Vivendo E Aprendendo - Parte 2

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          Martin continuou sua atuação meio forçada — bem que me falaram que ele não serve para se disfarçar — mas que, como um milagre, convence ao Picolé — que diferente do que pensei, é um rapaz muito afeiçoado, um tanto forte e branco. Fui um babaca por pensar que seria negro só porque é o chefe do morro.

          Isso que dá conviver tanto tempo com pais preconceituosos.

          Vanessa entrou no clima e fingiu não nos conhecer.

          Douglas está aproveitando da situação o máximo possível — e estou sentindo uma leve sensação de ciúmes. Vira e mexe ele tenta pôr a mão na coxa de Vanessa, que sutilmente a tira e dá uma apertada em seu dedo, fazendo-o se remexer.

          Bem feito.

          O telefone de Picolé toca e ele se afasta de nós um pouco e depois volta falando:

          — Pessoal, vou ter que ir lá no baile um pouco. Uma das minhas garotas está me chamando. Depois de resolver os bagulhos lá eu volto. Enquanto isso vocês podem tomar umas bebidas e botar o papo em dia. Jaé?

          — Tipo assim, vou sentir sua falta aqui, gato — Vanessa fala enquanto mastiga um chiclete — e você ainda não me respondeu se vai me arrumar as paradas...

          — Estou indo resolver isso agora. — Ele diz enquanto beija a mão de Vanessa.

          Ele chama dois caras pra ir com ele e pede para Tiquinho ficar do lado de fora da porta.

          — Qualquer coisa é só chamar ele, morou?

          Assentimos e então ele saiu.

          — Que merda vocês estão fazendo aqui? Isso poderia ter comprometido o nosso plano.

          — Porra, Vanessa, você parou de falar do nada. Pensei que tivesse em perigo. — Martin responde em tom de preocupação — E não viemos aqui por querer. Foi meio que uma coincidência.

          — Mas por que vocês pararam de responder? — Dessa vez fui eu quem perguntou.

          — É uma longa história, amigo. — Douglas fala suspirando.

          — Quase que meu lado justiceiro estragou tudo. Graças a Deus que o Picolé achou que eu só queria o bem dele.

          — O que aconteceu exatamente? — Agora estou ficando curioso.

          — A Vanessa salvou o Picolé.

          — Ãh?!? — Martin e eu expressamos juntos.

          — Pois é, aconteceu assim. — Ela disse bebericando um copo de água.

          Ela se levantou e começou a caçar pistas no cômodo.

          — Um cara iria acertá-lo por trás. Eu vi então o contive...

          — Na verdade ela deu uma voadora e derrubou o cara o imobilizando. Nem eu acreditei que ela fez aquilo. — Douglas deu uma risada abafada.

          — Não exagera, Douglas. Não é pra tanto. — Vanessa leva a mão à nuca.

          — Só sei que o Picolé achou que ela fosse o anjo da guarda dele, então a tratou como Best Friend depois disso. E matou o cara em nossa frente pela afronta de tentar acertá-lo por trás.

          — Na hora que ataquei o cara o ponto caiu e acabou danificando um pouco. Por isso demorei a contatá-los. E na segunda vez, quando tentei entrar em contato, os caras estavam vindo então me assustei e acabei deixando cair no chão de novo. Para eles não verem eu chutei para debaixo do sofá.

RENDA-SE! A Casa Caiu...  (COMPLETO) (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora