capítulo 12

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   Aquela noite foi uma das melhores que tive nos últimos meses, à tempos eu não me divertia com alguém. Se a intenção de Tobias era me impressionar, ele conseguiu, nunca vi nada parecido com o que ele fez, na verdade nunca vi nada de interessante. Lembrar dele saindo por minha janela, com suas asas maravilhosamente lindas  só me fazia pensar: e as minhas asas? Ainda ás tenho? Pensar nisso me fazia pensar estar louca, a idéia de que eu possa ser um anjo, a idéia de que eu sou um anjo é loucura.
   Nunca fui uma pessoa muito religiosa, não desde que me lembro. Minha vida foi meio, como posso dizer...solitária, meus pais não foram os melhores mas sei que fizeram o possível, na real eu nunca tive o apoio deles em minhas decisões, só prestavam atenção em mim quando eu fazia "algo de errado" tipo tirar notas baixas, o que era bem difícil pois sempre fui a típica aluna exemplar. Eu não sou do tipo que vai à igreja ou reza todos os dias, então pra mim essa coisa toda de anjos só se torna mais difícil de entender, eu estou pirando. Fiquei viajando em meus pensamentos um longo tempo, pensando em como seria poder voar, e quando me deu conta já havia adormecido.

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   Eu estava dentro do ônibus, o céu estava totalmente limpo e ventava um pouco, o fim de tarde com certeza era meu momento preferido de todos os dia, e por isso eu costumava ir à beira do rio e observar o sol se pôr. Desci em meu ponto e fui para o banco que sempre ficava, a vista era linda, do outro lado do rio havia uma pequena cabana, ela sempre foi meu foco, o sol sempre se pôs atrás dela, quem morasse ali, se é que alguém já morou ali, seria um puta de um sortudo.
   Eu já estava ali a pelo menos meia hora e quando ouço uma voz feminina.

- Posso me sentar ao seu lado? - Perguntou e e eu assenti.

Eu não sabia quem era e também não conseguia ver o seu rosto pois ela estava em uma sombra e quando sentou-se ao meu lado eu pude reconhece-la.

- Como você está, Ellen?

- Como sabe meu nome? - perguntei no mesmo instante.

Seu semblante fechou e e ela revirou os olhos com ar de tédio.

- Suponho que Tobias não tenha falado de mim, não é mesmo? - Ela arqueou a sobrancelha e deu um leve sorriso.

Supôs certo. Mas eu conheço você, de vista mas conheço. - E não teria como não reconhecer, ela era simplesmente deslumbrante - à vi com Tobias antes.

- Me entristece meu irmão não ter falado de mim para a namoradinha dele- Falou ironicamente. - mas tudo bem, meu nome é Alice prazer.

Ela esticou sua mão para mim e eu fiz o mesmo.

- Prazer. Então, foi por acaso ou você me seguiu? - pergunto

- Na verdade, esse é um dos meus lugares preferidos, mas eu sempre soube que era o seu também, então vim até aqui para poder te explica o que anda acontecendo. - ela dá uma piscada para mim e eu a olho confusa

- Me explica o que anda acontecendo? Como assim?

- Eu estou ajudando Theliel e Tobias à "consertar" a situação de vocês, e infelizmente fiquei com a parte mais chata do plano, enquanto eles estão na terra santa eu tenho que ficar com você, te proteger e blá blá blá, sacou? - Ela diz enquanto se levanta e começa a se alongar como se fosse correr uma maratona

- Tobias está onde? Ele não me falou nada, nem me disse um xau... Onde fica esse lugar? E por qual motivo eu precisaria qyte você me proteja? - Eu falava sem parar

- Calma, querida. Primeiramente, ele sequer teve tempo de te ligar ou sei mandar mensagem, quando Theliel apareceu e disse que tinha um plano, ele apenas foi. Quando se trata de vocês, Tobias nem pensa, faz, e segundamente, esse lugar é uma área localizada entre o rio Jordão e o mar mediterrâneo. Eles foram hoje cedo, é bem provável voltarem pela madrugada, então relaxa viu. Vamos pra sua casa? Tô morta de fome.

- Ah, tudo bem então, vamos pro ponto de ônibus, logo vai passar. Você precisa terminar de contar o restante das coisas.

Ela riu, e quando me virei para pegar minha bolsa senti apenas um pequeno calor e como se algo estivesse reluzindo atrás de mim, quando me viro vejo Alice com asas enormes de cores prateadas um pouco rosadas, vê-las me deu uma falta de ar imensa, devido ao susto que levei.

- Acho que temos um meio de transporte mais rápido aqui, o que acha Ellen?  - Ela mexeu suas asas e sorriu.

- Co-como? Eu não vou. Nem pensar...

Antes mesmo de eu terminar de falar já estavamos voando, eu estava com tanto medo que dificilmente tinha coragem para abrir os olhos, o vento tocando minha pele era uma das melhores sensações.

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- Alice, porque precisa me proteger?

- Ellen, existe um pessoal em cima que não aceita ser contrariado, não sabemos do que podem ser capazes.

Ela abre minha geladeira, pega lasanha, pote de sorvete e alguns salgadinhos e se senta no sofá.

- Você vai comer tudo isso? Haja estômago ein. - falo tentando mudar de assunto

- Você vai me ajudar, senta aqui e come comigo, vamos ver um filme, te fazer se distrair.

Alice e eu ficamos um tempo vendo filme e comendo, além de linda ela tinha senso de humor, apesar de ser grosseira as vezes, ela é uma pessoa super bacana, conversamos até eu cair no sono.

Fly: Sinta-seOnde histórias criam vida. Descubra agora