Capítulo 11

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     – Você realmente acha que pode matar alguém segurando uma arma com um lenço? – Eric pronunciou as palavras com calma enquanto entrava no quarto, observando o sobrinho ao perceber que ele não lhe daria uma resposta verbal. O olhar de pouco caso que Brandon o direcionava era mais do que suficiente. – Se for fazer algo, ao menos faça direito. – O homem jogou o par de luvas de couro fino na direção alheia, acertando-o propositalmente no rosto. – Você sabe que não está seguro lá, eu não tenho influência nenhuma naquela cidade. Deveria sair de lá o quanto antes.

     – Frank, tio. Frank. – Brandon escorregou a mão esquerda dentro da luva, fechando e abrindo os dedos para se acostumar com a sensação. – Ainda não é hora de trazê-lo para cá. – Brandon vestiu a outra luva antes de pegar a arma outra vez, apontando-a na direção do rosto alheio, o que lhe arrancou uma risada sincera.

     – Por Deus, Brandon! Tudo o que você é, você deve a mim. Acha mesmo que consegue me intimidar? Pare de ser idiota e me diga, quando você vai concluir tudo? – O homem mais velho manteve a postura enquanto tateava o bolso interno do paletó em busca do maço de cigarros.

     – Logo. Dezembro, provavelmente. – Brandon abaixou o revólver enquanto o tio acendia o cigarro, jogando o maço quase vazio e o isqueiro na direção alheia. – Um imprevisto apareceu, mas eu vou cuidar disso. – O olhar presunçoso desceu até o revólver enquanto os dedos magros puxavam um cigarro para fora, segurando-o entre os lábios antes de acender. 

     – Ele te pertence, não esqueça disso. – Eric pronunciou as palavras em meio a fumaça densa, observando a expressão alheia se iluminar.

     – Eu sei. E nada vai mudar isso. Nada e nem ninguém. – Brandon jogou as costas contra o colchão macio, fechando os olhos enquanto deixava os lábios exibirem um sorriso sincero. 

     Acreditava cegamente naquilo e sentia-se grato ao tio por ter aberto seus olhos para o fato de que Frank havia nascido para ser seu, não importando o quanto tivesse que esperar. Eric tinha idade para ser seu pai e, praticamente, era como se fosse. Os progenitores nunca lhe deram muita atenção, sequer carinho ou cuidado, mas Eric fora diferente. A única forma de amor que havia conhecido dentro de sua família apareceu para ele quando tinha quinze anos, carregado com todo o domínio que tinha na cidade e mais dinheiro do que Brandon era capaz de imaginar.

     Sabia que seu tio continuava parado diante de si, mas não se importava. Era como se conseguisse sentir os olhos acinzentados pesando sobre si, tal como se o mais velho estivesse se perguntando se Brandon realmente era capaz de fazer aquilo sem acabar sendo pego. 

     Eric Roberts era um homem inteligente, aquele que havia ensinado Brandon como enganar a qualquer um para que suas verdadeiras intenções não fossem notadas. Carregava em si uma frieza que não parecia ser capaz de pertencer a um ser humano e isso era algo que nem mesmo seu sobrinho conseguia perceber. Na verdade, Brandon sequer notava que, para Eric, ele era apenas mais uma peça em seu jogo.

     Uma peça importante, mas descartável. 

                                           sin·ner

     Amar Frank era fácil, quase viciante. Gerard sabia que tudo acontecera rápido para os olhos alheios, mas não havia outra possibilidade para si; Jamais deixaria escapar a única chance que já teve de ser completamente feliz. 

     – Meu pai acha que não devemos ficar juntos. – O ruivo pronunciou num único fôlego enquanto ajudava Frank a dar o nó em sua gravata borboleta. Tê-lo tão próximo era algo que continuava a bagunçar seus pensamentos da forma mais doce possível, afinal, era difícil se concentrar sabendo que poderia lhe beijar a qualquer instante. 

Sinner - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora