Capítulo 9

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– É bom tê-lo perto outra vez. – Frank dobrou o suéter cinza antes de colocá-lo na mala aberta sobre a cama. – John é como um pai para mim. É bom ter Bob por perto, Brandon... Mas nenhum dos dois conseguia suprir a falta que eu sentia dele. Você deve sentir muita saudade dos seus pais, não?

O moreno desviou o olhar das roupas espalhadas sobre a cama para observar Gerard que demorou tempo demais para lhe responder.

– Desculpa, Frank. Eu me distraí. – Sorriu culpado, puxando uma das camisetas antes de a dobrar.

– Se distraiu pensando em quê? – O diácono sorriu sem maldade, empurrando a mala para o canto antes de sentar-se ao lado do ruivo.

– Em como o tempo resolve tudo. Cura, molda, acalma. Há uns dias atrás eu estava desesperado com medo que você não fosse comigo para Nova Yorque e agora... – Indiciou com as roupas alheias. – Nós estamos fazendo a sua mala.

– Com John aqui as coisas são diferentes. – Diante da segurança que a porta fechada o trazia, Frank buscou os dedos alheios, segurando a mão do mais velho entre as próprias, beijando-lhe o rosto.

– Eu percebi. – Riu, roubando um selar dos lábios alheios. – Antes eu mal podia passar aqui na frente e agora... Estou no seu quarto. Certo, eu já estive aqui antes mas precisei entrar pela sacada e, acredite, eu já não tenho mais idade para esse tipo de coi...

O menor praticamente pulou de susto quando a porta se abriu, soltando a mão alheia antes de moldar o rosto em um sorriso nervoso.

– Padre John. – Foi Gerard quem quebrou o silêncio entre os três, sabendo que a voz de Frank iria vacilar se ele tentasse falar.

– Acho que nunca fomos apresentados como deveríamos, certo? – O senhor sorriu e Gerard conseguia sentir a sinceridade bondoso em seu olhar. – Gerard, certo?

– Gerard. –  O ruivo levantou e lhe estendeu a mão, não escondendo a expressão surpresa quando foi puxado para um abraço.

– É um prazer lhe conhecer, de fato. – O soltou do abraço mas manteve os ombros alheios entre as mãos, estudando o rosto dele com cuidado. – Frank falou tão bem de você. E qualquer coisa que ele tenha dito sobre quando eu o deixava de castigo, saiba que eu sempre agi de forma justa.

Os dois olharam para Frank no mesmo instante. O diácono sentiu as bochechas esquentarem, arrancando um riso frouxo dos dois homens que lhe observavam.

– Só ouvi elogios ao seu respeito, Padre John. E percebo que tudo o que me foi dito sobre sua bondade, era sincero.

– Tão educado quanto Elizabeth. Os Way nunca falharam nesse ponto. –  Gerard sorriu. Queria ter dito que talvez, em algum momento, ele teria sido o único de sua família que falhou em algo, mas o padre se afastou sem mudar a expressão tranquila que carregava. – Deixa eu voltar lá pra baixo antes que Elizabeth venha atrás para saber se não estou maltratando o neto preferido dela.

Gerard, dessa vez, riu. O padre acenou para Frank antes de sair do quarto, encostando a porta atrás de si.

– Eu gosto dele. – O ruivo puxou o mais novo em seus braços, beijando-o outra vez.

– Com ele aqui, Brandon não é mais quem dá a última palavra, então...

– Então podemos transar na sua cama?

Não foi respondido. Apenas recebeu um tapa sem força no braço e outro beijo em seu rosto antes que Frank se afastasse. Observou enquanto ele revisava se havia pego tudo e se ofereceu para carregar a pequena mala até o andar de baixo, mas Frank negou. Desceram as escadas conversando animados, silenciando no instante em que entraram Brandon tomando chá ao lado de Elizabeth enquanto conversava com Padre John.

Sinner - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora