Prólogo

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          "Essa é minha última tentativa."

          Estou declamando este mantra a mais de vinte minutos e o objetivo é simples: convencer-me de que não irei tentar mais nada. Não irei mais me rebelar contra meus pais.

          Se atuar como um investigador não der certo, vou apenas colocar o rabo entre as pernas e seguir o caminho traçado pelos meus pais: como médico na clínica da família, casar com alguma herdeira e construir uma nova família para ter filhos que também deverão ser médicos - 'afinal' a tradição não pode morrer.

          Sinto um aperto no coração quando me lembro da expressão de minha mãe quando eu disse que queria "experimentar outras profissões" para descobrir minha vocação, antes de começar a atuar como médico. Ela pôs a mão no peito e sentou-se no sofá - claramente fazendo drama.

          Mas nada se compara com a reação do meu pai: quebrar algumas taças na parede e esbravejar que eu sou igual ao meu irmão.

          A verdade é que eu apenas nunca fui contra ao que me era imposto. Meu irmão, em compensação, sabia há muito tempo quem e como ele era. Ele é gay, isso não vai mudar. Ele queria ser cabeleireiro e não médico. Isso também não iria mudar.

          Tudo o que meu pai mais odeia: gay e um filho não ser médico.

          Nossa irmã mais velha se tornou o exemplo da família. Ela se tornou uma cirurgiã respeitável, casou-se com o filho de um dos amigos de papai e agora está grávida de seu primeiro filho.

          Lembro-me quando éramos crianças que ela sempre dizia que queria ser uma artista de rua. Mas também me lembro do quanto nosso pai a repreendeu quando ela fez um teste para um grupo circense.

          Nunca mais ela disse o que queria.

          A partir de então ela tornou-se uma marionete. Fez aulas de etiqueta, estudou piano e por fim foi estudar medicina nos EUA.

          Antes de eu entrar para a faculdade de medicina a procurei. Disse-lhe que tinha dúvidas sobre ser médico. Ela apenas me disse para não contrariar o papai e que com o tempo eu iria me acostumar.

          Ainda não me acostumei.

          Quando terminei a faculdade aos 26 anos eu decidi ir buscar minha própria felicidade.

          Obviamente, fui expulso de casa. Passei por algumas dificuldades financeiras, mas com o tempo fui me acostumando.

          Fiz alguns bicos como encanador, mecânico, atendente de telemarketing, recepcionista de um hotel cinco estrelas e, por fim, resolvi fazer o concurso para a polícia civil.

          Foi extremamente difícil.

          Quase desisti durante a prova física. Mas minha curiosidade em saber como é ser um investigador não me deixou desistir.

          Agora estou dentro de meu carro - um Saveiro vermelho - e sinto meu corpo hesitando.

          Só Deus sabe o que pode acontecer comigo no Departamento de Crimes Violentos.

          Seja o que Deus quiser.

          Dei a partida e segui para o meu novo destino.

          "Essa é minha última tentativa."

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Gente, esse BookTrailer eu ganhei de uma promoção... Eu amei e queria compartilhar com vocês. ❤😭

E aí? Espero que esteja muito bem ❤
Primeiramente gostaria de agradecer por ter chegado ao fim deste capítulo... Também gostaria de lhe dizer que vem muita história por aí e ficarei muito feliz em compartilhar essa sensação com você!

E agora? Será que Rafael fez a escolha certa?

RENDA-SE! A Casa Caiu...  (COMPLETO) (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora