Capítulo 8 - Uma trégua?

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- Christian? - Mia chamou o irmão ao ver seus olhos cinza na pequena aresta aberta na porta do seu quarto. A menção de seu nome fez Ana estremecer, mas ela conseguiu esconder bem o que havia acontecido com ela.

- Oi, desculpem chegar assim, mas é que eu só queria saber se vocês estavam bem. - O jovem rapaz disse enquanto entrava no quarto.

- Está tudo bem. - Mia disse e olhou rapidamente para prima lhe lançando um sorriso tranquilizante. - Por que não estaria? - Questionou o irmão.

- É que sempre que a Ana chega ela vai até o estábulo e hoje ela se trancou aqui com você. - Christian justificou o que realmente acontecia sempre que a prima chegava à fazenda.

- Estávamos tendo uma conversa de mulheres. - Mia disse cheia de mistérios, o que irritou Christian já que ele não havia escutado todo o teor da conversa.

- Mulheres... - Disse zombando. - Só vejo duas crianças na minha frente.

- Para alguns nós não somos isso. - Mia disse provocando o irmão. - Vamos, Aninha. - Falou se levantando da cama. - A celeste está grávida do alazão e a qualquer momento o bebê deles nasce.

- Jura? - Ana perguntou excitada. - Será que o vô Grey deixaria eu ver o nascimento do filhote deles?

- Me diga uma vez que o vô Grey disse não para você? - Mia respondeu a pergunta com outra. - Você ainda tem essa paranoia de ser veterinária? - Perguntou não tão animada.

- Esse é um dos meus sonhos, Mia. - Ana respondeu com sinceridade já de pé após calçar os sapatos.

- E quais são os outros? - Christian perguntou com cautela, porém com muita curiosidade.

- Vir morar aqui, ser mãe e ter uma família feliz. - Ana respondeu sorrindo contagiando o moreno com a sua alegria.

- São todos os seus sonhos? - Mia disse.

- Sim, isto é tudo o que mais quero. - A garota voltou a responder com sinceridade.

- Vir para esse fim de mundo, casar e ser mãe? E quando chega a parte que você se diverte? - A prima perguntou consternada.

- A cidade grande não é tudo isso que você acha Mia, lá existem pessoas muito más, desrespeitosas, ambiciosas e muito egoístas para dizer o mínimo. - Ana disse e por um breve momento fez uma pausa e olhou pela janela. - Você não imagina o quanto eu fico ansiosa esperando as férias chegarem para poder vir para aqui.

- Eu também. - Christian disse interrompendo a fala da prima.

- Como? - Mia perguntou com um sorriso no rosto.

- Eu também fico ansioso pelas férias, não que eu não goste de estudar é só que nas férias eu posso me dedicar mais nos afazeres da fazenda. – Respondeu nervoso.

- Sim, sei... - Mia disse fingindo acreditar na conversa do irmão.

- Eu amo o colégio, mas concordo com o que você diz Christian. - Ana disse e arrancou um sorriso do garoto que tanto gostava em segredo.

- Ah.. Vocês estão ai! - Elliot falou já entrando no quarto da prima. - Aninha a Celeste está enorme, ela... - e antes que ele pudesse completar os três além dele presente no quarto disseram em uníssono.

- Grávida!

E ai foi uma algazarra só.

♡♡♡

- Oi garota? Você ficou ainda mais linda, sabia? Espero ficar tão bem quanto você quando chegar a minha vez de carregar um bebê aqui em meu ventre. – Ana que conversava com Celeste levou as duas mãos a barriga após dizer a última palavra.

- O alazão está ainda mais ciumento com ela. – Christian disse assustando Ana, que lhe olhou com vergonha por saber que ele havia ouvido tudo o que tinha dito. – Desculpe, eu não queria assustar você.

- Tudo bem... – A menina disse ainda acanhada. – Eu não ouvi você chegar, por isso me assustei um pouco. – Lhe deu o seu melhor sorriso e recebe o dele de volta. – Por falar no Alazão, onde é que ele está? – Perguntou, porém o primo demorou a responder então, ela foi até ele e o balançou delicadamente. – Christian? Oi?

- Ah... Oi? – Disse ele após limpar a garganta. – O que disse? – Perguntou sem jeito.

- Onde está o Alazão? – Ana voltou a repetir a pergunta, mas dessa vez tinha a atenção de Christian.

- Ele está numa outra ala. Vem eu te levo até lá. – Disse pegando na mão de Ana e a direcionando com carinho. A garota se sentiu tão bem por aquele contato mais intimo e pelos dois estarem se dando tão bem pela primeira vez na vida. Por outro lado Christian achava que o seu coração sairia pela boca de tão nervoso que estava, ele havia decidido que naquele verão se declararia para a prima, a garota que há muito tempo dominava seus pensamentos e coração.

- Por que ele não está junto da Celeste? – Ana perguntou timidamente enquanto andava de mãos dadas com Christian.

- Ela está na fase final da gestação o veterinário recomendou o isolamento dos outros animais devido ao risco de contaminação do filhote após o nascimento, e também a Celeste está um pouco agressiva, acredito que este foi o motivo maior que levou o vô Grey a tomar essa decisão. – Christian disse enquanto dividia sua atenção entre Ana e o caminho que estavam percorrendo.

- Deve ser muito triste ficar sozinha. – A garota falou e bruscamente parou fazendo com que o moreno parasse e lhe encarasse. – Qual a previsão para o nascimento? – Perguntou curiosa.

- Em no máximo um par de dias. – O primo respondeu intrigado.

- Eu dormirei com ela todas as noites. – Ana disse decidida após saber da notícia.

- O que? Você só pode estar louca. – Christian disse cruzando os braços.

- Alguém precisa está com ela quando isso acontecer, então, farei companhia para a Celeste e se a ora dela parir vier no meio da noite ela não estará sozinha. – Christian sorriu de satisfação da coragem da garota.

- O vô não vai permitir isso. – Disse temendo pela reação da prima. – A não ser... – A ideia podia ser boa e ele sabia que o avô não se oporia, porém não tinha certeza se Ana gostaria da proposta.

- A não ser? – Ana perguntou curiosa.

- É bobagem. – Christian limitou a falar e voltou a caminhar.

- Me fala, por favor. – Ana pediu após se aproximar dele e tocar em seus ombros.

- Talvez se eu dissesse a ele que ficaria aqui com você ele não se opusesse. – Christian disse com receio.

- Você faria isso por mim? – Ana perguntou muito feliz com a ideia que acabará de saber.

- Claro, por que não? – O garoto questionou.

Por um momento Ana sentiu vontade de dizer a verdade para ele, dizer que o fato deles nunca terem se dado bem a levava crer que jamais teria alguma gentileza vinda da parte dele. Ela sentiu vontade de gritar com ele e perguntar o porquê de toda a sua delicadeza com ela nas últimas horas e exigir saber se ele estava tramando algo, porém a única coisa que conseguiu dizer foi - Obrigada por isso.

Um passado não esquecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora