O jantar e o bilhete

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-Ah o teu tio? Não , não te aflijas pois usamos um encantamento nele. Ele julga que estás fora por alguma razão relacionado aos estudos. – ela mentiu.

-Menos mal, mas Granus conhece a minha casa. O meu tio corre perigo. – Ele segurou o braço dela.

Nisso ela deu-o um abraço apertado. Ela não acreditou no que acabou de fazer mas isso não era nada já que Lúcio precisava de um ombro amigo.

-Fique mais algum tempo por aqui. Encontre todas as respostas de que procuras. Podemos ver no livro de registos de Tunteia se os teus pais são ou não são Magicalls. – Kanna aconselhou-lhe ainda abraçando-o.

-Obrigado. Estás sendo uma grande amiga.

Kanna fica um pouco envergonhada depois de tê-lo abraçado e afastou-se um pouco. Antes de descer a escada ele convidou o Lúcio para jantar com a sua família mais tarde.

***

Lúcio estava no quarto. Alguém bateu na porta. Era a Kanna chamando-o para o jantar. Ele estava pronto, então saiu. A Kanna estava logo atrás da porta. Os seus olhos encontram-se e tudo o que Lúcio pôde dizer foi um "oi".

Eles andaram no imenso corredor ao caminho da sala de jantar.

-És muito corajosa. Fiquei impressionado quando lutaste com Granus. – Lúcio afirma enquanto caminhavam.

-Obrigado. Eu aprendi desde de pequena como me defender. – Kanna respondeu ao elogio – Tu também és corajoso. Como conseguiste anular a magia de Granus?

Lúcio duvidava se era ele mesmo quem tinha feito aquilo.

-Eu não sei. Aconteceu. – Ele sorriu.

-Como se divertem aqui? – Ele indagou – Não tem internet, nem televisão.

-Tem tudo isso aqui! Se temos energia elétrica porque não teríamos televisão e net? – Kanna pergunta sarcástica.

-Ah é mesmo? – Lúcio responde com uma outra pergunta.

Kanna parou e disse:

-Apesar de termos Net aqui não gostamos muito disso. Temos as nossas próprias diversões talvez eu te mostre qualquer dia desse.

Lúcio continuou andando pensando que Kanna o alcançaria mas...

-Aonde é que tu vais, Lúcio? – Ela fez-lhe de bobo – Chegamos!

Ele virou e abriu um sorriso e a Kanna sorriu de volta. Ela abriu a porta de madeira e eles entraram.

A família de Kanna estava reunida à mesa. Estavam apenas esperando-os chegarem para servirem o jantar. Assim que entraram todos no recinto fitaram os olhos curiosos no Lúcio. Estavam ansiosos para conhecer o rapaz da Marca.

A sala era espaçosa, com uma mesa grande no centro onde a família sentava e as cadeiras eram altas e com um designer antiquário entretanto muito bonito. Assim como a mesa que tinha capacidade para vinte cadeiras. Havia um lustre no teto que produzia uma iluminação suave, propicia para o jantar. Os servos estavam à volta da mesa, eram quatros e todos bem vestidos. A mesa estava farta mas Lucio não fixou os olhos para não causar um mà impressão.

-Esse é Lúcio. – Kanna apresentou-o.

-Seja Bem-vindo Lúcio. - O soberano da Tunteia levantou e apertou calorosamente a mão do Lúcio. – O meu nome é Nerith.-

-O soberano da Tunteia - Kanna acrescentou.

-Eu sou Yvis, a mãe de Kanna, prazer.

-E sob... - Kanna ia falar quando...

-Soberana de Tunteia, eu sei Kanna – Lucio obstruiu-a.

Todos riram.

-Esses são meus irmãos: Hachi e Nemi. –Kanna apontou para os dois rapazinhos que estavam à mesa.

-Prazer conhecer-vos.

-Então essa é a Marca – O Nerith disse analisando a Marca do jovem. – Desculpem pelos transtornos causados pelo Sai e os seus discípulos.

Nerith era um sujeito simpático. Ele tinha a o rosto quadrado e cabelos longos. Era forte, apesar de não ser mais jovem, vestia uma veste tão escura quanto os seus olhos. Tinha alguns cabelos brancos que denunciavam-lhe a idade. Ele tinha a fama de ser um guerreiro brilhante e dizem que ele derrotou todo o tipo de criaturas negras.

-Fique à-vontade Lúcio. Tem um lugar para ti na mesa. – A senhora Yvis encaminhou o garoto até a mesa.

Ela era linda e tinha a sobrancelha fina e os mesmos olhos acastanhados e juntos que nem a filha. Aparentava ser um pouco mais nova do que o marido. Tinha um a face redonda e trajava um longo e lindo vestido que varria o chão.

Lúcio sentou e desde então não parava de responder as questões feitas pelos miúdos sobre a sua Marca. Ele respondia um à um. Os miúdos com os olhos curiosos e arregalados ficaram atentos na resposta do jovem.

Nemi tinha sete anos e Hachi tinha oito, ambos parecidos com o pai mas herdaram os cabelos castanhos da mãe.

A janta foi servida e enquanto comiam...

-Eu soube que amanha Kanna levar-te-á até o centro da cidade para consultarem o livro de registro. – A senhora Yvis proferiu.

-Sim. Talvez eu possa conhecer o passado dos meus pais. Eles morreram e não sei quase nada sobre eles.

-Podes contar connosco no que precisares meu rapaz. – Nerith garantiu.

Durante o jantar a Kanna não disse nada apenas observava o Lúcio mas desviava o olhar quando ele pegava-a.

Depois do jantar, Lúcio foi para torre pois era o único lugar daquele imenso castelo em que ele sentia-se à-vontade.

Estava uma noite linda. A lua tocava nas montanhas e as estrelas piscavam harmoniosamente. Ele vê para baixo e observa a cidade iluminada. Era energia elétrica, assim como no castelo. Os Magicalls eram instruídos, eles normalmente se misturvam com os Não-Magicalls para aprenderem os mais variados ofícios. Assim como Granus que era professor, existiam muitos Magicalls que viviam e trabalhavam entre os nós. Quem sabe se um grande cientista, medico, cantor e outros não eram Magicalls.

Lúcio estava mergulhado nos seus pensamentos quando lhe apareceu Kanna. Ele sempre a detectava pelos seus passos gentis e delicados provocada pelo atrito entre o chão e sua sandália.

Ela aproximou-se dele mas continuou calada só observando-o. Ela não queria interrompe-lo na sua meditação. Mas, mal sabia que o Lúcio perdia o foco quando ela estava por perto.

-Noite linda! – Lúcio falou ficando de cara com ela. Porem, a Kanna não falou uma só palavra. Percebendo que alguma coisa estava mal, Lúcio perguntou-lha o que havia acontecido.

-Eu menti...sobre o teu...teu tio! -ela gaguejou procurando uma forma suave de dar uma má noticia. Mas, ela não era boa nisso. O Lúcio não entendeu o porque dessa revelação. Os olhos dele fitaram atentamente nos da Kanna dando a impressão de "eu não sei do que esta falando".

-O teu tio desapareceu depois daquele episódio com Granus. Sai e os seus discípulos levaram ele para Thoern. E, enviaram-nos isto. Ela entregou-lhe um pedaço de papel. Os olhos do Lúcio ficaram trémulas, o seu coração batia mais forte e parecia que sairia fora do peito. Ele tomou coragem e leu o bilhete.

"Prodígio eu peguei o seu tio. Não iremos machuca-lo caso vieres até Thoern. A sua vida depende de ti. Venha sozinho. PS: Tu conheces o portão de entrada? Eu penso que sim".

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