FINN WOLFHARD
Não consigo encontrar palavras para descrever como me sinto. Feliz parece uma palavra insuficiente para o que estou sentindo. O vento bagunça um pouco meu cabelo, e enquanto estou pedalando, tudo parece mais claro. Como se uma onda de resposta invadisse meu corpo, e eu sei o que deveria fazer agora.
- Jack, pare! - grito, fazendo o pequeno garoto parar e me olhar confuso. - Tem algo que eu preciso te dizer.
Ele assente, incentivando-me a falar as três palavras que estavam sufocando minha garganta.
- Tenho que me assumir - digo, rapidamente.
Ele me olha como se eu estivesse louco, aproxima-se de mim e me encara como uma expressão indecifrável.
- Você está falando sério? - pergunta.
- Sim, nunca falei tão sério. Não aguento mais ficar escondido, não aguento mais não poder te levar para casa - falo, sem nem ao menos respirar.
- Você não precisa falar senão estiver pronto.
- Esse é o ponto: eu estou pronto.
- Eu sempre vou estar aqui para te apoiar, mas por que você quer dizer para seu pai... Para todo mundo?
- Porque eu amo você.
- Isso não deveria ser um momento meu, Finn. Esse momento é seu. Só seu.
- Eu entendo, mas você é um dos motivos. Querendo ou não, você se tornou uma parte de mim.
Ele pressiona sua cabeça contra meu peito, abraça minha cintura e sinto suas mãos fazendo desenhos invisíveis no meu tronco.
- Se eles não te apoiarem, se você ficar mal, eu me culparia pra sempre, Finn.
- Você sabe que isso vai acontecer, né? E isso não vai ser nem sua culpa, nem minha. Seja o que for, nada mudará o que eu sinto por você.
- Droga! Odeio quando você fica meloso, sinto vontade de te beijar até o mundo acabar - ele disse, suspirando.
Dou uma risada, e sinto algumas lágrimas saírem de meus olhos. Ele me encara, sorrindo.
- Ainda não entreguei seu presente - disse, sorrindo para ele.
- Sim, você já me entregou o melhor presente do mundo. Seu amor. Você está perdoado - Jack disse, logo em seguida, selando nossos lábios em um selinho de três malditos segundos.
- Quero te beijar mais, seu tolo - sussurro.
Beijo-o intensamente, sem pensar nas consequências. Acabo me entregando por completo para Jack, e sinto que independente de tudo, seus lábios sempre serão minha casa.
- Agora, leve-me para casa como o bom cavalheiro que você é - Jack fala, com uma voz calma.
- É para já, meu príncipe - digo, dando um abraço forte nele. - Dessa vez eu deixo você ganhar na corrida de bike.
- Como se você precisasse! - ele disse, correndo para pedalar.
♡♡♡
Após uma noite cheia de mensagens e áudios vindo de Jack, posso falar com todas as letras: eu estou pronto.
- Nick, acho que é agora - digo, dando um soquinho no ombro dele.
- Bem... Você sabe o que fazer, seja forte. Vai dar certo - ele disse, pausando seu jogo, dá uma encarada em mim e sorri. - Você quer um gole de cerveja?
- Não, não tenho idade para isso, seu doido.
- Essa é a resposta certa! Enfim, só estava tentando te descontrair. Agora, vá lá, respire fundo e solte a bomba - ele disse, abraçando-me fortemente. - Você é especial. Não importe o que aquele velho fale.
- Obrigado... Estou indo, deseje-me sorte - digo.
Ele me olha antes de eu sair da sala, indo para o quarto de meu pai. Na verdade, rastejando. Sinto um aperto no meu peito, e minha garganta doer como se não houvesse amanhã. É o momento. Isso definirá tudo. Tremo de ansiedade.
Bato na porta, escuto um "entre" e a voz de meu pai me dá arrepios. Abro a porta, olhando meu pai deitado na cama, assistindo ao futebol. Haveria momento mais perfeito?
- Pai... Preciso falar com o Senhor - minha voz soa firme, mesmo eu estando desmoronando de ansiedade.
- Sou todo ouvidos, meu filho! Depois de tanta humilhação desse time fracassado, prefiro mil vezes escutar um adolescente - ele disse, virando-se para me olhar. Meu pai se senta na cama, fita-me curioso quando percebe meu nervosismo. - O que, garoto?
- Eu não consigo... - meus olhos ficam marejados.
- O que foi, Finn? - sua voz fica cada vez mais séria.
Fico arrependido por não ter feito um texto e decorado, pois não há uma palavra em minha cabeça.
- Por favor, aceite-me do jeito que eu sou - minhas mãos tremem, minha respiração fica ofegante e cada segundo que passa, sinto vontade de ir embora.
- Diga logo, menino! - ele grita, impaciente.
- EU SOU BISSEXUAL - também grito, explodindo em lágrimas. - EU GOSTO DE GAROTAS E GAROTOS!
Silêncio. Escuta um barulho na cama, passos em minha direção, um tapa em minha cara e meu rosto queimando. Essa é a resposta.
- Você o quê, Finn Wolfhard? - ele pergunta, bruscamente. Empurra meu peito, e me prende contra a parede.
Sinto um nó na minha garganta e um rio de lágrimas saírem pelos meus olhos, sua mão forte aperta meu pescoço, até eu implorar baixinho para ele parar.
- VOCÊ O QUÊ, SUA BICHA? - ele pergunta, com raiva.
- Po-por fa-fa-favor... - não resta mais lágrimas, sinto eu morrendo aos poucos.
A porta é aberta com força, Nick dá um soco na cara de meu pai e eu fecho meus olhos com força, rezando para que tudo acabasse.
Gritos. Gritos. Bicha. Gritos. Gritos. Meu irmão gritando. Meu pai calado. Minha mãe gritando. Meus olhos pesando. Tudo ficando escuro novamente.
♡♡♡
nao queria prolongar esse capítulo, por motivos: chorei muito. sem mentiras, chorei escrevendo pq sei que isso acontece com muitas pessoas.
perdão pela demora, escola é uma droga, mas enfim, obrigada por quem ainda ler isso. amo vocês, até a próxima💘
VOCÊ ESTÁ LENDO
He likes boys • fack
Fiksi PenggemarFinn Wolfhard começa a duvidar sobre sua sexualidade após receber um selinho de seu melhor amigo que é assumidamente gay, Jack Grazer. Uma estória que retrata a adolescência e suas descobertas mais profundas sobre si mesmo. Só que, no meio do camin...