Um passado não esquecido.

Capítulo 31 - Consequências.

- As suas roupas estão secas. – Mia observou maliciosamente assim que os mais velhos haviam se recolhido, com exceção de Carrick e Grace que saíram para espairecer e conversar em particular.

- Tiramos e as colocamos para secar em frente à lareira e antes que você pergunte enquanto elas secavam nós vestíamos roupões. – Ana explicou calmamente.

- Hm... E vocês dormiram juntos? Porque se bem me lembro da casa só tem uma cama, então... – Mia voltou a questionar fazendo Ana se engasgar com a sua saliva e tossir um pouco.

- Levanta os braços Aninha. – Kate falou indo em socorro da amiga. – Agora respira. – Ana fez como ela havia dito e se recompôs da crise.

- Claro que não, Mia. – Falou olhando aflita na direção de Christian que aparentava muita calma.

- Ana dormiu na cama e eu peguei alguns edredons e forrei no chão da sala. – Christian mentiu cinicamente.

- Isso mesmo. – Ana falou concordando com a mentira dita por Christian.

- Hum... – Foi tudo o que a mais velha disse.

- Estou com fome. – Ana disse mudando de assunto.

- Vamos todos para a cozinha que eu preparo para nós um lanche. – Kate disse solícita.

- Isto aqui está uma delicia Kate. – Ana falou após a primeira mordida em seu sanduiche.

- Obrigada. – A loira respondeu um pouco ruborizada.

- Você precisa provar as massas que ela prepara Aninha. – Elliot que até então estava quieto se pronunciou.

- Então, temos uma masterchef na família? – Ana perguntou sorrindo de maneira carinhosa para a prima.

- Eu apenas gosto de cozinhar e tenho sorte de às vezes acertar na mão. – Kate falou ainda sem jeito.

- Pare de ser modesta loira. – Elliot disse pondo o braço na cadeira em que ela estava sentada aproximando o seu rosto do dela. – Não só nisto, mas em tudo o que faz.

- Eu estou perdendo alguma coisa aqui? – Mia questionou ao notar um clima diferente entre os primos.

- Claro que não, Mia. – Kate negou se afastando um pouco de Elliot a quem tanto queria beijar no momento.

- Eu não tenho tanta certeza disso. – A mais velha voltou a dizer.

- O que deu em você hoje? Tá dando pra ver coisa onde não tem! – Ana saiu ao socorro dos pombinhos.

- Eu enxergo muito bem Aninha pode ter certeza disso. – Mia disse enigmática.

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Na mesma árvore em que um dia Ana sentou-se para ler um livro e espairecer do seu desentendimento com Christian estavam sentados Grace e Carrick, este último tinha muito medo do rumo da conversa que iria ter com a sua esposa e companheira de longa data.

- Eu sei que o que fiz não tem perdão, e acredite não existe um único dia que não me arrependa disso, embora não me arrependa do filho que tive devido a esta minha atitude. Fui um fraco, Grace... No momento em que nosso casamento passava por dificuldades preferi me afundar na bebida ao invés de me sentar, conversar e com você solucionar as nossas diferenças. Me perdoe. Me perdoe por todas as vezes que não fui o esposo dedicado, parceiro, amigo... Me perdoe por quebrar os meus votos de fidelidade que fiz a você no dia em que nos casamos. Eu sei que você nunca vai esquecer do que fiz, pois o meu ato teve fruto, fruto este que nós dois amamos, mas que independentemente disso representa a sua dor e a minha consequentemente. Talvez você não acredite, mas foi à única vez que te trai e embora não justifique eu estava ambriagado quando tudo aconteceu. – O loiro abriu o seu coração ao falar.

- Eu amo o meu filho independente das circunstâncias que o deram originaram. Ele é meu, não foi gerado em meu ventre, mas eu o sinto como parte minha e daria a minha vida por ele e por Mia, pois os amo de maneira igual, e é por isso que a sua atitude não me dói tanto Carrick, já que através dela eu ganhei o filho homem que nós dois tanto queríamos, mas isto não quer dizer que eu não esteja machucada e decepcionada com você, justo você que me fazia juras de amor enquanto nos amávamos, que olhava em meus olhos e dizia que eu era a mulher da sua vida...

- Mas você é a mulher da minha vida, Grace. – Carrick disse a interrompendo. – Você sempre foi! Desde a primeira vez que te vi eu soube que era você quem seria a mãe dos meus filhos.

- Eu sou a mãe de seus filhos, mas apenas um saiu de mim, Carrick. – Grace disse e aquilo foi como uma tapa em sua cara. – Eu também detestava a situação em que vivíamos na época. Mia era apenas uma bebê e nos deu bastante trabalho nos primeiros meses de vida e a única coisa que eu precisava no momento era de um ombro amigo pra eu chorar se fosse preciso e do seu abraço para me fortalecer e proteger. Eu precisava de você! Éramos pais de primeira viagem e tudo era novo para nós dois, por isso deveríamos ter nos unido ainda mais, mas ao invés disso você sucumbiu à pressão e cedeu aos encantos de outra, enquanto a sua mulher estava em casa sozinha sendo mãe da sua filha, da sua princesa como você costuma dizer. – Falou com pesar. Em seguida ela fechou os olhos e deu um longo suspiro antes de dizer a sua decisão. – Apesar de tudo temos uma vida juntos e durante todo este tempo em que estamos casados pude te conhecer a fundo, por este motivo e por tudo o que você representa pra mim eu perdoou você, mas por ora eu quero distância. – Disse e Carrick sentiu o seu chão se abrir mais uma vez em menos de vinte e quatro horas.