Rio Pardo o grande confronto

A Retirada

Após caminhar alguns metros D’Lukas e Larissa encontraram uma escada que lavava para fora do esgoto.

- Primeiro as damas!

- Vá por inferno.

D’Lukas olhou para ela e sorriu e disse novamente:

- Primeiro as damas!

- Idiota – Larissa resmungou enquanto subia a escada.

Na superfície estava tudo destruído, a grande cidade estava em chamas enquanto aviões do primeiro comando lançavam bombas a todo instante. Não estava mais chovendo, mas não se podia ver o céu, pois uma grande nuvem de fumaça cobria toda a cidade.

Os dois continuaram andando pelas ruas repletas de corpos deformados com seus pedaços espalhados e ratos comendo seus restos.

Naquele momento Larissa ficou paralisada ao ver o cenário pelo qual estava passando e se lembrando de Diego simplesmente caiu de joelhos aos prantos.

Vendo-a daquele jeito D’Lukas se aproximou e disse:

- Vai ficar tudo bem! – Ele limpou suas lágrimas e a ajudou a levantar. – Vamos para a Capital Sul e encontraremos os outros.

Larissa desviou seu olhar por cima do s seu ombro. Seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas.

- Depois disso tudo a vida nunca mais será como antes! – Disse ela.

Depois de todo o tempo juntos D’Lukas finalmente conseguiu a ver com clareza. Ele simplesmente ficou em silencio enquanto olhava para seu cabelo ruivo, sua pele clara e depois olhou profundamente em seus olhos azuis.

- É, mas cabe a nós torna-la melhor possível. – Respondeu com um sorriso.

Larissa estava sem entender. Pois de um minuto para o outro D’Lukas deixou de ser um debochador e se tornou-se uma pessoa cuidadosa, e ela realmente estava se sentindo melhor com sua presença, melhor e mais segura, na medida do possível.

Os dois seguiram caminho, e por alguns minutos tudo ficou silencioso e como não se via ninguém as ruas pareciam ser de uma cidade fantasma.

- Ei! – Ecoou um grito por todo o cenário fazendo ambos se assustarem e depois respirarem aliviados vendo que era um dos soldados da OUMA. – Vocês estão muito expostos. Saiam daí.

Rapidamente eles correndo para a casa onde estava o soldado. Era uma casa simples e pequena. Ele e mais quatro soldados desmontavam uma plataforma de metralhadora e se preparavam para abandonar o local.

- O que vocês estão fazendo?  - Perguntou D’Lukas.

- Hakimov ordenou uma retirada. Daqui a quatro horas temos que nos juntar ao sétimo regimento e vamos deixar a cidade para depois atacarmos com o oitavo pelotão.

D’Lukas soltou um grande suspiro e olhou para o soldado que era loiro e tinha olhos castanho claro.

- Parece que as coisas estão ficando mais difíceis do que eu pensava.

Larissa aproximou-se e perguntou:
- Como vocês se chamam?

- Eu me chamo Leandro Almeida – respondeu o loiro de olhos castanho claro.

- Eu me chamo Seth.

Seth era rapaz franzino e seu capacete tomava quase toda a sua cabeça, por isso não se podia ver mais nada além de seu rosto pardo e seus olhos pretos.

- Aquele ali se chama Jackson Barry – Continuou a dizer Seth enquanto apontava para um homem alto de pele muito clara com uma cicatriz que tomava toda a sua bochecha. – Ele não é muito de falar.

- E aquele outro ali – continuou ele – é o Gordo!

Larissa olhou assustada para o rapaz magro de bochechas um pouco maiores que o normal.

- Por que te chamam de gordo? – Perguntou.

- Apelido Carinhoso! – Seth interrompeu. – E vocês, como se chamam?

- Meu nome é Larissa e aquele é o D’Lukas.

- Te dei autorização para falar meu nome? – Falou ele resmungando.
Larissa revirou os olhos.

- Ok! Agora que já fomos apresentados vamos sair daqui, se não vamos ficar para trás quando as tropas se retirarem. – Disse Leandro enquanto colocava a metralhadora em seu ombro.

Logo todos pegaram os suprimentos e algumas armas e começaram a andar de ruínas em ruínas. Era uma caminhada difícil, lenta e cuidadosa, pois se algum regimento do Primeiro Comando os visse eles seriam certamente dizimados.
Depois de um tempo começou a escurecer e a cidade parecia uma fogueira gigante. Ambos andavam em fila indiana para facilitar a passagem de todos. Gordo ia à frente, pois ele era o sniper do grupo, seguido por Seth que manuseava uma Thompson, depois Leandro com uma metralhadora M60, seguido por Larissa, D’Lukas e Jackson, que estava sempre desconfiado.

- Esperem! – Gordo sussurrou de repente e se deitou nos destroços e todos os acompanharam.

- O que você tá vendo? – Perguntou D’Lukas.

- Quatro inimigos aparentemente conversando e comendo alguma coisa.

- Só quatro? – Perguntou Jackson.

- Só estou vendo eles.

Jackson se levantou e apontou seu rifle M1 Garand na direção deles.

- O que você tá fazendo? – perguntou Seth.

- Eles são apenas quatro, nós damos conta.

- Abaixa essa arma!

- Pode deixar que eu consigo! – Disse Jackson e depois apertou o gatilho.
Imediatamente um dos soldados caiu baleado enquanto Jackson disparou outras sete vezes e matou os outros três.

- Hahaha! Eu disse que conseguiria – Ele sorriu.

De repente surgiu do prédio à frente uma poderosa rajada de metralhadora que o acertou em cheio e imediatamente os outros se jogaram par trás de uma pequena parede.

Logo após um tanque de guerra saiu de um beco perto de onde os quatro soldados estavam.

- Agora a gente tá ferrado! – Gritou D’Lukas.

- Gordo você é o sniper. Por que não abate o cara da metralhadora? – falou Seth enquanto pegava algumas granadas.

- Falar é fácil né seu merda! – respondeu ele.

Seth dividiu as granas com todos e continuou:
- A gente te cobre.

- Ok. Sendo assim vamos lá!

Goro se apoiou ao ado de uns escombros enquanto os outro lançaram as granadas e no momento das explosões ele viu o movimento do soldado que manuseava e metralhadora e em um disparo rápido o abateu.

- Beleza. Agora só falta o tanque! – Leandro ironizou.

- Isso lá é hora pra piadas? – Larissa se irritou – Estamos a ponto de morrer!

De repente o tanque de guerra explodiu e o prédio a sua frente teve toda a sua faixada destruída em uma explosão.

- Agora não falta nada. – Leandro sorriu assustado.

- Quem fez isso?

Todos estavam espantados, ate que da escuridão saíram três soldados de sua unidade militar portando dois lança foguetes e todos respiraram aliviados.