Sinner - Frerard

Capítulo 5

Uma semana se passou e Gerard não viu Brandon entrar algemado em um carro da polícia. Na verdade, nada parecia ter mudado. Era como se a cidade continuasse cega ao encanto estoico do padre e ignorasse o fato que um investigador costumava percorrer as casas da vizinhança onde o padre costumava morar parar fazer perguntas sobre a vida dele com a esposa. Brandon, após começar a viver uma vida celibatária, havia realizado dezenas de casamentos, batismo e crismado mais jovens do que se lembrava e isso parecia dar a ele uma carta branca para ser o filha da puta que quisesse ser sem que ninguém desconfiasse. Gerard, entretanto, tinha certeza que ninguém era acusado de assinato por nada.

Way nunca havia falado com Jared. Foi completamente ignorado no dia em que o investigador ouviu os dois diáconos e o padre em particular, notando o olhar de pouco caso direcionado para si quando o homem lembrou quem ele era. Não sabia absolutamente nada sobre ele ou a vida dele, mas notava o mesmo ódio por Brandon, o desejo inegável por derrubar de uma vez por todas aquela máscara de bondade que ele exibia para todos.

Entrou pela porta da delegacia sem cerimônia ou convite, ignorando a surpresa por descobrir que aquela cidade possuía um prédio de três andares onde o lugar estava instalado. Logo viu Jared com o quadril encostado contra um mesa que parecia ser da recepção do lugar, tendo as mãos e a atenção ocupadas pelos papéis que estava lendo que pareciam lhe frustrar cada vez mais. Way pigarreou, chamando a atenção do homem de fios longos e do policial levemente acima do peso que, sentado na cadeira, observou-o firmemente por trás da xícara de café que bebericava.

– A que devo a honra da visita do príncipe do pó?

A fala de Jared fez Gerard encolher os ombros. Há muito tempo ninguém o chamava pelo nome maldoso que o maior jornal do pais usou para se referir a ele quando foi encontrado desacordado no próprio apartamento após uma overdose de cocaína. Tudo estava sob controle até o momento em que suas fotos no hospital vazaram, para a alegria da parte mais suja da imprensa. O enfermeiro responsável foi demitido, mas era Gerard quem carregava as marcas daquilo. As memórias pesavam em seus ombros mais uma vez e, por segundos, ele quis abandonar aquele lugar e se esconder em qualquer bar por aí, afundando-se no álcool junto de todos os fantasmas que pareciam lhe perseguir.

– Eu quero falar com você... Em particular. – O oficial da lei que tinhas as bochechas salientes por estar acima do peso continuava pálido. Ele olhava para Gerard como quem vê um fantasma desde o instante em que ouviu como Jared o chamou.

– Certo... Ed, você sabe onde me encontrar. Qualquer coisa me chame ou dê um tiro para cima. – Os dois riram, mas o ruivo seguiu em silêncio até a outra sala.

Assim que adentraram o novo ambiente, Gerard não evitou de observar todo o lugar e, oh, aquilo era exatamente como nos seriados policiais que costumava assistir durante a madrugada quando era adolescente. O olhar atento percorreu cada tanto e, no instante em que achou as algemas sobre a mesa, imaginou como seria usá-las para prender Frank na cabeceira da cama. Controlaria toda a situação enquanto os lábios afundavam no pau dele e iria parar quando ele estivesse perto do gozar, passando a cavalgar nele até que fosse preenchido outra vez com o prazer alheio.

A simples ideia foi o suficiente para fazê-lo esquecer de qualquer pensamento ruim, estampando um sorriso bobo em seu rosto enquanto Jared o observava sem muito interesse.

– Afinal, o que você quer?

– Eu quero saber o que tornou o Brandon um suspeito, o que fez vocês reabrirem o caso?

– Way, olha... – Arrastou a mão pela testa, estressado. – Isso aqui não é a sua vidinha de rei em Nova York. Não é um filme. Meu trabalho envolve a vida e o destino de várias pessoas, gente demais para que eu perca meu tempo aguentando esse tipo de coisa, aguentando gente como você. Você sabe o que a palavra sigilo significa ou vai me pedir para sentar aqui e analisar o caso no meu lugar?