Capítulo 2 - Trevelyan Grey.

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POV Narrador

25 anos atrás

Grace entra no quarto da irmã as pressas chamando assim a atenção da mais nova que estava sentada de frente para a sua penteadeira terminando a leve maquiagem que resolveu fazer para o grande momento em questão. A entrada afobada da sua irmã lhe arranca um sorriso de Carla, pois a mesma já fazia ideia do real motivo da entrada repentina.

- Eles já chegaram? – A mais nova pergunta com um enorme sorriso no rosto.

- Sim. – Grace responde ofegante por ter corrido para não ser vista. – a mamãe já vem nos chamar.

- Você estava espiando como sempre, não é? – Carla pergunta.

- Estava observando. – Grace diz sorrindo.

- Se o papai te pega já viu. – Carla diz ficando de pé após terminar a sua maquiagem.

- Estou tão nervosa. – Grace diz se aproximando da irmã. – E se o papai não deixar Carla? – Pergunta aflita.

- Namoramos escondido. – Fala e recebe o olhar espantado da mais velha.

- Você está louca? Acha mesmo que conseguiríamos namorar sem que ele soubesse. – Grace diz fazendo Carla sorrir. – Ele nos mandaria para um convento. – Fala desesperada. – Eu não quero ser freira.

- Calma Grace. – A mais nova fala tentando acalmar a mais velha. – É claro que isso não vai acontecer. - Diz se aproximando e segurando as mãos de sua irmã. - Estamos namorando com os melhores partidos da cidade, e sinceramente não acredito que papai irá se opor a isso e logo não seremos freiras, pois, não namoraremos escondido. – Fala rindo bastante do desespero de sua irmã.

- Espero. – Diz Grace aparentando está um pouco mais calma.

- Os rapazes chegaram. – Dona Elizabeth mãe das meninas diz ao entreabrir um pouco a porta do quarto da filha mais nova.

- Vamos? – Carla chama a irmã apertando um pouco as suas duas mãos.

- Vamos. – A mais velha responde depois de um longo suspiro.

- Vai dar tudo certo. – Carla sorri confortando Grace e as duas rumam para a sala.

♡♡♡

- Então vocês são primos? – Senhor Thomas interroga na sala Raymond e Carrick Trevelyan.

- Si-Sim senhor. – Responde Raymond o mais novo.

- E vocês trabalham com o velho Paul ou com José? – O senhor Grey continua a questioná-los.

- O senhor conhece os nossos pais? – Carrick pergunta assustado.

- Eu e seus pais somos amigos meus jovens. – O anfitrião diz sorrindo da cara de espanto dos dois garotos a sua frente.

- Aqui estão elas querido. – Elizabeth diz após chegar a sala com as suas duas filhas.

- Sentem aqui minhas queridas. – Thomas convida suas filhas para sentarem no sofá ao lado dos garotos. Após as duas estarem devidamente acomodadas ele dá continuidade ao assunto. – Estava falando com esses dois rapazes que sou amigo de longa data dos pais deles.

- Que bom papai. – A mais nova se adianta em dizer.

- Bom... – Thomas continua falando. – Creio que algo trouxe vocês até aqui hoje e eu gostaria muito de saber do que se trata.

Os dois primos se entreolharam e Carrick o mais medroso engoliu o nó que havia se formado em sua garganta desde que haviam chegado à casa dos Grey's. Raymond olhou para a sua amada com o mesmo olhar de amor de sempre e lançou lhe um sorriso que a iluminou por completo.

- O amor foi o que me trouxe até aqui, sr. Grey. – Disse desviando o seu olhar da amada para o pai dela. – Eu amo a sua filha Carla e gostaria de pedir a sua permissão para namorá-la.

Thomas tinha as feições de quem desaprovava a atitude do rapaz, mas por dentro estava muito feliz da coragem que o jovem tinha de enfrentar o tão temido Thomas Grey.

- E o que te faz pensar que eu permitiria isso? – Ele perguntou com a intenção de continuar testando o jovem.

