Querida Carrie,
Acho que eu devia ter te contado antes, mas não consegui. Desculpa por isso.
Na noite de 12 de janeiro, eu ouvi uma música muito bonita. Então, como de costume, eu corri e disse pro Junior "nossa, você precisa ouvir essa música, é muito bonita!". E mandei a música, pedindo que ele visse com o clipe. Era uma música muito bonita de uma banda de rock, sobre casais que se amam, e se conheceram na internet. Eu até fiz uma brincadeirinha "Você pode mostrar essa música pra próxima garota por quem você se apaixonar, é uma música muito perfeita." Ele começou a chorar.
Eu obviamente me apavorei, não sabia o que estava acontecendo, não entendia. Ele começou a soluçar, dizia coisas confusas como "por que falar é tão difícil?" e "estou me sentindo um idiota". Ele passou cerca de três horas falando coisas sem muito nexo, se desculpando, chorando, e eu tentando consolar ele sem entender o que estava acontecendo.
Então ele disse "eu te amo, e estou apaixonado por você".
Eu me apavorei. Aquilo não fazia o menor sentido pra mim. Até taquei meu celular na parede, aumentando as rachaduras na tela. Não fazia sentido, como assim ele me ama? Ele é meu melhor amigo há quase três anos, ele me ajudou a esquecer o Pedro quase completamente, mas, ele me ama??? Ele está falando sério???
Minha cabeça começou a rodar, funcionando há milhares de quilômetros por segundo, e ele chorava e continuava a dizer. De repente, alguma coisa estalou dentro de mim, e meu coração se aqueceu. Mas, apesar disso, não era novidade. Eu comecei a reparar. Eu reparei que eu sentia meu coração se aquecer quando falava com ele, que meu rosto corava, meu estômago gelava. Eu reparei que eu queria ele sempre perto de mim, cuidar dele, consolar ele. Eu reparei que eu sentia ciúmes dele. Eu reparei que meu coração batia forte, como nunca bateu antes.
"Eu também estou apaixonada por você. Eu te amo."
E eu tinha certeza demais disso.
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Querida Carrie...
Short StoryCartas de uma esquizofrênica para uma amiga que não existe.