Capítulo 16

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Luiza

Montando meus arranjos deixo meus pensamentos fluírem... penso no meu casamento com Carlos, no que eu vivi com Murilo e no que Beto acabou de me falar. Estou perdida, amo muito o Carlos, mas não posso negar que estou balançada com a volta do Muka, sei que as coisas são como devia ser, se não estamos juntos foi porque não era pra ser. Penso que sempre quis uma família grande, mas Carlos sempre achou que não era o momento certo pra eu realizar esse sonho... ele sempre quis crescer profissionalmente, sempre falando que pra gente ter um filho tínhamos que ter uma condição melhor, quem sabe agora com esse novo emprego não aumentamos a família.

Vejo Beto se aproximando com um buquê que amei montar, coloquei muito da minha personalidade nele com minhas flores preferidas, o lírio e a rosa.

- Entrega para você meu doce!!! – Ele fala me estendendo as flores.

Sorrio e abraço as flores com carinho, será que Carlos quis me paparicar hoje devido ao que aconteceu à noite.

- Tem um bilhete, lê logo que eu estou tendo cólicas de curiosidade aqui pra ver sua reação!!!! – Beto fala super empolgado e começo a suspeitar que não foi Carlos que me mandou as flores.

Pego o envelope em minhas mãos e enquanto leio a mensagem meus olhos se enchem d'água, Muka sempre me surpreendendo...

...O perfume da tua pele,
o aroma da tua alma,
não evaporam
da minha memória:
Exalam saudades...

Sempre seu Murilo

Fecho os olhos e absorvo o sentido das suas palavras, ele sente a minha falta...
Beto apenas me observa com um sorriso no rosto e eu não sei nem o que falar pra ele sobre como me sinto. Me viro a procura de um vaso onde possa colocar minhas flores e para tentar me recompor também, Murilo sempre sobre soube como me abalar, sempre soube como me fazer amá-lo, era tão simples... como respirar.

Quando me viro Beto já não está mais ao meu lado, agradeço por isso e tomo uma decisão vou confrontar Carlos sobre o ocorrido de ontem. Pego minha bolsa e meu cel, chamo um Uber e aviso o pessoal que vou dar uma saída e já volto. Faço todo o percurso até o trabalho de Carlos em silêncio, vou chamá-lo para almoçarmos juntos e assim podermos conversar.

Na empresa me apresento e recebo um crachá com o nome visitante, me informo para onde devo ir sigo para o elevador. Chegando no andar que foi me indicado vejo uma morena de costas falando ao celular, ela veste um macacão branco e tem um corpo de dar inveja. Ela finaliza a ligação e se vira em minha direção, realmente ela é muito linda, será que é com essa mulher que Carlos trabalha?

- Olá, posso ajudá-la? – Ela me pergunta.

-Ah... oi, sou a esposa do Carlos, Luiza, tudo bem? Vim falar com ele. Ele está?– percebo que sua fisionomia muda e ela me mede dos pés à cabeça.

- Muito prazer... sou a Carina. Sou parceira de trabalho do Carlos, ele está sim. – Ela se aproxima e me abraça, acho estranho sua reação e não me movo, ainda mais quando percebo seu cheiro... uma mistura do perfume do Carlos com provavelmente o perfume que ela usa. A afasto e ela se encaminha para uma sala onde bate na porta e ouço falarem entre, ela abre a porta e vejo Carlos atrás da mesa lendo uns papéis.

- Carlos você tem visita!!! Sua esposa veio te ver!!! – ele levanta o olhar e o sinto ficar tenso, que merda está acontecendo aqui.

- Oi amor, vim te ver!!! – falo passando por Carina e fazendo questão de fechar a porta em sua cara, meu instinto diz que tem alguma coisa errada aqui e pra não confiar nela.

- Oi, o que você faz aqui? – Ele fala preocupado.

- Ué vim te ver, você saiu sem falar comigo hoje pela manhã e pensei em almoçarmos juntos, o que você acha?

- Estou cheio de trabalho por isso sai mais cedo de casa hoje, acabei pedindo comida, vou comer por aqui mesmo pra dar conta de tudo. Devia ter me ligado ao invés de vir até aqui.

Carlos se levanta e se encaminha para a porta, estranho sua reação, é como se ele estivesse me expulsando da sua sala, não só pode ser coisa da minha cabeça. Me aproximo e o abraço apertado, na mesma hora reconheço o cheiro que estava na Carina nele, meus olhos se enchem de lágrimas mas não deixo elas caírem, engulo o choro e o solto.

- Está bem já vou indo então... – falo ainda encostada nele, vejo que a gola da sua camisa está virada e começo a ajeita-lá até perceber uma marca de batom.

O solto e me despeço sem conseguir encara-lo, encontro Carina no mesmo lugar que a encontrei quando cheguei só que a diferença é que está segurando um batom e finge retocar sua maquiagem. Percebo que é a mesma cor que estava marcado na gola do Carlos, ela me da um sorrisinho de canto e me mostra ainda mais o batom em sua mão como que pra me mostrar que ela que fez a marca. Agora sei o porque meu santo não bateu com o dela... Vacaranha!!!! Sigo para o elevador sem conseguir enxergar direito devido às lágrimas que se acumulam e eu não as deixo cair, entro e aperto o botão do térreo e aí sim deixo elas caírem.

- Luiza... o que aconteceu? Por que está chorando?

Essa voz, merda... como não percebi que não estava sozinha no elevador. O que Murilo faz aqui?

E agora o que vocês me falam????
Essa Carina não tem vergonha na cara né? Fez que fez não? E Carlos evitando Luiza... não sei não!!!!
Mas parece que Muka já foi em seu socorro!!!

Bjs
P. Borin

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