Minha cabeça estava nas nuvens quando cheguei a editora e já na metade do dia quando percebi que não ia render mais nada, parei e fui pegar um café. Lariana veio atrás de mim, querendo saber qual foi o motivo louco da mensagem. Contei tudo a ela, com todos os detalhes possíveis.
- Sabe, Liz, isso tudo é muito divertido, engraçado e tals, mas pode não dar muito certo a longo prazo.
- Não pensei muito nisso.
- Acho que vale a pena pensar, afinal, não sou a única apaixonada aqui, né?
- Não estou apai...
- Está sim! Não tenta comigo! Como vai ser agora? Você fingiu um namoro com o Evandro, que não vai rolar porque ele é gay, mas só nós sabemos disso! Pense! Você consegue!
- Mas ele só quer transas aleatórias, Lari! - Não contei a ela sobre todo o histórico dele.
- Isso é o que você acha, pode não ser isso.
- Você é uma romântica, mesmo!
- O Olavo ficou sabendo de umas coisas sobre o Joel, que não sei se tenho o direito de te falar, então, só,...pode não ser isso!
- Acho que sei o mesmo que você sabe, Lari, não falei porquê...
- Entendo. O Olavo percebeu tudo, não entendeu, mas percebeu, sem que eu tenha dito qualquer coisa sobre a mensagem, sabe.
- Meu garoto! - Falei com ternura - Me esqueci o quanto ele é sagaz.
- Pois é! Ele disse que quer ter uma boa conversa com você.
- Acho que estou merecendo, né?
- Sim, está.
- Já deu brincar de adolescente!
- Sim.
E foi assim que minha amiga de 21 aninhos me fez ver a luz da razão!. Apaixonada e empolgada, me deixei levar por Analice, que tem ótimas intensões, com certeza, mas é impulsiva que só. O que Joel estaria achando de uma mulher que num minuto está sentada no colo do suposto namorado e horas depois esta berrando seu nome, gozando como louca? Nunca me importei com a opinião dos outros, mas a dele me importava. Estou perdida!!! Precisava do mar e da minha amiga Paulina, mas não foi minha amiga mais velha e experiente que me aconselhou mais uma vez.
Saí da editora e fui direto para a praia. Sentei no quiosque, tomei minha água de côco e depois fui caminhar na areia. Quando parei, me sentei na areia para pensar mais um pouco. Como sairia dessa? Concluí que o melhor a fazer era me afastar.
- Puta merda, Liz! Você só faz cagada! - Falei alto e achei que não seria ouvida, mas não.
- E a cagada teria sido a noite de ontem? Ou tem mais coisas que não consegui captar?
- Olaf! - falei cansada - Preciso de sua defesa!!
- Sou só um estagiário, Liz! - Ele se sentou ao meu lado e me beijou na testa. - Lari disse que conversou com você hoje.
- Conversou? Aquela garota me fez enxergar! Não a perca, Olaf!
- Não vou. Mas agora o assunto é você.
- Certo.
Falamos por horas, contei novamente tudo e desta vez não omiti o que Joel viveu 5 anos atrás. Olavo se calava por longos minutos e me causava uma dor intensa no estômago. Conhecia muito bem suas reações. Ele não estava certo sobre como eu deveria agir e eu muito menos. Resolvi voltar a minha única saída: Me afastar.
Me despedi de Olavo, acenando enquanto ele se afastava e entrava no carro. Fui caminhando devagar para casa e antes de virar minha rua...
- Eu avisei, minha menina, muita água embaixo da ponte!
- Nossa! A senhora me assustou!
- Porque está preocupada.
- Essa a senhora acertou! - falei tentando brincar
- Não adivinhei isso. Está escrito em você. Sei que não acredita em mim... - E acho que estava começando a acreditar! - ...A verdade pode ser dolorida, mas é sempre a melhor opção.
- Hum.
Pelo resto da semana não vi e nem falei com ninguém da família do juiz Joaquim. Em uma tarde no estúdio, entre um cliente e outro, contei a Rubem e Paulina toda a história e ganhei um sermão sem fim. No sábado não estava nem um pouco a fim de ir ao Maximus, mas Paulina e Rubem quase que me obrigaram. Não sei dizer se foi bom ou ruim...mas grande parte do que me incomodava, acabou estranhamente me confortando.
Analice chegou cabisbaixa junto com Micaela e se juntou a nós.
