Tom riu de mais uma piada de seu pai. O natal finalmente havia chegado e ele finalmente estava de volta na Inglaterra. Ele realmente amava muito sua família, não tinha como explicar o quanto ele gostava de estar ali. E ele também gostava de natal, então era tudo um bônus.
A melhor parte era, provavelmente, que ele conseguiria descansar por algumas semanas. Finalmente ele conseguiria respirar, parar de se preocupar tanto com tudo o que tinha para fazer – mais ou menos, porque no começo do ano ele teria que voltar para Los Angeles já que logo após Pantera Negra as divulgações e tours para Guerra Infinita estariam a toda. O lado bom de ter tantos atores reunidos: eles poderiam ser mandados para diferentes partes do mundo e cobrir muito mais território em pouco tempo.
Mas tudo bem, por enquanto ele poderia não pensar nisso e preocupar-se apenas em passar um bom tempo com sua família, aproveitando ao máximos todos os mimos da mãe, as brincadeiras com os irmãos e as risadas com os pais.
— Mas então, e a namorada?
Ok, aquele era o pior tipo de pergunta de natal. Geralmente era esperado que tios falassem aquilo, o famoso tiozão, mas Tom até que entendia. Quer dizer, ela era o filho que havia se mudado para outro país. Não conseguia ir para a Inglaterra com tanta frequência quanto gostaria e sempre acabava sobrando assunto demais para colocar em dia quando visitava a família.
— Engraçado você estar namorando essa menina porque, pelo que eu lembre, você disse que não iria se declarar para ela. — a voz de Nicola era ríspida, como toda boa mãe que passava sermão. Tecnicamente era como se Tom houvesse mentido para ela.
— Eu não ia. Mesmo. — Tom levantou o indicador, enfatizando a palavra "mesmo" e tentando provar um ponto. — Mas aparentemente o Tom bêbado não concorda muito com o que eu penso.
— Mas você 'tá tipo, namorando uma menina que mora no Brasil. — quem falou foi Sam, com a boca ainda cheia da refeição que os pais haviam cozinhado. — Issa parece meio bosta.
— Bem bosta. — Harry concordou, balançando a cabeça. Por isso Tom gostava de Paddy. Ele não se metia em todos os assuntos o tempo todo. — Você não pode nem beijar a garota.
— A gente já conversou sobre isso. — ele havia acabado de perceber que não queria falar sobre o assunto com os irmãos. Nem com os pais. Ele simplesmente não queria falar sobre Helena, era isso. — Nós já... Combinamos algumas coisas, para algumas situações.
— Você ama ela, Tom? — Paddy finalmente se pronunciou.
Tom quis morrer.
O pior tipo de conversa de família era aquele. E aquela era a pior pergunta de todas. Porque amor era algo tão complicado e honestamente nem fazia muito sentido ele amar uma pessoa que só havia visto uma vez na vida. Mas ele conversava com ela praticamente todos os dias desde fevereiro, e vivendo a era digital... Era aceitável, certo? Ele amá-la.
Tom apenas balançou a cabeça, respondendo a pergunta de Paddy de maneira positiva. Harry e Sam se entreolharam, ficando em silêncio e voltando a prestar atenção na própria comida. Nicola apenas sorriu, como se estivesse orgulhosa do próprio filho.
— Ela vai te visitar em Los Angeles, certo? — a mulher esperou que Tom confirmasse antes de continuar: — Vocês já fizeram planos para a visita?
— Eu tenho algumas coisas em mente. Quero fazer algumas surpresas. — ele sentiu o rosto esquentar. Tudo o que mais queria era que aquele assunto acabasse. Ao mesmo tempo achava realmente legal da parte da mãe a tentativa de amenizar, nem que fosse muito pouco, o rumo que o assunto começava a tomar.
— E o Harrison? Não liga de tê-la no apartamento de vocês?
— Ah, eles ficaram amigos. Ele vai amar, pode ter certeza. — Tom finalmente sorriu. Gostava da ideia de ter o melhor amigo e a namorada se dando bem. — Até o J. 'tá ansioso. Foi ele quem começou conversando com a Lena, afinal.
— O importante, filho, é que vocês dois estejam felizes. — o pai sorriu, colocando um fim no assunto e deixando que todos voltasse a prestar atenção na refeição.
Obviamente o restante do jantar não foi silencioso, mas o foco deixou de ser a vida amorosa, para seu alívio. Apenas após o jantar Tom se levantou e foi para o quintal. Estava frio, muito frio. Havia nevado um pouco no começo da noite, mas já havia parado. O chão estava levemente branco, coberto por uma fina camada de neve. Tom foi até um canto protegido, fazendo um careta ao se sentar um banco gelado, abrindo o contato de Helena e preparando-se para ligar para ela.
Claro que ele adoraria fazer isso do conforto de seu quarto, mas seu quarto havia virado o quarto de Paddy. Certo, quando Tom morava ali ele ainda dividia o quarto com o irmão mais novo, mas agora o quarto não tinha mais nada do mais velho. Para onde quer que olhasse veriam apenas Paddy. E ele não queria o irmão mais novo ouvindo as coisas que falaria para a namorada. Por isso teve que ligar dali, do frio.
— Oi, Tom. — a voz dela soou fraca do outro lado, cansada. — Feliz natal, lindo.
— Feliz natal, linda. — ele sorriu pelo apelidinho que na verdade nem era bem um apelidinho. — Você está bem?
— Cansada. Ficar com a minha família é cansativo. — ela suspirou.
— Eles encheram muito a paciência? — Tom já sabia que ela não tinha um histórico tão bom com a família extremamente religiosa.
Aparentemente ela e a mãe haviam tido uma briga feia quando Helena saiu da igreja, o que a levou a sair de casa e ir morar com o irmão. As duas haviam ficado quase seis meses sem se falar e, mesmo após terem se perdoado e voltarem a conversar, as coisas não eram mais as mesmas. Helena achava que nunca mais seriam.
— Foi mais tranquilo do que o normal. O foco está no casamento de Thaís e Flávio, por enquanto pelo menos.
— Eles já decidiram a data?
— Vai ser em setembro. Bem na entrada da primavera. Honestamente, combina com a Thaís. — ela deu uma risadinha, seguida por mais um suspiro. — Como foi o natal?
— Bom. É bom rever a família. Só faltou você.
— Para de ser fofo porque me dá vontade de te morder e eu não posso.
— Morder? — ele soltou uma risada alta. Aquilo era o quão romântica Helena conseguia ser. Ele não negava que amava isso.
— Com amor.
Eles conversaram por muito mais tempo, até Tom admitir que era impossível continuar lá fora e continuar vivo. Se despediram a contragosto. Era incrível como estava ficando pegajosos. Ele voltou para dentro, vendo a família reunida em frente e televisão, assistindo um programa qualquer. Então se aconchegou no meio dos irmãos, aproveitando o quente da casa, a companhia e as boas conversas.
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90 Por Cento [Tom Holland]
Fanfiction{CONCLUÍDA} Ela sempre precisava ficar lembrando a si mesma sua condição de fã. Ele sempre repetia a si mesmo que ela era só mais uma fã. A distância ajudava. Os sentimentos, não. ------------------------------------------------------------- IMPORTA...