava dentro de si e fazia o homem de vinte e oito anos sentir-se no colegial outra vez.
O diácono Frank havia observado-lhe pela quinta vez naquela missa dominical e, no instante em que ele se levantou e seguiu pela lateral do altar, Gerard também colocou-se de pé. Tanto o padre, quanto os dois diáconos que lhe seguiam, desceram as escadas de mármore escuro em passos lentos para conversar com os fiéis que costumavam ficar na igreja por um tempo um pouco maior do que a missa exigia.
Gerard arrastou os dedos pálidos entre os fios de cabelo vermelho, sorrindo na direção alheia antes de curvar-se minimamente.
– A sua benção. – Deixou que os cantos dos lábios se elevassem num sorriso tingido por um pouco de maldade, segurando a mão de Frank entre as suas.
– Gerard. – A doçura evidente no sorriso de Frank fez o coração do ruivo acelerar de uma forma que, por instantes, ele achou que todos em volta conseguiam ouvir cada batida. – Espero que tenha gostado da missa de hoje.
– Foi incrível, foi lindo. Eu nunca me senti tão... Entregue.
Burro. Odiava pensar que Frank era burro, mas não havia outra explicação além de uma lerdeza excepcional unida a falta de maldade em seu coração que conhecia tão pouco além daquilo que a igreja havia lhe ensinado.
Diferente do diácono, Brandon, o padre, já havia notado algo de estranho no interesse afoito que o ruivo mantinha pela igreja. Era como se o maldito conseguisse farejar no ar cada vez que Gerard imaginava Frank complemente nu ou pensava se conseguiriam transar em um daqueles bancos. Porra, eram desconfortáveis como o inferno, mas se fosse para rebolar em cima de Frank, Gerard daria um jeito.
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Sinner - Frerard
FanfictionDe todas as merdas que Gerard já pensou que poderia fazer, se apaixonar por um padre jamais esteve na lista. {sin·ner - Pecador. Pessoa que transgride as leis divinas com atos ou pensamentos imorais. (Não há intenção de ofender ou desrespeitar qualq...