Zoiudo, o unicórnio

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Querida Carrie,

Eu não consigo dormir. Estou há meia hora na cama, apenas olhando para a tela do meu celular. Junior está online, mas deve estar ocupado lendo, não diz nada. Eu quero tanto falar com ele, mas não tenho forças para pegar meu celular e digitar o primeiro​ oi. Minha tristeza adormeceu meu corpo todo, não consigo me mexer. Meus olhos ardem, a primeira lágrima cai no travesseiro, puxando a próxima, e a seguinte. Como pode alguém amar tanto uma pessoa, que tem medo de falar o que sente?

Olho para frente, e rio. O unicórnio de pelúcia me encara, iluminado pela tela do celular. Ele é tão engraçado, é bom de apertar. Junior me enviou ele quando completamos dois meses de namoro. Já estamos indo para três. É o bichinho de pelúcia mais engraçado que já ganhei. Eu o amei na hora.

Eu abraço demais esse unicórnio, levo para todo canto como uma criança de sete anos. É meu mais novo amorzinho. Mas nem ele está me animando.

O curioso da depressão é que não importa quantas coisas boas aconteceram, você nunca vai conseguir sentir que merece elas.

Eu fico apenas​ imaginando ele. Ele logo ali, deitado na sua cama, ouvindo música, assistindo gameplay. Às vezes ele vê alguma coisa que o faz lembrar de mim, e me manda mensagem contando. E depois de contar tudo e ver que deu umas dez mensagens, ele diz que me ama muito muito demais, e que eu sou a namorada mais perfeita do universo, e que ele quer passar o resto da eternidade dele comigo. É muito doce.

Me faz chorar ainda mais. Porque eu não consigo me mexer para dizer tudo o que eu sinto por ele, o quanto ele me faz feliz, o quanto é bom acordar de manhã e saber que existe sim alguém que me ama pelo que eu sou. Mas eu não consigo me mexer para dizer.

Querida Carrie...Onde histórias criam vida. Descubra agora