Estava de frente para o espelho admirando minha já proeminente, mas ainda pequena barriga. Parei o olhar na altura do quadril, onde ficava minha primeira tatuagem: "No regrite, no regret", lembrei novamente de quando entrei naquele estúdio pela primeira vez e sorri. Joel me abraçou por trás, sorriu também e passou os dedos pela minha escrita.
- De tantos desenhos, soube que você seria a mulher da minha vida quando vi essa.
- E posso saber porquê?
- Olhei tanto a foto dela no álbum de Rubem no dia em que fiz a perfuração que resolvi tirar uma foto. Não sei dizer bem o porquê, mas a frase me chamou a atenção
- Hum... será que já estávamos destinados?
- Posso dizer agora que sim! - Ele sorriu
Já estávamos morando mais juntos do que cada um em seu lugar e quanto mais nosso casamento se aproximava, mais queríamos estar desse jeito. Joel conversava com nosso bebê todos os dias antes e depois de fazermos amor. O tesão que sentíamos parecia crescer ainda mais. Dizem que tudo muda depois dos filhos, então, vamos aproveitar ao máximo!!!.
***
Nossa união foi simples e emocionante, à beira da praia em uma manhã de sol e calor. Meu vestido, que até o último minuto não pude ver foi um frente única rosa clarinho com cintura marcada e saia rodada e no meu cabelo uma única rosa vermelha. Eu simplesmente amei!.
Após a benção do juiz de paz e antes que todos os convidados se dirigissem ao salão de festas, caímos todos na água e ao invés de chuva de arroz, tivemos chuva de mar! Essa seria a mais doce lembrança que eu carregarei até o fim da minha vida!
A festa foi muito animada, apesar de não ter inúmeros convidados como essas festanças de casamento por aí. Só as pessoas que realmente importavam para nós dois estavam presentes com suas famílias ou sozinhos.
Analice e Paulina se dedicaram muito e eu amei cada pequeno detalhe que elas não esqueceram! Tudo caprichado no melhor estilo pin up. Sinceramente? Eu achei que fosse ter uma síncope na festa, porque convenhamos, minhas amigas são exageradas e tudo foi uma grande surpresa no melhor sentido.
- Sabe, esposa Dina... lá nos fundos tem uma suíte nos esperando...
- Como é?
- A única coisa que exigi a Analice.
- Ótima exigência! Vamos a.go.ra!
Deixamos nossos convidados se divertindo e partimos para o início de nossa lua de mel. Ao sairmos do salão, na manhã seguinte, avistei Aliane sentada no pequeno sofá próximo a entrada.
- Você dormiu aqui?? - Perguntei vendo seu rosto um pouco tenso
- Sim, e não me incomodo, minha menina! O juiz insistiu em me levar mas não quis. Precisava abraçar vocês.
- Então venha aqui, minha cigana de poderes não aleatórios! - Ela me abraçou e quando foi até Joel para abraça-lo, parou um pouco e levou as mãos em seu coração
- Cuide de nossa menina, rapaz, mas cuide também de você. - E só então o abraçou. Percebi um ligeiro tremor em seu corpo, e entendi que ela estava muito emocionada. - Latcho Drom!*
Viajamos para Aracruz no dia seguinte e por quinze dias passeamos por todo o litoral do Espírito Santo. Terminamos nossa viagem passando o último fim de semana na fazenda de Lagoa de Três Cantos e voltamos revigorados. Minha barriga antes pequena, cresceu bastante mesmo em pouco tempo. Eu andava um pouco assustada em colocar um bebê nesse mundão, mas qual mãe não se assustaria? . No final da gravidez já não sentia mais medo, e sim uma ansiedade enorme para ver o rostinho de nossa menina. É! Aliane acertou mais uma vez! Marina estava chegando!!
- Uma netinha!! Vocês não poderiam me fazer um velho mais feliz!
- Sabe, sogro, de tudo que conquistei nessa vida e todos os desejos que consegui realizar, falta uma coisa...
- E o que seria?
- Um que não posso fazer, pela minha total inaptidão! - Ele riu
- Está me deixando curioso.
- Gostaria muito que o senhor fosse o autor de uma história da qual faz parte desde o início, me escreve um livro?
- Mas eu só entendo, como vocês dizem, " juridiquês", como poderia??
- Com isso. - Puxei os envelopes com todas as cartas de Alice e entreguei a ele - Não quero um romance, quero a história real, da nossa vida! Quero que Marina sinta orgulho de seus pais e de tudo que antecedeu a sua chegada.
- Feito, minha filha! Eu farei o melhor possível.
- Já será o melhor! Estamos falando do Juiz Joaquim e meu pai!!! - Joel bateu no peito orgulhoso.
"Sem regredir, sem arrependimentos" foi publicado cinco meses depois do nascimento de nossa filha, que chegou sorridente em meus braços, nascida de parto normal, depois de testar os próprios pulmões e agredir os ouvidos de todos dentro do quarto. Ali começou minha sexta vida!
*Boa viagem, Bom caminho!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma cigana leu o meu destino
RomanceQuando comecei essa história, não imaginava o quanto ia ser difícil! Contar uma história real, sem revelar fatos e acontecimentos que não poderia, tentar deixar minha grande incentivadora e amiga orgulhosa (Sim, a Liz existe e óbvio, não se chama Li...