Capítulo 8

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– Alô?

– Gerard, o Frank tá aí?

– Jared, por que voc...

– Porra! Ele tá aí ou não?

– Sim, eu tô olhando pra ele na minha frent...

– Não deixe ele sair do seu lado até que eu te ligue de novo.

E, da mesma forma impetuosa que a ligação se iniciou, foi finalizada, deixando o ruivo parado no meio da sala sem saber o que estava acontecendo.

Frank não demorou para voltar da cozinha; Trazia os copos de chá gelado próximos, equilibrando um prato com panquecas em ambos os pulsos. Gerard não sabia como ele havia conseguido a proeza de chegar na sala sem que tudo fosse parar no chão.

– Chá?

– E panquecas com manteiga de amendoim. - Frank sorriu orgulhoso diante do café da manhã tardio que havia preparado. – Está tudo bem? – Indicou o celular que Gerard continuava segurando, arrancando um suspiro do mais velho.

– Era Jared. – Sabia que Frank ainda não ficava completamente confortável sobre o investigador, mas não iria mentir para ele. – Perguntou de você, pediu para que eu fique contigo. – Deu ombros, sentando no sofá antes de inclinar-se na direção da mesa de centro para começar a comer.

Frank deixou que o silêncio reinasse soberano enquanto desfrutavam do desjejum juntos. Não era algo incômodo, pelo contrário; Gerard aproveitava a distração de Frank com a programação de desenhos matinais para admirar os detalhes de seu rosto. Era como se cada homem que conheceu antes tivesse desaparecido de sua memória e somente os traços jovens do mais novo estivessem ali.

                                                                                        sin·ner

– Pensou na minha proposta? – Prendeu os fios ruivos atrás da orelha ao que falou, baixando o olhar por instantes antes de voltar a observar o futuro padre. Pouco mais de uma semana após as agressões, o inchaço nos olhos e nariz já havia desaparecido quase por completo, deixando somente algumas marcas arroxeadas para trás.

Mas isso não o tornava menos atrativo para Iero.

– Você sabe que eu não posso fazer isso... Deixar tudo para trás, abandonar meu compromisso com Deus para seguir um... – Dessa vez, o silêncio era desconfortável. Gerard não sabia se gostaria do que Frank iria falar, mas precisava saber quais palavras rolariam para fora dos lábios daquele que tanto amava e precisava.

– Um o quê, Frank?

– Eu te amo, Gerard. Eu te amo de uma forma que chega a doer porque o único amor que eu já conheci em toda a minha vida é aquele que li nas página da bíblia. Esse amor que aprendi antes nunca iria me deixar para trás ou me machucar mas o seu pode fazer isso e eu tenho medo. Medo de você desistir, cansar. Medo que eu me arrependa de deixar tudo isso aqui para trás e descobrir que, como Brandon sempre falou, meu destino é unicamente servir a Deus. Eu me preparei a vida toda para isso. – Nesse ponto, as lágrimas grossas já rolavam pelo rosto de Frank e, por mais que Gerard quisesse simplesmente o segurar em seus braços, sabia que não deveria fazer aquilo. Precisava deixá-lo falar, queria o entender e resolver aquilo. – Talvez essa seja a vontade Dele. Eu nasci e fui deixado em uma igreja. Eu fui escolhido para estar lá, para ser preparado para servir.

– Eu te faço feliz? - Gerard cruzou os braços, temendo a resposta alheia.

– Sim. Muito. Quando eu estou contigo esqueço o mundo lá fora e, quando estou longe, só penso em te ver de novo. – Respondeu baixo, cortado pela própria respiração que acelerava por conta do choro.

Sinner - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora