- Niall? És mesmo tu? – Ele sorriu-me. Eu não sei o que fazer. Quer dizer… ao fim destes anos todos, é que ele decide aparecer? Ainda por cima assim? Sem mais nem menos?
- Ainda bem que te encontro… não sabes há quanto tempo ando à tua procura… - Diz-me.
- Desculpa mas eu agora estou a trabalhar. – Disse e fui para de trás do balcão.
Ele seguiu-me e ficou do outro lado à minha frente enquanto eu fazia as sandes para os senhores.
- Eu sei mas eu preciso mesmo de falar contigo.
- Ai sim? Ao fim destes anos todos é que te lembras que precisas de falar comigo? Esqueces-te de mim, da tua filha, dos teus amigos e desapareces assim, sem mais nem menos. – Acabei de fazer as sandes ao mesmo tempo que falava com ele. Baixei-me e tirei do armário dois pratos e um tabuleiro. Coloquei os pratos no tabuleiro e estiquei um pouco os braços para chegar aos guardanapos e tirei dois. Coloquei em cima dos pratos e pus as sandes em cima deles. Peguei no tabuleiro e fui até à mesa dos senhores. Dei-lhes as sandes e fui ter com ele. Peguei-lhe no braço e fomos lá para dentro do armazém falar. – Fala rápido que eu estou de serviço. – Ele sorriu e começou a falar.
- Primeiro eu queria-te pedir desculpa. Desculpa por ter tado ausente estes anos todos mas tu não sabes o que me aconteceu. No momento em que me ligaste a dizer que estavas grávida, ouvi um dos rapazes a dizer que o avião que ia em direção à Irlanda se tinha despenhado. A minha mãe ia nesse avião porque ela tinha ido ter comigo à América e teve lá pouco tempo. E no dia em que regressou a notícia que o avião que ia para a Irlanda se tinha despenhado deu. Foi por isso que não te respondi e disse que tinha de desligar. Eu ouvi perfeitamente quando tu disseste que tavas grávida e tu nem sabes a felicidade que cresceu dentro de mim nesse momento. Mas quando um dos rapazes me disse aquilo o meu coração parou. Só de pensar no que podia ter acontecido à minha mãe. – Ele começou a chorar. – No dia a seguir fui para a Irlanda e não disse nada a ninguém. A sorte foi os paparazzi’s não me terem apanhado porque eu não queria que ninguém soubesse, só queria saber como estava a minha mãe. Depois quando cheguei à Irlanda fui até à casa do meu irmão e ninguém me abriu a porta. – Limpou as lágrimas e respirou fundo. – Eu sabia que o meu irmão guardava a chave debaixo do tapete por isso, peguei na chave e abri a porta. Pus as minhas coisas na sala e saí a correr levando a chave comigo. Liguei ao meu irmão e ele disse-me que estava no hospital por isso, fui para lá a correr. Quando lá cheguei o meu irmão veio-se abraçar a mim e logo a seguir o meu pai. Perguntei-lhes o que tinha acontecido e eles disseram que o avião onde a minha mãe estava se tinha despenhado e ela tinha ficado gravemente ferida. Os dias passavam e eu tinha o telemóvel desligado, não queria falar com ninguém e a minha mãe continuava adormecida no hospital. Um dia o médico disse que tinham descoberto que ela tinha um tumor no cérebro. Aí eu fiquei mesmo em baixo. Todos os dias quando saía do hospital fechava-me num quarto que tinha lá em casa do meu irmão e chorava e rezava para que ficasse tudo bem e que fosse tudo um pesadelo e que iria acordar ao teu lado com o choro da nossa filha. – Sorri com as lágrimas a escorrerem pela minha cara. Ele também sorriu. – Quando comecei a ir ao computador reparei que me mandavas as ecografias que fazias e eu imprimi-as. Ficava a olhar para elas à espera de um dia conhecer a nossa princesa e ver a minha rainha. Eu tinha tantas saudades vossas. Passado algum tempo o médico disse que quando iam a fazer a operação para lhe tirar o tumor, ele rebentou e ela morreu. Aí eu morri também. Tranquei-me no quarto durante muito tempo. Comia muito pouco e dormia alguma coisa graças às ecografias que me mandavas. Quando me mandaste a última ecografia e disseste que ela nasceu e eu dava tudo para te poder ver e te ter apoiado no que precisavas. Sei que fui um péssimo pai e um horrível namorado. Mas eu não peço que me perdoes, eu só queria que tu soubesses aquilo porque que passei e a razão por não ter estado ao teu lado estes anos todos. Demorei três anos a ultrapassar a morte da minha mãe e acredita que não foi nada fácil. Eu só espero que compreendas isso. – Limpou as lágrimas e eu fiz o mesmo. Coitado… nunca pensei que uma coisa destas pudesse vir a acontecer com ele… - Madeleine… - Olhei para os seus olhos azuis que estão encharcados. – Tu, a Emma e a minha mãe são as mulheres da minha vida. Eu já perdi uma e não queria perder as outras. Por favor não me abandones, eu ainda te amo. – Atirei-me de imediato para os seus braços. Soube tão bem este abraço.
- Eu também te amo. – Disse e larguei-me dele.
- Desculpa, eu nunca devia ter…
- Não penses nisso agora… - Interrompi-lhe e pus a minha mão na sua bochecha. – O que aconteceu, aconteceu, já passou. Agora estás aqui e isso é que interessa. – Sorri e ele beijou-me. Como tinha saudades dos seus beijos. Pegou na minha cintura e rodou-me pelo ar. Como tinha saudades dele. Senti o meu telemóvel vibrar. Ele largou-me e eu atendi.
*Chamada on*
Eu: Estou?
XX: Filha tens que vir agora ao infantário, ligaram-me a dizer que a Emma está cheia de febre. Estou a ir agora para lá.
Eu: Está bem mãe não te preocupes. Eu vou já para aí. Beijinhos.
Mãe: Adeus. – Desliguei.
*Chamada of*
- Algum problema? – Perguntou preocupado.
- É a Emma que está com febre. Tenho que a ir buscar.
- Queres que vá contigo?
- Quero. E além disso a Emma vai gostar muito de te ver. – Sorri-mos e beijámo-nos mais uma vez. Finalmente voltou tudo ao normal e tenho a certeza que vai correr tudo bem. Tirei o avental e avisei o meu chefe que a Emma estava doente e ele disse que não havia problema. Fomos embora e ele conduziu o meu carro até ao infantário. Vamos ver a reação da Emma ao ver o pai.