Tom acordou sem abrir os olhos. Sua cabeça doía e ainda girava um pouco. Esforçou-se muito para lembrar da noite passada. Ele havia ido ao bar. Um bar que Jacob havia escolhido para que eles comemorassem a chegada de Harrison nos Estados Unidos, onde ele ficaria para se tornar o assistente pessoal de Tom.
Ele havia bebido. Muito. Além do que estava acostumado. E claro que, nos EUA, ele ainda não tinha idade para beber, apenas vinte anos. Mas ei, o que dinheiro não fazia, certo? Ele tinha entrado no bar sem nenhum dificuldade. E bebido com menos dificuldade ainda.
Tom finalmente abriu os olhos, fazendo um barulho engraçado ao se espreguiçar. A primeira coisa que percebeu foi que não estava em seu alojamento. Torceu com todas as suas forças para não estar na casa de um desconhecido; ele nunca havia passado por aquela situação e honestamente não queria começar agora. Levantou-se da cama que estava, percebendo que a "cama" na verdade era só um colchão no chão. Ok, provavelmente ele não estava na casa de um desconhecido. Não daquele tipo de desconhecido, pelo menos.
Apenas uma checada ao redor lhe permitiu reconhecer a casa de Jacob, assim como Harrison deitado em um colchão não tão distante do dele, a boca aberta permitindo-lhe roncar baixo.
Tom sentia o estômago muito, muito estranho. Ele tinha alguma certeza de que havia misturado muitos tipos de bebidas. Não se lembrava de muitas partes da noite, para ser sincero. Ele sabia que havia se divertido muito, mas isso era inevitável, afinal seus dois melhores amigos estavam com ele – o melhor amigo dos Estados Unidos e o melhor amigo... Da vida. Não tinha melhor forma de classificar Harrison.
Caminhando com cuidado para não fazer barulho e acordar Harrison, Tom foi até a cozinha. Ele havia acabado de perceber que estava com muita, muita sede mesmo. Pegou um copo e encheu d'água três vezes seguidas, tomando todo o conteúdo em um ou dois goles, deixando um pouco do líquido escorrer e molhar sua blusa.
Apenas quando estava voltando para o colchão – porque ele totalmente ia dormir muito mais – ele encontrou o próprio celular jogado no sofá. Pegou o aparelho, vendo que possuía apenas 32% de bateria, mas mesmo assim o desbloqueou, abrindo instantaneamente o Instagram. Entrou nos próprios stories, vendo alguns dos vídeos que havia gravado na noite anterior.
Meu.
Deus.
Tudo bem, ele ia sobreviver a isso. Tomar um esporro de alguém? Talvez, mas sobreviveria.
Foi apenas quando ele estava prestes a bloquear novamente o celular e se render ao sono que Tom percebeu uma notificação incomum. Skype. Que? Ele nem usava o Skype. Abriu o aplicativo, vendo que "Helena Resende" havia mandado uma solicitação de amizade. Era amizade que falava no Skype? Tanto faz. Tudo bem, ele sabia quem era Helena Resende, claro. Mas como ela havia descoberto seu Skype?
Em menos de um segundo ele havia aberto o Twitter. Se, na noite anteriror, havia acontecido alguma coisa, só poderia ter sido pelo Twitter. Era o único meio pelo qual eles conversavam. Por isso Tom nem se deixou olhar mto a timeline, indo direto para as DM.
E então ele viu.
As mensagens.
Todas elas.
Que eram muitas.
Mesmo.
Que merda, o ele tinha bebido, absinto? Não era possível.
"Puta merda." ele digitou rapidamente e enviou para Helena. Ele precisava pedir desculpas.
"Você tá vivo! Ótima notícia!" e uma carinha sorrindo do lado, porque Helena realmente parecia ser uma ótima pessoa. Se uma pessoa enchesse tanto o saco de Tom da maneira que ele havia feito com Helena, ele nunca mais falaria com a pessoa. Sério.
"Sim, e envergonhado. Como você não quer me matar?"
