Segredos Enraizados

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Quando corri em direção a explosão e vi o criminoso com uma pistola, rindo dos policiais que apontavam suas armas para ele, eu sinto toda a minha raiva me possuir. Se Douglas realmente estava dentro daquele carro eu não sei o que irei fazer.

O criminoso olha em minha direção e diz enquanto gargalha:

— Você não é tão esperta quando eu pensei, delegada. Nem ao menos percebeu que estava salvando quem não estava realmente em perigo. — Ele gargalha mais alto — Se serve de consolo, ele acreditava que você fosse me pegar e ainda conseguiria resgatá-lo.

Não me controlo. Antes que eu pudesse raciocinar, pressiono o gatilho e atiro.

Não sei quantas vezes atirei, só sei que alguns policiais vieram em minha direção me obrigando a parar.

Mesmo enquanto ele se esvai sangrando com os diversos tiros no peito que lhe dei, o sorriso demoníaco permanece em seu rosto. Como se zombasse da morte de Douglas.

Caminho até meu carro e saio em disparada.

Eu falhei com Douglas. Eu falhei com minha equipe.

Ainda por cima tirei a vida de um homem, pela primeira vez.

Pode parecer algo trivial para alguém que enfrenta todos os tipos de lixos da sociedade, mas saber que arrancou a vida de uma pessoa pesa muito a consciência.

O pior de tudo é que não me arrependo. E isso me assusta ainda mais.

Quando dou por mim, nem sei mais para onde estou indo.

Olho para uma placa que informa que já estou em direção ao litoral.

Quanto tempo eu estive andando sem rumo?

Olho para o painel do carro e percebo que estou quase sem gasolina.

Depois de mais algum tempo de viagem, vejo um estabelecimento próximo a rodovia. E por sorte tem um posto de gasolina.

Saio do carro e peço para o jovem frentista encher o tanque. Ele afirma, me encarando perplexo.

Estranho seu olhar então vou até o banheiro que tinha dentro da lanchonete.

As poucas pessoas que estavam ali fazem o mesmo.

Uma mulher que estava junto a uma criança, a coloca mais próxima de si e me encara, com olhar de medo.

Eu aceno, na tentativa de tranquilizá-la, mas ela se levanta e sai do estabelecimento.

Entro no banheiro. Nele tem um extenso espelho sobre um lavatório. Quando observo minha imagem, percebo o que está causando pavor nas pessoas.

Estou descabelada e minha regata azul clara está completamente ensanguentada — provavelmente do sangue de Martin. Também estou ostentando uma arma na cintura.

Ok. Eu também ficaria com medo se fosse um deles.

Tento me limpar, mas acabo piorando tudo. A mancha de sangue agora se espalhou por quase toda a regata.

A retiro e lavo-a. E em seguida a visto novamente.

Uma pneumonia seria o menor dos meus problemas.

Tento ajeitar meu cabelo penteando com os dedos e como não tive um bom resultado, o prendo em um coque frouxo.

Meu reflexo no espelho revela as olheiras das noites sem dormir e os olhos inchados e vermelhos do choro que derramei a algumas horas atrás.

Se eu já não me achava atraente antes, agora então...

Quando saio do banheiro vejo dois PMs me aguardando.

RENDA-SE! A Casa Caiu...  (COMPLETO) (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora