Capítulo 46 - Um grito.

2.8K 310 36
                                    


Ana sentia-se tão bem com a sua gravidez e com a construção da sua casa no lugar onde ela mais amava em todo o mundo. O seu bebê crescia bem e saudável e ela beirando o quinto mês de gestação já conseguia até senti-lo mexer em seu ventre, Christian a cada dia se mostrava mais protetor e carinhoso, ele não media esforços para satisfazê-la... E por falar nisso ela sentia calor só de lembrar-se da noite anterior que teve com ele. Tarada! Era assim que Christian tinha o costume de chamá-la e ela sabia que ele estava coberto de razão.

Tudo estava maravilhosamente bem. Sua família estava em ordem, sua vida se encaminhando e seu diploma mais próximo de suas mãos do que ela imaginava, já que foi isentada de comparecer na Universidade de Seattle após conversar com o seu professor-tutor e contá-lo sobre a sua atual condição e ele ter se solidarizado e se responsabilizado em fazer tudo o que era de sua incumbência.

Era mais um dia comum na fazenda dos Greys Trevelyan e Ana como todos os dias tinha se levantado tomado seu café reforçado da manhã e estava se preparando para ir alimentar os animais menores no celeiro, a única diferença naquele fatídico dia era a ausência de Christian que havia saído mais cedo para ir comprar alguns materiais faltantes para o acabamento da casa deles e aproveitado o ensejo para trazer o seu cunhado, Ethan para ajudá-lo nos detalhes finais e com a pintura.

– Kate? – Ana chamou-a quando enquanto alimentava os pintinhos a viu passando cabisbaixa e e fungando alto. Imediatamente a loira olhou na direção da voz que havia lhe chamado e a morena concluiu que ela realmente chorava. – O que houve? Você está sentindo alguma coisa? – Perguntou deixando a vasilha com o alimento de lado e se aproximando dela.

– Não, não está tudo bem. – Kate disse chorando ainda mais. – A minha mãe, Ana... Você sabe que eu e ela nunca fomos próximas e que ela me deixou aqui sozinha para ir atrás dos sonhos de-dela... – Parou para dar um longo suspiro e continuou. – Hoje a encontrei na porteira da fazenda... Ela se mudou para a propriedade do lado ao qual o rico marido dela comprou alguns meses atrás, ela me disse que fez isso para ficar mais próxima de mim, Aninha. – Kate dizia enquanto controla-se para não chorar. – Ela falou que sabe que errou muito comigo e que provavelmente a sua ausência me causou um dano enorme, mas que pelo menos isto me deu uma família unida e feliz coisa que ela não seria capaz de me dá naquela época. – Falou e Ana prontamente segurou nas mãos dela. – Ross me disse que eu posso até não acreditar, mas ela me ama e está muito feliz com o meu relacionamento com o seu irmão, pois percebe que nos amamos e somos muito felizes juntos... Ela pediu-me uma chance para se aproximar de mim e quem sabe se tornar uma amiga. – Concluiu se desmanchando em lágrimas e sendo abraçada por Ana.

– E que mal há nisso Kate? – Ana perguntou abraçada a loira.

– Eu nunca imaginei que ela sentisse coisas boas por mim e... e que ela queria estar por perto. – Kate respondeu em meio a soluços.

– Mas ela quer... – Ana disse agora olhando nos olhos dela e limpando as suas lágrimas. – Demorou algum tempo para que ela confessasse isto e tentasse ser sua amiga e posteriormente uma mãe, porém ela o fez, não o fez? - Perguntou e Kate acenou positivamente em resposta. – Ela se preocupou com o seu bem-estar quando foi para longe, por isso te deixou aqui, com a nossa família e você teve algo que ela não poderia por algum motivo te oferecer no momento, Kate. – Disse e a prima lhe sorriu triste. – Eu nem calculo a dimensão que a ausência dela provocou na sua vida, mas cabe a você decidir que esta ausência permaneça ou acabe de vez. – Falou e Kate assentiu, porém não disse uma única palavra a respeito.

– Loira? Você está chorando? – Elliot perguntou se aproximando das duas.

– Já passou Elliot. – Kate disse enxugando delicadamente seu rosto.

– O que aconteceu? – Questionou olhando-a, mas por ela demorar a lhe responder virou-se para Ana em busca de respostas. – O que aconteceu com ela, olhos azuis?

– Nada grave. – A morena respondeu o tranquilizando. – Porém ela precisa do seu carinho e amor agora e quando estiver mais calma contará tudo o que você quiser saber. – Disse olhando para a prima que sorria para ela. – Agora vão dar uma volta e conversem um pouco. – Falou no que os dois assentiram. – Lembre-se de tê-lo como amigo antes de qualquer coisa Kate. – Disse sorrindo amavelmente para os dois. Ana permaneceu ali de pé após ter se despedido rapidamente deles olhando-os e sorrindo sozinha satisfeita com a forma carinhosa que o irmão beijava o rosto da namorada enquanto andavam abraçados em direção à saída.

Tratou de sair de seu desvaneio ao ouvir o piar dos pintinhos, voltando assim a alimentá-los como antes, porém aquela ação não se prolongou por tanto tempo assim.

– Se eu não posso ter ele você também não pode. – Ana ouviu aquela tão conhecida voz lhe dizer e logo em seguida sentiu algo gelado golpear fortemente seu ventre.


Um grito. Foi tudo o que se ouviu.

Um passado não esquecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora