Capitulo 10 - Do amor ao ódio

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Capitulo 10 - Do amor ao ódio

— O que você está fazendo aqui essa hora? - Tomo um susto e olho para trás, estou no meu atelie, com a luz de um abajur bem fraco.

Não queria acordar ninguém, estou sentada no chão, com meu quadro quebrado e rasgado e os olhos cheio de lágrimas, que não caem mais porque já chorei muito. É bobeira minha chorar por culpa de um quadro que nem é especial pra mim, ele não tem nada demais, só o primeiro que eu fiz na aula, e alguém quebrou, de propósito ou não, eu não sei, mas me dá uma angústia olhar para minha arte assim, ser destruída.

— Gabrielle? - Damian entra, vindo na minha direção, seco meus olhos com as mãos e fungo.

— Desculpa, te acordei? - Junto o quadro e escondo atrás de mim, olho para ele, que apenas me observou desconfiado.

— Não, nossos quartos é no andar de cima, esqueceu? - Ele aponta para trás com o dedão. — E eu acabei de chegar. - Franzo a testa e olho para cima, onde tem um relógio de parede, de ferro preto, com engrenagem para enfeitar, já são quase 2 da manhã.

— Você não se sente cansado voltando tão tarde para sua casa? - Vejo ele andando até a parede de vidro e se senta no chão, com os cotovelos nos joelhos e os braços retos, para olhar pra ele tenho que virar a cabeça para o lado esquerdo.

— Que diferença faz voltar tarde e estar às 2 da manhã no ateliê? Ambos estamos acordados. - Ele inclina a cabeça, apoiando no vidro, enquanto continua me olhando. — O que você estava fazendo?

— Na-nada. Nada, oras. - Dou de ombros e olho para minha mão cutucando minha unha, fingindo que estava fazendo isso até agora.

— Claro, nada suspeito, você ai, sentada no chão, as duas da manhã a noite toda olhando pro chão. - Olho para ele de canto e volto a olhar minha mão. — E o fato de que estava chorando.

— Eu não estava chorando! - Viro o rosto olhando para ele, franzindo a testa, brava.

— O que aconteceu com o quadro? - Ele pergunta, erguendo o queixo, como se apontasse para onde eu tinha escondido. — Você sabe que mesmo quebrado, você é pequena e magrela, dá pra ver ele daqui.

Pego o quadro, eu deveria ter escondido em pé, coloco na minha frente e abro, ele está todo borrado, com as tintas que caiu, mas já secou, então não dá para limpar.

— Alguém quebrou. - Não adianta acariciar ele não vai ser consertado, meus olhos enchem de lágrimas novamente.

— Você mal chegou no colégio e já te odeiam? - Ele dá uma risada abafada, reviro os olhos bufando.

— Tá vendo porque não conto?

— Se não quisesse era só falar que você quebrou sem querer. - Ele da de ombros. — Já sabe quem fez? - Balanço a cabeça, negativamente, ele respira fundo e se levanta, vindo na minha direção, se agacha olhando o quadro. — Tem conserto?

— Claro que não. - Faço bico olhando meu quadro.

— Faz outro então. - Olho para ele brava, ele me olha, piscando. — O quê? Não pode? Não quer? É muito simples, Gabrielle. - Ele gesticula com a mão. — Então arruma algum outro quadro que você não gostou e deixa ainda melhor. - Ele ergue uma sobrancelha, eu imito ele.

Ele pensa que é assim? Que nós pintores ficamos procurando defeitinho para "arrumar" nossa arte? Arrumar...

— Arrumar... É isso! - Me levanto erguendo meu braço, mas acabo batendo bem no queixo de Damian.

Promessas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora