São tempos difíceis. O continente está tenso, prestes a ser consumado em guerra. Mais e mais catástrofes naturais aconteciam sem a menor explicação. Os estupros e assassinatos aumentaram. As árvores e plantações não dão frutos como davam antigamente...
Depois da noite em que conheci o príncipe e seus amiguinhos (que depois aprendi que os nomes eram Oli, para o ruivinho, e Luke para o moreno alto bonito), eles me falaram que ainda passariam cerca de um mês em Ard Skellig, antes de poderem retornar para Streymoy. Quando perguntei o que fariam durante o mês, apenas disseram que eu não havia me provado ainda, portanto não era de confiança.
Eu não levei para o lado pessoal. Considerando as circunstâncias sobre as quais nos conhecemos, e como eu consigo dar sempre uma adorável primeira impressão, eu também não confiaria em mim.
Passaríamos então mais alguns dias em Blandare, sob o pretexto de que William e os comparsas estavam tentando descobrir mais sobre as intenções do Rei Simon. Me ofereci para ajudar, mas novamente fui negado. Comecei a me perguntar porque eu estava fazendo aquilo mesmo, mas bastava olhar como Niall se tornara tão esperançoso e otimista desde aquela noite para entender que precisava fazer aquilo.
Os amigos dele, a família dele, poderiam estar vivos e bem na ilha ao Norte. Valia a pena fazer o que fosse preciso para podermos achá-los. Niall faria qualquer coisa por eles, e eu faria qualquer coisa por Niall.
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Depois de dois dias parado, decidi que era melhor fazer algo útil enquanto não me deixavam participar das missões "oficiais". Acordei cedo, tomei um longo banho e preparei meu equipamento de bruxo para poder trabalhar. Estávamos instalados em uma taberna no centro do vilarejo, eu dividia meu quarto com Niall, e o principezinho dividia outro com os dois súditos.
Assim que saí do meu quarto, percebi William parado a alguns metros, encostado na parede e olhando para um ponto qualquer no chão, perdido em pensamentos. Ele se vestia de forma similar a mim, usando uma leve armadura em cota de malha, calças escuras e botas de coro que iam até perto do joelho, além de possuir uma espada embainhada na cintura. A barba tinha sido feita, deixando seu rosto completamente liso. Notei também que ele era ainda mais baixo do que tinha reparado ontem quando ele estava com armadura. Andei em direção à escadaria que dava acesso ao térreo da taberna, passando por ele e chamando sua atenção.
- Aonde vai, Styles? - Ele perguntou e eu parei de andar, me virando para encará-lo.
- Trabalhar.
- O seu ofício como... bruxo, quer dizer? - Ele perguntou arqueando uma sobrancelha e eu concordei com a cabeça. - Entendo... eu o acompanharei. É uma boa oportunidade para ver do que é capaz, não?