- Desembucha logo para a Liz, amor!
- Ai, Liz! Estou tão envergonhada!
- Tranquilo, Lice! Não precisa explicar. Nossa brincadeira foi longe.
- Demais, vaca! Você não sabe o quanto! Por causa desse meu jeito estúpido e desenfreado, meu primo, meu irmão, está com raiva de mim...e de você.
- Faço uma ideia.
- Não, não faz.
E ela começou a me explicar. Joel tinha ido ao escritório de um amigo na segunda feira, e era o mesmo prédio que Evandro tem seu consultório. Chegando no estacionamento, ele viu meu suposto namorado beijando o seu verdadeiro namorado! Ligou para Analice que foi ao seu encontro e soltou a bomba, então, sem ter como defender o amigo e terapeuta, sem que Joel fosse agarrar seu colarinho, ela acabou contando toda a verdade, tentando me aliviar em tudo, mas acabou me deixando mal...É, pessoal aí do céu! Manda mais que tô achando pouco!! Apaixonada depois de anos e nem sequer largada porque não deu tempo para isso.
- Me perdoa, Liz! - E ela chorou novamente - Meu tio ouviu nossa discussão e veio me dizer que a verdade é dolorida, mas é a melhor opção! Respeito demais tio Joaquim, mas que opção de merda é essa???. Magoei uma pessoa que amo e outra que estou aprendendo a amar.
- Me disseram a mesma coisa, Lice. - As mesmas palavras da cigana! Me levantei e fui abraça-la - Esquece, não era para ser. Também estou aprendendo a te amar, vaca!
- Droga!! Vocês são tão perfeitos juntos!!!
- Lice...lembra do que te falei no meu apartamento?
- Não! Não! Liz, não estou te comparando! Não estou querendo reviver o passado! Não pensa isso, porquê não é!
- Tudo bem! Agora pára de chorar porquê essa não é a Analice que conheci.
- Mil vezes merda!
- É...
E o que não era para ser, terminou antes mesmo de começar! Paciência!. Não encontrei mais Joel. Marquei para sair algumas vezes com Analice e Micaela, conheci Pedro, o namorado de Evandro que era tão boa gente quanto. Olavo e Lariana estavam sempre comigo, e meu amigo não tocava no assunto. Como dizem por aí: Vida que segue! Mas todas as noites, no quentinho do meu travesseiro e silêncio do meu apartamento eu chorava.
***
Depois de algum tempo sem ver ou ouvir falar de Joel, estava saindo da editora conversando com Lariana quando ouvi alguém me chamar
- Liz?
- Sim. Ah! Oi, senhor.
- Podemos falar um instante?
- Sim, é... - Não conseguia entender o que o juiz Joaquim poderia querer falar comigo. - ...algo que eu possa ajudar?
- Não sei se pode ajudar, mas pode tentar.
- Estou ouvindo.
- Sabe, mocinha, conheço você desde muito jovem... você mudou muito.
- Sim, bastante, a vida me ensinou. - Definitivamente não estava entendendo onde ele queria chegar - E, ainda não estou conseguindo entender o que o senhor gostaria de me dizer.
- Você se tornou uma mulher forte, mas imatura para o amor...
- Como é?? O que o senhor sa...
- Veja bem, Liz, amo meu filho e quero vê-lo bem.
- Ah! - Abaixei a cabeça bastante envergonhada, e não tinha motivos para esconder isso, mesmo sendo do juiz Joaquim. - O senhor sabe o que aconteceu...
- Eu criei Joel sozinho desde os seus 8 anos, sei o quanto ele pode ser turrão, mas sei também o quanto ele é justo e preza pela verdade. Estou vendo meu filho pelos cantos, o que ele tenta esconder com maestria, mas eu sei que ele não está bem. Você era a última pessoa que eu imaginaria, mas ele se apaixonou por você.
- Entendi. Não sou digna de seu filho! Mas o senhor pode ficar tranquilo que já tem um tempo que não nos vemos.
- Não, você não entendeu, mocinha! Quero dizer que não gostaria de ver a história se repetir, quero um final feliz para o meu filho porque ele merece! Ele...ele fica olhando aquela foto de tatuagem por horas, ele está levando uma garota diferente a cada dia em casa, está bebendo muito...ele passou por tanta coisa! - Ele passou as mãos pelos cabelos grisalhos, cansado - O que quero dizer é...se gosta dele como minha sobrinha falou, peça desculpas de coração! Fale com ele! Eu sei que ele vai ouvir! Pode querer tentar usar palavras duras com você, mas pelo que sei, você tem a língua afiada...só... estou só pedindo...
- Ok.
Foi a única coisa que conseguir dizer. Minha vontade de chorar era tanta que não pedi licença, apenas dei as costas e saí. Precisava falar com alguém. Naquele momento, precisava de Analice. Liguei para ela e pedi que me encontrasse no shopping para conversarmos um pouco. Estava tão confusa com tudo que o juiz disse. Que ironia, meu Deus!! O homem que arrasou minha vida, agora precisava de mim! Estava apaixonada? Sim. Pensei em Joel todo tempo? Sim. Sentia saudade? Sim. Ainda tinha raiva do juiz? Não...ele era só um pai preocupado com seu filho, coisa que o senhor Marcos nunca teve com sua única filha. E ali, sozinha no meio daquele shopping, eu descobri que minha vida inteira eu odiei a pessoa errada!! Sentei e chorei e foi assim que Analice me encontrou.
- Liz? O que houve? Porque está chorando?
- Porque fiz uma descoberta, Lice! Uma que não gostaria de fazer desse jeito, porque está doendo... - Ela me abraçou e começou a me balançar como criança.
- Me diga por favor! Você pode fazer isso?
- Não sei...
- Você me chamou aqui para conversarmos e te encontro assim, posso ligar para Paulina então, vai te fazer melhor? Eu ligo agora, só por favor, Liz, não me deixe em branco.
- Não precisa, Lice! Falo com Paulina depois. Te chamei aqui porque seu tio veio ao meu encontro e me disse umas coisas sobre Joel.
- E foi esse encontro que te fez ficar assim? Meu tio é uma pessoa muito amorosa, Liz! Não consigo entender!
E assim, como a cigana e o próprio juiz disseram, "a verdade é dolorida, mas é sempre a melhor opção", contei tudo para Analice, toda minha vida, tudo que passei. E não tinha a menor ideia se estava fazendo o que era certo, mas precisava daquilo. Meu coração estava massacrado.
- E assim, me apaixonei pelo filho do juiz que acabo de descobrir que não era a pessoa que eu tinha que odiar.
- Nossa, Liz...Mas por um lado, o Jo te perdoando, e eu sei que ele vai, você não precisa mais se sentir mal por tudo! E posso te dar uma certeza: Se tiver algo possível de ser feito em relação ao seu passado que meu tio possa fazer, ele vai!
- Não sei se isso é possível. Só duas coisas que ele me disse em relação a Joel que não entendi.
- O que foi?
- Disse que ele não pára de olhar a foto de uma tatuagem e disse também que não queria ver a história se repetir. - Ela parou, pensou um pouco e concluiu
- Isso eu também não entendi, mas tudo tem seu tempo, Liz.
- Tempo...
E o tempo passou, para ser precisa, quase dois meses. Minha rotina se resumia a tatuar, ler e desenvolver meus projetos. Analice me ligou algumas vezes para sairmos e eu recusei, o aniversário dela seria no próximo fim de semana e ela não aceitava um não como resposta. Eu iria sim! De alguma forma tinha que sair da inércia que se transformara minha vida em pouco tempo. Eu não sou assim!! Seria a proximidade dos 30 anos? Bom, não sei!
O aniversário de Analice seria na mansão dos Lopez, claro, não seria diferente! E eu estava irremediavelmente tensa em ver Joel novamente. Rubem e Paulina também foram convidados e dei graças a Deus por isso! Eles sempre foram meu esteio. No caminho para a festa, Olavo me ligou perguntando se eu estaria bem em ir. Disse que sim, mas não estava certa disso e ele percebeu. Avisou com carinho que também estaria lá para mim.
O jardim estava abarrotado de gente! A piscina cheia de corpos sarados e sorrisos cheios. O salão anexo com música ao vivo, tinha gente sentada em banquinhos e outros casais deitados em almofadas curtindo o som gostoso que vinha do violão de alguém. A sala se transformou em uma pista de dança, mas como ainda era dia, estava vazia. Analice sabia dar uma festa!!! E em mesmo diante disso tudo, me vi procurando por ele em meio a tantos rostos desconhecidos, mas ele não estava em qualquer parte.
- Vacaaaaa!!!!!! Eu sabia que você não me deixaria!!!
- Nem pensar! - Dei um sorriso amarelo ainda tentando me divertir.
- Pééé! Sorriso errado! Esse é o meu aniversário! Esquece só por hoje de tudo e se divirta, por mim? Se adianta dizer, não sei se "ele" vai descer! Disse que ainda não me perdoou.
- Porque sabia que eu vinha...
- Claro!!!! E o medo de não resistir a você? Onde fica? Liz, mesmo com tudo eu sei, eu sinto! E não venha me dizer que estou bêbada!
- Certo...sou mesmo irresistível! - Debochei - Vou me divertir! Fica sussa!
- É por esse viés, vaca!!! Hakuna Matata!!! - Ela bateu no peito - E verdade! - Ela deu uma piscadinha para mim.
Encontramos Evandro, Pedro, Olavo e Lariana e nos juntamos a eles no anexo com música ao vivo. Já estava ficando alta com a cerveja, rindo e me divertindo, quando senti uma inquietação e a mão de Paulina segurando a minha. Sabia que era ele em algum lugar e minha amiga já tinha visto. De repente, olhei para o pequeno palco montado e vi quando ele sentou no banquinho com um violão e depois de ligar todos os fios com a ajuda de outros dois caras, começou a tocar No regrets do Magic! Comecei a prestar atenção na letra, o que estava sendo difícil, porque só conseguia ouvir aquela voz rouca, dizendo meu nome enquanto gozava. Lembranças! Desejei ardentemente que ele estivesse cantando para mim, mas no último acorde da música, ele olhou para o lado, piscou para a bela loira, a mesma que estava com ele na Casa do Rei, e sorriu aquele sorriso que eu queria que fosse só meu. Senti a mão de Paulina apertar ainda mais a minha. Ela sabia o quanto eu estava devastada.
- Tô sufocando, Lina. Não achei que fosse ser tão difícil constatar! - Se algum dia ele esteve apaixonado como Analice sugeriu, tinha passado. Eu passei! - Preciso...
- Vai, vai dar uma volta por aí!
Saí correndo dali, com um nó gigante se formando na minha garganta, me misturei com as pessoas em volta da piscina, passei pela danceteria na sala de estar, andei por um corredor curto ainda desorientada e vi uma escada. Subi e procurei algum lugar que pudesse me esconder e achei um escritório, onde entrei, me sentei no sofá e deixei as lágrimas caírem. No que eu me tornei, pelo amor de Deus??? Isso acabava agora!!! Limpei as lágrimas e pouco me importando se estava invadindo o lugar de alguém naquela casa, podia ser o escritório dele ou do pai, não me importava. Voltaria para a festa e curtiria tudo! Sem regredir!! Sem arrependimentos!!! Passei a mão no meu antebraço onde a frase da minha primeira tatuagem estava marcada. Avistei um lavabo, ali mesmo naquele escritório, entrei, molhei o rosto e ao sair dei de cara com ele!
- Acho que a festa é lá embaixo!
- Mesmo? Não percebi. - Ele segurou no meu braço e eu olhei em seus olhos crispados - E não vi nenhum segurança me parar.
- Estamos entre amigos aqui. Toda festa que damos, todos sabem que o segundo andar não é parte da festa.
- Tudo bem, doutor! Acho que estou meio bêbada e como não estou entre os "amigos" não sabia dessa regra. Agora, se puder largar o meu braço, posso descer e voltar ao meu lugar. - Ele não soltou meu braço, mas continuou
- Seu lugar? Seu lugar não é nesta festa, não é nesta casa! Aqui é o meu lugar! - Ok! Analice e seu pai advertiram sobre isso. Ele sabia ser cruel, mas não cairia nessa.
- Noooossa! Ok, senhor eu possoetenho, estou saindo! E quer saber? não sei porquê está tão incomodado comigo quando deveria estar dando atenção a sua namorada. Agora solta a pôrra do meu braço!!!!
- Ainda não decidi o que vou fazer com você, já que entrou aqui sem permissão! - Eu gargalhei alto e uni o outro braço ao que ele segurava.
- Vai, me prenda!!! Ó senhor da casa!!! Mas avise a Analice, porque sou convidada dela!
- Ela sabia que eu não te queria aqui.
- Pois é... você conhece bem a sua prima! Agora solta o meu braço, senão vou começar a achar que você realmente não que soltá-lo. - O local em que ele me segurava queimava como todo o meu corpo. Minha boca estava seca e minha calcinha encharcada. Apenas um toque dele, em qualquer lugar do meu corpo fazia isso.
- Solto se eu quiser e quando eu quiser! Já disse, ainda não decidi!
- Tic tac, tic tac...Ah! E, doutor? VÁ.SE.FERRAR.
Puxei com força meu braço para baixo, conseguindo me soltar de seu aperto e me dirigi para a porta. Ele foi mais rápido que eu. Bateu e trancou a porta antes que eu pudesse sair. Girou meu corpo para que eu ficasse de frente para ele e me apertou contra a porta, encostando seu corpo no meu, mostrando que não era só eu que estava com tesão por ali. Ele segurou meu rosto com uma mão, me beijou enquanto que com a outra ele percorria minhas pernas até chegar ao meio de minhas coxas, como sempre fazia e eu adorava. Como eu queria isso!! Como senti falta!!!
- Joel...
- Ainda não!
E quando eu achei que ele fosse me penetrar com seus dedos ali mesmo, ele me pegou, me levou e me deitou no sofá, levantou minha saia jeans, afastou minha calcinha e me chupou, até eu gritar a primeira vez seu nome. Então começou uma dança lenta com a língua, me estocando e me fazendo subir ao céu. Quando gozei, ele não esperou que eu me refizesse, tirou do bolso da bermuda, que já estava em seus joelhos, pois em algum momento ele tinha abaixado sem que eu pudesse ver, uma camisinha, desenrolou no pênis e me penetrou. Com o peso de seu corpo todo em cima de mim e me olhando diretamente nos olhos, ele começou lento e foi acelerando as estocadas até chegarmos ao ápice...juntos!
Ficamos nos olhando enquanto esperávamos nossas respirações se acalmarem. Nunca tinha sido assim, olho nos olhos, silencioso e intenso. Queria continuar naquela bolha, mas uma voz feminina que não conhecia chamou por ele.
- Jo? Você está aí?
- Pôrra! - Ele falou baixo em meu ouvido - É a Mirna
- Quem?
- Minha...
- Ok. Entendi!
Empurrei ele de cima de mim, levantei e fui ao lavabo. Antes de me trancar, fiz sinal para que ele fosse. Ouvi a porta se abrir e algumas frases soltas se afastando
- Sozinho claro...descansar um pouco...
- Podemos ir para o seu...
Esperei ainda uns 5 minutos para descer e voltar para a festa. Quando me aproximei de meus amigos, Evandro bateu na almofada ao seu lado indicando que eu me sentasse ali.
- Achei que tivessem se entendido finalmente, mas acabei de vê-lo passando com a sonsa da Mirna.
- Acho que estou destinada a ser uma foda! Porque me recuso em ser a outra!
- E não dá no mesmo?? - Ele riu - Aquela lá é uma sonsa! Ela viu o jeito que ele saiu daqui quando te viu levantar e correr para dentro.
- Ele viu?
- Quase jogou o violão para o alto! Nada mudou, Liz!
- Tudo mudou, Van! Ele agora está namorando.
- Aquela? Ai, Liz! Já disse, é uma sonsa!
- O que não muda o fato de que são namorados. Sei lá, parecia mais fácil quando ele estava com uma mulher diferente a cada vez.
- Agora você vai me dizer que não quer se sentir mal porque namoro é diferente e blá, blá, blá?
- Como sabe? Não gostaria se fosse comigo, não desejo para o outro.
- Muito nobre de sua parte, mas então, o que acabou de fazer foi o quê?
- Eu não sabia, só depois de...
- Ah, qual é, Liz! Vai atrás dele, pede desculpas pelo que aconteceu, se declara, é isso que ele espera!
- Quando ele estiver sozinho.
- Homens como ele nunca estão sozinhos!
- Estou falando do namoro!
- Santa burrice, Liz! - Ele revirou os olhos e Paulina que ouvia tudo mas não falou nada, também fez o mesmo.
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Uma cigana leu o meu destino
RomanceQuando comecei essa história, não imaginava o quanto ia ser difícil! Contar uma história real, sem revelar fatos e acontecimentos que não poderia, tentar deixar minha grande incentivadora e amiga orgulhosa (Sim, a Liz existe e óbvio, não se chama Li...