Fly: Sinta-se

Capítulo 4

Faziam alguns dias que eu estava tendo sonhos com a mesma pessoa encapuzada e sem rosto, aquilo me dava medo e me atormentava, vez ou outra quando eu saía na rua via aquele rosto cheio de borrões nos rostos das pessoas, mas tudo bem, era apenas um pesadelo que se repetia, talvez por eu estar em uma fase ruim de minha vida, isso esteja afetando meu sono.
Já tem umas duas semanas que não vejo Tobías, é agoniante, e acaba com todas as minhas esperanças de poder ouvir sua voz novamente, vez ou outra eu via Alice, ela sempre me olhava mas nunca chegou perto de mim para conversar, era desconfortável mas eu não ligava muito para isso e apenas seguia em frente como se não tivesse a visto. Eu e Lúcia saímos algumas vezes, era bom estar com ela e não me sentir sozinha por um tempo, não me sentir tão solitária em casa, eu realmente estava desanimada com tudo, mas Lúcia estava me ajudando com isso, saíamos e bebíamos, ela ficava rodeada de homens, e eu por um motivo totalmente idiota não me dava a esse prazer também. Tobías, eu só queria um homem, e era ele.

*********

Lúcia me mandou mensagem hoje, me chamou para ir à um bar que iria inaugurar a noite, eu aceitei é claro, o que mais eu iria ficar fazendo em casa sozinha?

Me arrumei, pus uma roupa simples nada chamativo, e fui encontrar Lú.

Era um bar bonito, típico bar novo, sabe? Nós ficamos ali bebendo e conversando até que Lúcia encontrou umas amigas dela e logo ficou ali com elas jogando conversa fora. É, eu estava sobrando.
Disse a ela que não estava me sentindo muito bem e peguei minha bolsa e casaco para sair dali. Logo quando se sai desse bar, não tem muita iluminação e por conta da hora não tinha pessoas na rua, começo a ouvir uns barulhos estranhos mas ignoro, e de repente escuto o assobio de alguém atrás de mim, olho mas não tem ninguém então apresso meus passos e de repente alguém me puxa para um beco pelo qual eu estava passando, era ele, o homem com o rosto feito de borrões, de repente sinto minha cabeça bater na parede e fico tonta ao ponto de desmaiar.

Vejo uma luz forte em minha direção e na direção do tal homem encapuzado e logo em seguida desmaio.

Acordo em minha casa, em minha cama. Como cheguei aqui? Será que eu estava tão bêbada ao ponto de nem me lembrar como cheguei em casa?
E aquele homem novamente? Aquilo só podia ser um sonho, Pensei. Da próxima vez vou beber menos, não quero ter esse tipo de alucinação ou sei lá, sonho, que seja! Não era nada real. Não era nada real.

- Não foi nada real, Ellen. NADA REAL! - Eu dizia à mim mesma

Me levantei da cama e fui até minha minúscula cozinha fazer café, afinal, o que um bom café não pode resolver?
Pego minha xícara e vou até a varanda tomar um pouco de ar, fiquei ali uns cinco minutos até que o vejo, era realmente ele, foi como se tudo ao redor dele sumisse e minha visão focasse apenas nele!. Era Tobías.

-Tobías...- sussurrei baixinho para mim mesma, com ar de surpresa e admiração.

No exato momento em que eu falei seu nome, ele olhou diretamente para mim, apenas olhou e seguiu em frente, sem nem sequer um aceno ou sorriso, apenas se foi. Vê-lo naquela manhã foi como se tivessem colocado colirio em meus olhos, me tirou até um sorriso do rosto apenas olhar para ele.

**********
Eram 19:00 da noite quando escuto meu celular tocar.

* Número desconhecido*

Mesmo assim atendo e ninguém fala nada, fico alguns segundos tentando saber quem é mas não escuto nada, então desligo e volto a ver meu filme. 10 minutos depois me ligam novamente do mesmo número desconhecido, atendo e o silêncio se repete, então decido que não irei atender mais este número.
Termino de assistir ao filme e vou dormir, apenas me deito e em menos de dez minutos já estou dormindo profundamente.

Estou em um lugar cheio de árvores, me parecia ser aquele mesmo lugar do primeiro sonho, mas desta vez era claro, está de dia e não tenho tanto medo como da última vez, estou calma e...perdida. Sinto alguém atrás de mim tocar meu ombro, mas não consigo me virar para ver quem é. De repente a tal pessoa ou seja lá o que for que está atrás de mim, me abraça, e sinto como se estivesse sendo libertada de tudo que me prende, sinto o peso que carrego dentro de mim ir embora, me sinto em paz e me encontro. Fecho meus olhos e finalmente consigo virar-me e olhar para ele. Era Tobías, ele havia me tirado daquela escuridão. Fecho meus olhos e aproximo minha boca da sua, e quando nossos lábios estavam prestes a se tocarem, abro meus olhos e o vejo, o homem sem rosto, ele me empurra com tamanha força que eu pareço voar para longe, e quando me levanto, vários insetos me atacam e me fazem pequenos arranhões em meus braços que eu estava tentando me proteger.