Capítulo 2

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Carlos

Já se passaram seis meses desde que fui dispensado do meu emprego, e até agora não consegui nada. É o último mês do meu seguro desemprego, não sei mais o que fazer...
Já procurei de tudo... De vendedor até garçom, e nada.

Luiza é o anjo da minha vida, quando ela chega em casa a atmosfera muda, não consigo me achar tão fracassado quanto eu me sinto quando eu estou sozinho.

A cumprimento e ela vai tomar um banho, fico na porta escutando sobre seu dia, seus olhos brilham quando me descreve os arranjos que criou, como foi os pedidos dos clientes, ela realmente ama o que faz.

Quando acaba, a deixo sozinha e começo a preparar o jantar, Luiza se junta a mim na cozinha e começa a perguntar sobre o meu dia.

- E aí alguma novidade hoje?
É sempre a mesma pergunta e a mesma resposta... Ela me olha tão cheia de esperança que não consigo encarar seu olhar. Abaixo a cabeça e respondo:

- Não nenhuma novidade ainda...
Agora é ela que não consegue me encarar... Me sinto um merda por essa situação, mas não sei mais o que fazer.

Logo voltamos a conversar sobre o seu dia, que as vendas estão cada dia melhor e que estão se preparando para contatar mais vendedoras. Luiza não consegue disfarçar seu olhar de otimismo, como se isso fosse me ajudar a me sentir melhor... ou conseguir um emprego. Ela percebe que o meu humor muda, é sempre o mesmo assunto trabalho ou emprego, trabalho ou emprego... Estou de saco cheio... Até parece que não tento mudar isso.

Deixo-a sozinha, preciso respirar ou vamos começar a discutir novamente...

(Lembrança on) Cheguei da rua de cabeça quente, só gastei combustível e não consegui nada pra variar... Deitei-me no sofá, ligo a TV pra ver se me distraio um pouco, quando Luiza chega, já me olha decepcionada...

- De novo no sofá. Ela me diz e já sinto meu sangue ferver.

- Como assim de novo no sofá, todo dia saio cedo e só chego a tarde procurando emprego.

- Será mesmo

A olho incrédulo, não acredito que ela me disse isso. Levanto já puxando meus cabelos. Já faz três meses que estou parado, estava demorando pra ela começar a jogar na minha cara nossa situação. Nem respondo, saio em direção a porta.

-  Onde você vai?

Ela percebe que estou fora de mim, estou tão irritado, acho que estou sufocando com todos esses sentimentos dentro de mim, meu único pensamento é sou um fracasso...

- Vou sair, não aguento seu olhar desconfiado, já me sinto um merda o suficiente sem você precisar me falar.

Ela vem atrás e começa a gritar:

- Por que então não tenta mudar isso!!!

A encaro de volta apenas para vê-la encostada na porta chorando, saio de lá mais ferrado ainda.

Paro no primeiro bar que vejo, hoje vou esquecer, vou beber até esquecer. Peço um copo de pinga, viro num gole só, mais aí em vez de me sentir melhor me sinto pior. Onde estou com a cabeça... Pago a bebida e volto pra casa.

Entro e tudo está escuro, vou até o quarto e Luiza está na cama ainda chorando, deito do seu lado já abraçando pedindo perdão. Ela se vira e me olha de diz:

-Eu é que te peço perdão, não sei o que deu e mim.

Como se eu não soubesse que ela também está no limite, foi isso que aconteceu, estamos desgastado de tanta preocupação.

- Fica tranquila já passou, como você mesma me disse, vamos passar por isso juntos...

Ficamos abraçados até cairmos no sono... (lembrança off)

Estou sentado na frente de casa, meus pensamentos teimam em voltar pra aquele dia que discutimos. Hoje quando acontece de me sentir sufocado, sento aqui fora e acendo um cigarro. Fecho os olhos e rezo pra que amanhã seja tudo diferente.


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Beijos, Pa Borin

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