Capítulo 3 - Notícias...

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Era ação de graças e os Grey's e Trevelyan que já representavam uma única família jantavam juntos na casa da família Grey. Naquela noite tudo havia sido preparado minimamente para que nada saísse dos conformes, e até o presente momento estava ocorrendo imprescindivelmente como planejado. Era notável para quem estava de fora que a união entre os casais Grace e Carrick e Carla e Raymond era regada de muita cumplicidade, carinho e amor, mas os quatro que realmente sabiam porque viviam toda aquela história acrescentariam nas características visíveis uma bem mascarada: fogo, muito fogo entre quatro paredes.

Senhor Thomas era muito apegado as suas meninas então, pediu antes do casamento delas com os Trevelyan que continuassem morando com ele. Grace e Carrick não se opuseram ao pedido, uma vez que sabiam que a fazenda era demasiadamente extensa e que a casa poderiam propor a eles momentos de maior intimidade sem que fossem descobertos, e o fato de morar com os pais de sua esposa não seria difícil para Carrick já que seus sogros não eram evasivos na intimidade do casal. Por outro lado Carla se opôs a morar na casa grande, mas prometeu ao pai que ficaria nos arredores da fazenda em uma casa menor a qual planejou e fiscalizou a construção de perto. 

A sobremesa havia sido servida e assuntos leves aleatoriamente eram abordados. Thomas sentia-se demasiadamente feliz em ver suas filhas bem e realizadas com seus maridos e mais uma vez abençoava mentalmente a união dos casais. Ele aprendera ainda pequeno que as palavras tinham poder e sempre as usava para o bem próprio e do próximo.

De repente a conversa cessou e Thomas pode ver olhares cúmplices entre as mulheres e logo soube que alguma coisa estava por vir. Carla era só sorrisos e Elizabeth, sua esposa estava mais alegre do que costuma ser então, num estalo ele pensou o que parecia ser óbvio, afinal já se faziam dois anos da união entre sua família com a dos Trevelyan e nada mais natural do que isso. Sua suspeita se confirmou quando...

- Eu preciso fazer um anúncio. – Disse Grace emanando alegria.

- Precisa? – Carrick lhe perguntou desconfiado.

- Sim. – Disse olhando para o seu amado.

- Você está me deixando curioso, amor. – Disse já um pouco nervoso.

Grace sorriu e pegando as suas duas mãos de Carrick as levou até o seu ventre. O seu marido observava cada movimento atentamente até o momento em que suas mãos pousaram na barriga de sua esposa, então imediatamente seus olhos se encheram de lágrimas, pois ele sabia o que aquilo significava. Eles teriam um bebê que seria fruto de todo o amor dos dois e quando deu por si já estava chorando como um. Grace o abraçou como uma mãe faz com um filho, e Elizabeth que assistia tudo de longe já observava que a maternidade já estava transformando a sua filha.

- Obrigado meu amor. – Foi tudo o que Carrick conseguiu dizer antes de se levantar da cadeira e afastá-la bruscamente ficando assim de joelhos na altura ideal para acariciar e beijar a barriga de sua esposa.

Aquele ato foi o que faltava para que aqueles que tinham dúvidas sobre o que os dois falavam soubessem do que se tratava. Depois de alguns poucos segundos todos levantaram-se da mesa com uma perfeita sincronia e foram parabenizar o mais novo casal grávido da família.

- Como você tem se sentido minha querida? – Helena Trevelyan, mãe de Carrick perguntava a Grace quando todos já estavam bem acomodados na sala.

- Muito bem, minha sogra. – Respondeu Grace com um largo sorriso enquanto Carrick lhe envolvia em um abraço. – E muito feliz. – Completou.

- Eu não caibo em mim de tanta felicidade. – Disse Carrick com os olhos marejados.

- Desculpa ter demorado tanto pra te contar. – Disse Grace enquanto acariciava o rosto do seu esposo. – Foi tão difícil guardar esse segredo de você, mas é que o dia de ação de graças estava tão próximo e eu queria fazer essa surpresa para você e para a nossa família.

- Tudo bem meu amor. – Carrick falou com sinceridade. - O que importa é que agora somos três. – Disse cobrindo a mão da sua esposa que estava em sua barriga.

Carla olhou de maneira cúmplice para Raymond e como um bom observador aquele gesto como qualquer outro não passou despercebido por Thomas.

- E vocês dois tem algo para dizer? – Perguntou animadamente.

- Sim, nós temos Thomas. – Disse Raymond.

- Também irão dar-me um neto? – Perguntou já fazendo planos.

- Ainda não papai. – Carla disse tímida.

- Conseguimos aquela parceria que tanto queríamos em Seattle. - Raymond disse e logo viu o rosto do seu sogro se iluminar com a notícia, mas sabia que o pior estava por vir. Ele olhou para a sua esposa e a mesma assentiu para ele lhe passando a força necessária, e assim ele prosseguiu. – Porém, precisaremos nos mudar para lá.

O ar se fez ausente e Thomas jurou até ter sentindo uma tontura ao ouvir o verbo mudar. Ele sabia que aquilo significaria que uma de suas filhas iria para longe dele, para longe de suas vistas. A sua caçula Carla, a que era tão parecida consigo. Todos ali presentes permaneceram em silêncio até que Carla resolveu se pronunciar.

- Eu sei o que está passando papai. – Disse enquanto se direcionava para próximo do seu genitor. – Mas, nós dois vamos atrás de um sonho... Do sonho que você também sonhou conosco, lembra? – Carla ficou de joelhos na frente de Thomas. – Eu sempre serei sua filha e nada mudará isso e... Pai, se um dia eu me senti perdida e insegura eu prometo que eu volto correndo para os teus braços. – Ela observava atentamente as feições de seu pai. – Mas, para isso eu ir preciso ter certeza que você não se opõe a isso. – Era tudo o que ela mais queria, mas se o seu pai não se agradasse da ideia ela desistiria. Raymond já sabia disso, a sua esposa já tinha lhe dito.

- Eu irei morrer de saudades suas, mas é o seu sonho filha então, vá e seja feliz. – Disse enquanto observava todos os detalhes da sua filha. – Só promete que nunca vai esquecer do seu velho. – A risada de Carla saiu anasalada e naquele momento ela havia tirado um peso de suas costas ao saber que o seu amado pai ficaria bem, ou pelo menos tentaria.

E assim o dia da partida chegou. As duas irmãs que nunca ficaram por muito tempo separadas tiveram que se despedir. O clima era de muita tristeza, porém Carla prometeu a Grace que manteria contato com a sua querida e adorável irmã e isto confortou um pouco o coração da mais velha. Thomas conversou brevemente com Raymond e o fez prometer que cuidaria muito bem da sua preciosidade e que depois dele conseguir ganhar o mundo traria sua amada filha de volta. Raymond assentiu concordando com tudo e agradeceu ao sogro por todos os bem feitos feito por ele ao seu favor, e com um abraço apertado se despediu do mesmo.

Carla se aproximou do pai pedindo a sua benção e lhe dando um forte abraço em seguida. O senhor Grey não conseguiu segurar e uma lágrima escapou de seus olhos. Ele sabia que a partir daquele momento a sua filha estaria voando para longe de seus cuidados e proteção, mas se alegrava em saber que um grande sonho estava prestes a ser realizado e isto era um grande motivo para não ficar triste.

- Minha filha. – Iniciou segurando seu rosto com suas duas mãos. – Você é tão parecida com esse velho aqui, e talvez por isso eu fique mais tranquilo em ver você indo para longe de mim, pois sei que lutará com todas as suas forças pelo o que acredita e pelo seu bem. – Carla naquela altura já se desmanchava em lágrimas. – Eu amo muito você e a sua irmão e me orgulho muito das mulheres que se tornaram. Não chore, isto não é um adeus... Muito em breve você voltará para cá novamente e eu, o seu pai estarei de braços abertos esperando por você.

- Ah pai... – Foi tudo o que Carla disse, mas Thomas sabia quais eram todas as palavras que aquela pequena frase queria dizer. – Eu te amo! – Disse ao se afastar do pai indo em direção ao marido que já a esperava no jatinho particular da família.

"A cada chamado da vida, o coração deve estar pronto para a despedida e para novo começo, com ânimo e sem lamúrias. Aberto sempre para novos compromissos. Dentro de cada começar mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver."

- Hermann Hesse

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