"Por que eu iria te matar? Por que você bêbado me mandou muita mensagem engraçada?"
"Foi vergonhoso."
"Tom, eu paguei muitos dinheiros só pra te conhecer. Receber mensagens suas não é exatamente algo que me faça sofrer."
— Tom? — a voz ainda sonolenta de Harrison fez com que ele desgrudasse os olhos da tela do celular, vendo o amigo sentar-se lentamente. — O que 'tá acontecendo?
— Bom dia. — Tom riu para o amigo, que agora coçava os olhos e bagunçava ainda mais os próprios cabelos. — Nada está acontecendo. 'To só conversando com a Lena.
— De novo essa Lena? Ela te adicionou no Skype?
— Adici... Espera, quê? — Tom balançou a cabeça, sentindo-se levemente confuso. — Como você sabe disso?
— Ué. — Harrison balançou os ombros, se levantando do colchão e indo se sentar ao lado de Tom. — Ontem você não calava a boca sobre ela. Aí eu falei que você deveria conversar com ela pelo facetime porque eu também queria conhecê-la. Só que aparentemente ela tem Android e sobrou só a opção Skype. Olha só como eu sou bom com resumos.
— Eu não acredito que te deixei me convencer a fazer isso! — Tom deu um soco realmente forte no braço de Harrison, recebendo de volta um tão forte quanto.
— Qual o problema? Eu só queria conhecer a menina que você e o J. tanto falam.
"Tom? Ainda tá aí?"
Tom leu a mensagem de Helena, suspirando. Depois se virou para Harrison, dando outro soco no amigo. Ele queria matá-lo. Poucas vezes ele havia sentido tanta vergonha quanto naquele momento, e ele juraria até o fim de sua vida que era tudo culpa apenas de Harrison.
"Sim, desculpa. O Haz tava me contando tudo o que aconteceu."
"Tudo bem. Só espero que agora vocês estejam aceitando que eu não tenho iPhone."
"Me mata."
— Eu quero morrer.
— Não, não tem morte no seu contrato, desculpa. — Harrison fez uma falsa cara triste, fazendo Tom rir alto o bastante para acordar Jacob, que apareceu na sala com cara de poucos amigos.
— Vocês precisam arranjar uma casa e parar de ficar vindo pra minha.
— Você nos ama. — Tom mandou um beijo no ar para Jacob, que fingiu desviar e riu um pouco.
"Ei, to indo trabalhar. A gente conversa mais tarde?" a mensagem de Helena apareceu novamente na tela, fazendo Tom suspirar. Ele queria continuar conversando com a garota, mas ele respeitava trabalhos.
"Tudo bem. Desculpa de novo por ontem."
"Foi divertido. Mas da próxima vez que for beber vê se não esquece de me chamar."
No final da mensagem havia um emoji de piscadinha, que fez Tom sentir vergonha e, ao mesmo tempo, rir. Quando tudo começou, ele nunca havia imaginado que iria acabar gostando tanto assim de Helena, mas realmente, ela parecia legal demais. Era fácil esquecer a maneira como tudo havia começado.
— Você está vermelho.
Tom afastou a mão de Harrison, que cutucava sua bochecha. Logo os três estavam conversando animadamente, como se nem estivessem de ressaca – que, na verdade, estavam. Com muita ressaca, diga-se de passagem.
— Então o resumo da noite foi: não deixem o celular na minha mão quando eu estiver bêbado.
— Pensa pelo lado positivo: você não fez uma declaração de amor pra ela.
Os três riram. Não havia a possibilidade de declaração de amor, claro que não, mas a ideia nem era assim tão assustadora. Era apenas... Estranho. Ele não conhecia Helena muito bem, mas queria. Quem sabe aquela história de Skype acabaria valendo de algo no fim das contas?
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90 Por Cento [Tom Holland]
Fanfiction{CONCLUÍDA} Ela sempre precisava ficar lembrando a si mesma sua condição de fã. Ele sempre repetia a si mesmo que ela era só mais uma fã. A distância ajudava. Os sentimentos, não. ------------------------------------------------------------- IMPORTA...