Querida Carrie,
Essa noite minha cabeça ficou presa em um pensamento constante. Um pensamento sinistro e doente, muito triste.
Eu estou sentada, encolhida, bem no canto de uma gaiola gigante. Ao meu redor só vejo escuridão, no chão da gaiola tem uma lama negra. Estou nua, coberta da cabeça aos pés por aquela lama asquerosa. Eu tento tirar ela de mim, mas quanto mais me esfrego, mais suja fico. O chão frio do metal e cheio da lama me traz arrepios na pele, meu corpo dói. Eu choro todo o momento, sem parar.
Na escuridão, tem uma sombra, que se move na gaiola, como se passeasse. Por vezes se agacha na minha frente, me olhando, por vezes apenas caminha, por vezes senta ao meu lado e me abraça enquanto choro. Essa sombra sussurra para mim sem parar, o tempo todo. Ela diz "a culpa é sua... Você permitiu isso... Você não foi capaz de se proteger... Não a protegeu... Você falhou com ela... Você não pode proteger a ninguém... Não deixe as pessoas se aproximarem de você, ou elas irão se machucar, e você não poderá proteger elas..."
E eu chorava, em desespero. Essas palavras são verdadeiras para mim.
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Querida Carrie...
NouvellesCartas de uma esquizofrênica para uma amiga que não existe.