Capítulo Doze

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— Maravilhosa. — Elogiou uma das costureiras. — O vestido ficou perfeito.

Para uma ocasião inesperada, tenho que concordar. Afinal, Trevor Halister está na Sala Principal recebendo as famílias predominantes. Como o esperado, os rumores sobre o casamento do Alfa do Clã se espalhou rapidamente. As notícias da minha chegada está sendo comemorado por todos. 
Uma Princesa de sangue nobre vivendo no Clã, recebi flores e várias caixas de bombons. A parte boa? EU AMO CHOCOLATE, eu já acabei com uma caixa e tem mais quatro para aproveitar.

— Não coma muito doce. — Falou Freya, terminando de prender as pulseiras em meu pulso. — Não fará bem ao bebê. Todos os alimentos precisam de moderação, principalmente alimentos muito gordurosos.

— É apenas chocolate. — Bufei.

— Vá até o espelho! — Disse uma das serviçais com orgulho transmitido na voz.

Eu fiquei completamente apaixonada pelo vestido, ele tinha uma cor de salmão. O corpete todo bordado com cores suaves, flores foram retratadas com  cristais e pedrarias. A saia longa e fluída, confeccionada por uma sede delicada e possuindo cinto de tule em crinol e laço. 

— As nossas noites são longas e frias. Vista esse casaco de pele. — sugeriu a costureira.

O casaco de pele branco, me deixou mais elegante e sofisticada.

— Pelos Deuses da Lua, você está belíssima.

— O Líder Trevor soube escolher a sua noiva, felicidades no casamento.

— Agradeço a todas pela ajuda. Estão liberadas e fiquem para o jantar. — Digo, sorridente.

As fêmeas fazem uma mesura, saindo do meu quarto. Só Freya ficou admirando meu vestido com um sorriso radiante. 

— Trevor vai se apaixonar por você.

Foi impossível não rir, Freya só pode estar ficando louca.

— Não, é claro que não. Nosso casamento foi arranjado e vantajoso para o Clã. Não faço ideia o que meu pai ofereceu a ele, mas tenho certeza que Trevor lucrou muito com nossa união.

Freya assentiu, ficando pensativa por alguns minutos.

— Você também razão, ambos lucraram com esse casamento. Está em segurança, ninguém vai ferir o bebê quando ele nascer. Acredito… — Freya hesitou por alguns segundos. — Não quero ser impertinente e não quero ofendê-la, longe disso…

— Pode falar, Freya. Você é uma boa amiga, ficou do meu lado em momentos difíceis.

— Eu acredito que o Rei Akhenaton causaria algum mal ao bebê quando ele nascesse. — Diz, apertando as próprias mãos.

— Eu também acredito, Freya. Você não é a única com esses pensamentos.

A Curandeira relaxou, aquiescendo.

— Você também está linda; — realmente, Freya era belíssima. Uma pele marrom, que lembram meus deliciosos bombons. O cabelo castanhos e cacheados, que chegando até o ombro. Um rosto delicado, boca pequena e olhos avelãs. — O vestido ficou ótimo em você. 

— O Salário no Castelo era bom, sempre adorei moda e ficar por dentro das tendências das outras Ilhas. Então não me procurava em gastar minhas moedas de ouro em belos vestidos.

— Eu vou falar com o Trevor, você precisa de um lugar neste Clã.

Freya aproximou-se, segurando na minha mão.

— Você é muito bondosa, Breanne. Os rumores na Capital são verdadeiros, você tinha um amante? — A Bruxa olha-me concentrada.

— Sim, são verdadeiros.

Ela balança a cabeça.

— O pai do bebê, é o Príncipe Tristan?

Acho que minha reação entregou toda a verdade, porque Freya simplesmente me abraçou. A demonstração de afeto e lealdade fez que as lágrimas escapassem dos meus olhos.

— Eu o amo, eu amo o Príncipe Tristan.

A Curandeira secou minhas lágrimas com as mãos.

— Breanne, agora não é um momento. Controle-se, respire fundo. Você pode conversar comigo quando achar necessário, vou estar sempre aqui.

Tudo bem, funguei o meu nariz de uma maneira bastante deselegante.

— Certo, eu só preciso de um tempo.

— Vou deixá-la sozinha! — Freya faz uma mesura, virando-se para sair do quarto.

Tenho que confessar os sentimentos que existem dentro de mim. Mesmo com as mentiras que assombram meus pensamentos, fazendo o arrependimento corromper meu coração. Não sei se um dia vou conseguir amar novamente, não de uma maneira tão intensa e profunda. 
Infelizmente a verdade não fica escondida por muito tempo. Um dia ela chega, carregando consigo as dores que não somos capazes de esquecer ou simplesmente deixar de lado. O tempo é um grande amigo da verdade, ele vai acompanhá-la com satisfação. Para mostrar verdadeiras personalidades, para desmascarar os falsos e trazer revelações.

— Gostaria de saber o porquê a minha esposa ainda não desceu na Grande Sala?

O cheiro forte do Macho impregnou no cômodo. O cheiro de mandarina e canela, limpei minhas lágrimas antes de me virar.

— Eu estava pensando. — Respondo sem jeito.

— Você não estava pensando, estava chorando. — Trevor aproxima-se, avaliando meu perfil. — Esquecer um amor não é uma tarefa fácil. Por mais que você lute para esquecer as lembranças e os sentimentos permanecem por anos. E para nós imortais, por séculos.

Funguei o nariz, Trevor deslizou as pontas dos dedos para limpar as lágrimas que insistem em cair.

— Eu sei quem é o pai do seu filho. E sei como ele a enganou. O Rei Akhenaton me contou tudo…

— Quais foram as condições? O que meu Pai ofereceu a você? — Minhas perguntas fogem como uma flecha lançada, interrompendo o macho.

— Muito ouro, terras e um título de Arquiduque. Breanne, eu posso entendê-la. Para você não é simples e natural, não vai amar meu Clã hoje ou amanhã. No entanto, quero que lute para ser feliz aqui. Não vou colocar um dedo em você; — havia ternura e compreensão no olhar do macho. Algo dentro de mim acreditou fielmente nas suas palavras. — Ninguém vai tocar em você, mas preciso que se recomponha. Há vários lobisomens na Grande Sala, esperando para conhecê-la.

— Você tem razão. Eu sinto muito, não deveria pensar nele. Não agora. Eu vou retocar minha maquiagem; — vou até minha penteadeira, secando meus olhos com lenços e retocando os pequenos detalhes que as lágrimas mancharam. — Trevor, você já esqueceu um amor?

Quando percebo a intensidade da minha pergunta era tarde demais. O macho ficou completamente inerte, olhando meu rosto pelo reflexo do espelho. 

— Desculpa, eu não deveria…

— Sim, eu precisei esquecer um grande amor. Na verdade, eram duas.

Viro-me para encarar aquelas íris acinzentadas.

— Duas?

— Minha Esposa e filha; — A garganta do macho oscilou, ele pisca os cílios várias vezes para afastar as lágrimas. — Você está exuberante, Princesa Breanne. Vou esperá-la na Grande Sala. Com licença. 

O macho não me deu oportunidade para responder o seu elogio ou dizer a ele o quanto estava lindo. Trevor simplesmente saiu do quarto, deixando meu coração tolo e ingênuo sentindo por suas perdas. 

A ESCOLHIDA - Clãs LunaresOnde histórias criam vida. Descubra agora