Capítulo 43- Parte 1

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 Depois de o Liam repetir o que quer que ele lhe tenha dito, Niall desliga o telemóvel e atira-o contra a madeira da cama, fazendo-me saltar ligeiramente. O rosto dele avermelha-se, a luz dos seus olhos apaga-se e ele parece querer descarregar tudo o que tem de sair de dentro dele, urgentemente.

Niall levanta-se e começa a dar pontapés a toda a sua mobília, socando o seu roupeiro. Em minha defesa, eu encolho-me e encosto-me à parede, analisando as suas reações. O que é que o Jake fez que o deixou assim? O meu cérebro manda-me falar, perguntar-lhe o que se passa, mas eu simplesmente não consigo.

A certa altura, Niall olha para mim e acalma-se. Os seus músculos deixam de ficar tenso e ele deixa-se cair na outra ponta da cama, suspirando. Talvez tenha reparado que fiquei com medo, eu lembro-me que ele fazia de tudo para que eu deixasse de ter medo dele.

"Desculpa, eu passei-me." Niall diz, escondendo a cara nas suas mãos enormes, enquanto apoiava os cotovelos nos seus joelhos. 

"O que se passou?" Questiono, calmamente. Um arrepio escorrega pela minha espinha e o seu olhar azul prende-se em mim.

["Lembras-te da Rose? E do caule? E das folhas?"] Isto é na brincadeira!! xD

"Lembras-te da Rose? E do Ryan?" Niall pergunta, preparando a sua resposta.

A Rose era a rapariga que segurava o iPad na festa que os amigos do Niall fizeram para se encontrarem. Ela estava a mostrar-nos fotografias de manicures e, do nada, tinhamos começado a ver as unhas umas das outras. Quanto ao Ryan, julgo que era o proprietário da casa onde eles estavam, mas não tenho a certeza.

"Sim," Respondo e ele desvia o olhar: "porquê?"

"O Jake assassinou-os há uma hora!" Ele replica e o meu queixo cai. "Aquele merda já anda a fazer mais merda!" Niall exalta-se, tombando no colchão com as mãos a esfregarem a sua cara.

"Niall, eu lamento." Murmuro e ele suspira entre dentes.

"E o pior, é que a bófia vai pensar que fui eu. Outra vez!" Ele grita, rebolando e enterrando a cabeça no meio dos cobertores.

Lenta e cuidadosamente, eu gatinho até ele, sentando-me ao seu lado. Uma das minhas mãos corre pelo seu cabelo loiro enquanto a outra caminhava até ao seu queixo. Conscientemente, eu levanto o seu queixo, fazendo-o olhar para mim. Os seus olhos escuros e raiados de sangue pareciam transbordar ódio, que fazia o meu coração palpitar no meu peito.

"Niall, um dia, vão saber que 70% do que tu fizeste, na verdade, não foi feito por ti. Ele vai ter o que merece." Alerto-o e ele revira os olhos.

"Eu vou matar aquele cabrão." Niall garante.

"Não podes, Niall. Se o matares, a verdade morre com ele... se a verdade morrer com ele, vais ter de pagar os teus crimes e os dele." Aviso-o e ele hesita, por breves momentos.

Não me consigo imaginar longe dele; não consigo sequer pensar no como seria a minha vida se tivesse de o ir visitar à prisão, vê-lo atrás de grades cinzentas e cobertas de ferrugem. Não sei o que iria ser de mim se ele fosse preso e só vinte, quarenta ou cinquenta anos depois saísse da prisão.

"Tens razão." Ele admite.

"Pois tenho." Rio, tentando aliviar a tensão entre nós. 

"Promete-me uma coisa." Niall pede, ficando ainda mais sério do que o que já estava.

"Diz." Retruco.

"Promete-me que, esteja eu como estiver, nunca vais ter medo de mim." Ele suplica e eu sorrio, balançando a cabeça.

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