- Nada senhor. – Ele foi bem sincero em sua resposta e não desviava o olhar do jovem senhor a sua frente. – Mas, eu sou completamente apaixonado pela sua filha e meu único e maior desejo no momento é fazê-la muito feliz. – O rapaz apaixonado diz olhando para a moça que há muito tempo vem o fazendo sonhar acordado. – Eu não tenho muito para oferecer, porque ainda estou terminando minha faculdade, mas pretendo ser dono do meu próprio negócio um dia. – Diz acanhado.

- Como você não tem nada se é filho de um dos homens mais ricos da região, rapaz? – Thomas pergunta intrigado.

- Disse certo senhor. – O rapaz ri sem humor. – Sou filho de um dos homens mais ricos, mas não sou o homem mais rico.

Aquelas palavras fizeram toda a diferença para Thomas que passou a admirar ainda mais o jovem.

- E você rapaz? – Disse mirando o loiro amedrontado a sua frente. – Também está aqui para tentar roubar uma das minhas filhas? – Thomas disse fazendo um esforço sobre-humano para não rir das condições do jovem que acabara de dirigir a palavra.

- Eu não quero roubar ninguém, senhor. – Disse Carrick alisando bruscamente seus joelhos com as mãos.

- Não? Então o que faz aqui? – Thomas cruzou as pernas e os braços propositalmente para impactar ainda mais o rapaz.

- Eu... Eu... – Então, Carrick se sentiu acurralado e pensou por um breve momento que não conseguiria dizer tudo o que havia ensaiado no último mês, até que seus olhos encontraram os de Grace. – A sua filha é tudo de mais lindo que há, os olhos dela refletem sua alma limpa e livre de qualquer maldade. – Neste momento uma lágrima solitária caiu dos olhos de Grace. – Talvez eu não seja tudo o que ela precisa, mas enquanto viver eu tentarei ser porque ela só merece o melhor e é o melhor que ela vai ter. – Carrick então, respirou fundo antes de mirar Thomas para o grand finale. – Eu ficaria mais do que feliz se o senhor permitisse e abençoasse o nosso namoro.

O silencio se fez no recinto e para os dois casais ali presentes o tempo parecia ter ficado suspenso no ar. O Senhor Thomas avaliou os dois rapazes antes de direcionar seu olhar para as suas duas filhas. A mais velha aparentava apreensão como esperado, mas a mais nova parecia não se abalar e no seu íntimo o homem sabia que caso ele não permitisse aquele relacionamento Carla com certeza o desobedeceria uma vez que a sua personalidade era parecidíssima com a sua, assim como a sua bravura e isto era algo que ele admirava bastante em sua filha.

-Seis meses. – Disse ele quebrando o silêncio.

- Como? – Os quatro disseram em uníssono.

- Seis meses é o prazo que vocês têm para me provarem que realmente merecem minhas filhas e se conseguirem com mais seis meses entrego as duas aos dois no altar.

Os namorados se olharam e suas felicidades transformaram-se em lágrimas, pois haviam enfim conseguido o que tanto almejavam. O medo ainda existia nos rapazes, mas eles teriam seis meses para mostrar ao sogro que eram merecedores de suas filhas. As meninas por outro lado conheciam a essência do seu pai e sabiam que ele apenas blefava quando estipulou uma meta a ser batida, pois, caso não tivesse realmente gostado dos respectivos namorados em hipótese alguma permitiria a união dos pombinhos.

E assim os meses seguiram e o Sr. Grey se afeiçoou dos genros passando a considerá-los seus filhos. Ele ensinou como ordenhar e cuidar do gado para Carrick que tinha o sonho de ter sua própria fazenda um dia, enquanto que para Raymond ou Ray como ele decidiu chamá-lo emprestou a quantia necessária para o mesmo começar a empreender e em pouco tempo já estava colhendo os frutos do seu negócio.

Como prometido em um ano Thomas entregava aos jovens Carrick e Raymond as suas duas filhas no altar e ali naquele lugar os fazia prometer que dariam a vida a elas se assim precisassem. A partir daquele momento uma nova jornada se iniciava na vida daqueles quatro jovens recém-casados, e a mesma seria regada sempre com muito amor e carinho.

Um passado não esquecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora