Capítulo 1

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Das centenas de coisas que Lizzy poderia considerar ruim, nenhuma chegava perto das reclamações da sua mãe. Para Anne Bennet, a única verdade terrível do mundo era ser a melhor organizadora de eventos e principalmente de casamentos de Meryton e ainda possuir três filhas solteiras. E por três, significava todas filhas solteiras. Aliás, essa desgraça só perdia para o fato de ter sido contratada para organizar o casamento de Charlotte Lucas e Richard Collins. Nas palavras da própria mulher: "Uma afronta!" Tudo porque Charlotte, além de ser melhor amiga de Elizabeth, também estava para se casar com o ex dela.

— Céus, mamãe! Eu não vou roubar Collins horas antes dele se casar com minha melhor amiga. — Elizabeth repetiu, tentando se fazer ouvir dessa vez. Escondendo a expressão entre as caixas que organizava na van adesivada da Meryton Matrimônios.

—Tecnicamente, ela o roubou de você primeiro. Não seria traição, seria apenas justiça — Anne trouxe mais caixas e as entregou para filha.

— Charlotte não roubou Richard, eu terminei com ele. Aliás, um lance de duas semanas. — relembrou — Apresentá-los foi uma das melhores coisas que eu poderia ter feito, eu me livrei dele.

Lizzy não podia dizer que detestara Collins. Até se interessara por ele quando se esbarraram pela primeira vez, quase dois anos antes. Secretamente alimentara a esperança de se darem bem. No entanto, bastou um encontro para descobrir que ele só conseguia falar sobre si. Quando parava, era para falar sobre sua madrasta. A toda poderosa Catherine de Bourgh, dona de metade da Inglaterra e sabe lá mais de quantos países. Lizzy desconfiava que a sogra de sua melhor amiga era uma espécie de viúva-negra, todos seus maridos já haviam falecido. E cada vez ela se tornava mais rica. Mesmo não sendo responsável pelo afilhado, ela o havia criado. Talvez ela fosse uma viúva-negra com algum coração.

— Você está sendo insensata, Collins era um jovem maravilhoso — a senhora afirmou.

—Um excelente partido, rico, bonitinho. Mas como homem? Eu não conseguiria aguentar. — Elizabeth prendeu seus cabelos castanhos em um rabo de cavalo, como sempre fazia para ganhar tempo. Nesse instante, Paul Bennet surgiu na entrada da empresa trazendo mais caixas para ajudar.

—Aqui está ele. — Anne se aproximou do marido.

— Aqui estou eu. — retrucou o homem perdido.

— Diga a essa garota o quanto Collins era ótimo. — Anne sempre recorria ao marido quando não conseguia convencer a Elizabeth sozinha.

— Ah sim, ele era excelente! — Lizzy lançou um olhar incrédulo para o pai, ela sabia que ele não aprovava Collins tanto quanto ela. — Principalmente para insônia. Meia hora de conversa com ele é o suficiente para cair no sono. — A piscadinha de Paul para filha, não foi bem recebida pela esposa.

— Ah Paul, é por isso que suas filhas estão assim... — revirou os olhos caminhando para o banco do passageiro e fazendo questão de fechar a porta com força.

— ... solteiras! — Lizzy completou, antes de pegar os últimos pacotes da mão do pai e trancar as portas da van.

— Sua mãe tem um jeito especial de demonstrar o amor, você sabe, não é?

—É uma pena que só o senhor saiba lidar com ela.

—Quem disse que eu sei, querida? Eu apenas finjo! — ele piscou outra vez e sorriu. — Dirija com cuidado!

— Até mais tarde! — Lizzy se despediu do pai mais calma, lidar com ele era mil vezes mais fácil de lidar com a mãe. Ao entrar no veículo ouviu a mãe suspirar ruidosamente. Um grito silencioso de "eu estou bem aqui, você não pode me ignorar", mas como dizem, o fruto não cai longe da árvore. Como boa Bennet que era, apenas ligou na estação de rádio local e seguiu o trajeto programado.

Minha mãe quer que eu caseOnde histórias criam vida. Descubra agora