Discovered Book

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Hellooooo viados e viadas do Vale Colorido!!! 😋✌🌈

Turo bom com cês?

Nada pode ser dito sobre esse capítulo, apenas sentido. E desculpa por ter sumido. Prometo que vou recompensar a demora 🙏

Boa leitura! ;)
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(Ouçam o cover de Viva La Vida by Chase Eagleson)

Afundei a pá na terra e grunhi com o esforço. Meu corpo tremia por estar fraco e com frio. A chuva caía forte em mim, lavando o sangue de minha pele, exceto por partes onde o sangue estava seco e impregnado em mim. Deixava a minha camisa antes branca manchada em rosa.

Era dia, mas quase tão escuro quanto uma noite. Ao redor, havia uma floresta escura que em outros momentos era cheia de vida e cor. Porém não naquele momento. Naquele momento os animais se escondiam e se protegiam do frio.

Minha respiração estava entrecortada e meus olhos teimavam em fechar, mas eu insistia em continuar abrindo eles. Era o meu dever continuar. Devia continuar por ele. Eu não sabia o que faria depois daquilo, mas não importava, porque eu tinha uma missão.

Gotas d'água caíam sobre minha testa e se juntavam com suor, conforme eu cavava a terra. Tinha noção de que uma das minhas pernas estava quebrada e retorcida, mas eu apenas tentava ignorar e não por peso nela, o que acabava requerendo que eu me equilibrasse por uma perna só.

Quando terminei de cavar, me encontrava dentro da cova que eu imaginava estar do tamanho certo. Sete palmos era a regra, certo? Respirei fundo, tentando afastar minha fatiga. Olhei ao redor, tentando encontrar o melhor modo de subir de volta. Apoiei minhas mãos em raízes de plantas que pareciam firmes o suficiente e fui escalando, usando apenas uma perna.

Uma vez fora da cova, olhei para o corpo deitado a poucos metros distante. A chuva havia lavado o sangue dele também e ele estava pálido como jamais estivera.

Niall não gostava de ficar pálido, dizia que o sol era um presente dos deuses, feito para nos deixar bonitos e gloriosos. Inevitavelmente, ele ficou mais claro do que já era quando se mudou para Ard Skellig, mas ainda dava um jeito de se manter relativamente bronzeado.

Fiz uma careta quando percebi que meus olhos estavam ficando marejados. De novo não.

Engoli em seco e manquei até o corpo, agachando com uma perna só e sentando no chão. Soltei um gemido baixo de dor quando minha perna esquerda se arrastou no chão. Ela latejava quando algo triscava nela, mas se eu a mantivesse imóvel, ficava apenas dormente.

Com cuidado, puxei o corpo de Niall para poder segurá-lo, mantendo um braço no tronco e outro nas pernas dele. Tentei ignorar a sensação de agonia em segurar meu melhor amigo morto tão perto de mim. Engolindo outro choro quando me lembrei que costumávamos pegar um ao outro no colo, naqueles quase raros momentos em que nos divertíamos igual duas crianças.

Fui me arrastando pelo chão até a cova, puxando-o comigo. Quando cheguei na beira do buraco, ergui-o para apoiá-lo em meu ombro.

Fui descendo até o fundo, usando apenas uma mão e uma perna. Era difícil, porém o desafio me mantinha motivado. Apoiei meu pé em uma raiz fraca e ela arrebentou. Consegui empurrar o irlandês para longe para que eu não caísse em cima dele, mas isso me fez ficar desatento sobre o resto do meu corpo.

Caí deitado na terra, com força, e senti minha perna quebrada torcendo ainda mais com o impacto. Rugi de dor, com lágrimas saindo dos meus olhos. Minha respiração ficou ainda mais irregular e pesada, o mundo girava. Permaneci parado, com os olhos fechados, me concentrando em engolir ar para esperar a dor diminuir.

Os Campos de Ard Skellig (Larry)Onde histórias criam vida. Descubra agora