Lute

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    As lagrimas cintilaram nos olhos de Leon. Seu corpo pendeu minimamente para frente. Sua respiração começou a falhar. A pequena chuva permitiu a deslizar sobre sua pele sórdida. Seu tórax começou a se mover de maneira rápida. Sua afeição era de felicidade, tristeza e orgulho.

Gakupo deu um tapa leve nos ombros de Fukase e pegou a mão de Oliver. Disse algo para o loiro e ambos saíram da sala. Os parentes do cómodo não se importaram no momento. O ruivo respirou fundo e olhou o homem a sua frente, a pessoa que deveria chamar de pai; um homem magro e sujo, suas roupas um tanto resgadas, seus cabelos dourados se tornavam marrões pela imundice, além de serem longos e embaraçados e por fim uma longa barba. Tudo que sua mente processou no momento foi que não importa como ou quando, tiraria ele dali:

-Faz um longo tempo não é garotão? - O homem disse sorrindo. Nesse momento se notou que faltava dois da parte direita e todos tinham a predominância de amarelo na boca

-Algum... - Pronunciou baixo e se sentou na frente do outro

-No momento que te vi pela primeira vez jurava que teria o cabelo loiro - Brincou alegre - Porém nada me alegra mais saber que você puxou tanto dela - Confessou ao mais jovem

Fukase deixou um pequeno e sincero sorriso escapar pelos seus lábios. Qualquer um duvidaria que o homem a sua frente seria seu pai, não pelo estado que ele se encontrava pela diferença que ambos tinham. Leon tinha olhos verdes, enquanto o de seu filho eram castanho-claros, que a luz dava a mera ilusão que eram vermelhos. Os cabelos lisos, loiros, que com uma simples lavagem teria um brilho natural; e o outro eram fios rebeldes encaracolados, avermelhados e com uma cor fosca. Por fim a fisionomia dos rostos, na qual era apenas notável a fusão de ambos os rostos (Meiko e Leon); nisso ele tinha o rosto um tanto mais gordinho que o do pai, por ter puxado o rosto redondo da mãe, todavia ainda tinha certos traços do mais velhos. Era difícil notar semelhanças físicas em ambos, entre tanto ainda era possível:

- Fukase eu - Ele abriu a boca e deixou o ar escapar. Ele queria dizer tanto, mas algo o prendia

-Posso fazer algumas perguntas? - Levantou o rosto para observar as reações do outro

-Ah! Claro, quais quer - Respirou fundo aliviado. Ele não tinha ideias por onde começar, no que omitir ao mais jovem. Por mais que se sentisse mal pensando nisso, ele realmente não sabia nada sobre o próprio filho.

-Minha mãe - Deixou o ar escapar por um momento, porém conteve - Ela realmente morreu como foi contado?

-Bem -Coçou a garganta deixando claro que o assunto que estavam entrando era um tanto delicado para o mais velho- A real é apenas que eu falhei em protege-la e acabou levando um tiro de raspão sobre o peito; no fim a bolsa estourou e você nasceu prematuro pedi pra salvarem a sua vida em troca da minha - Riu baixo - No fim deu melhor do que eu esperava

-Acho que eu entendi - Colocou as mãos sobre as pernas - Era para que eu ouvisse vozes?

-Depende- Leon se aproximou o máximo que pode-As escutas frequentemente?

-Eu - Parou notando algo - Não as percebo a algum tempo

-Bem -Abaixou o rosto- Elas devem ter surgido pelos traumas que as pessoas criaram em você, agora que o ambiente mudou e seus medos se foram... - Levantou o rosto e olhou a porta - Encontrou pessoas - Se virou ao ruivo - Sua vida tenha ganhado algum sentindo - Deu um sorriso fraco

-É - Sorriu de modo singelo - Encontrei

-Fukase vou te contar algo - Falou baixo - Eu já encontrei o sentido da minha vida e estou vendo ele novamente a minha frente - Disse com um brilho fraco nos olhos- Todavia eu perdi uma vez ele, perdi o sentindo, pendia a vontade de continuar -Sentiu algo apertar a garganta - Não a nada pior do que ver tudo pelo que lutou, tudo pelo que sonhou, tudo que amou, tudo que um dia fez o seu coração palpitar, esse sentimento é apenas compreendido quando ele habita nossos corações -Fitou o chão - Não importa o quanto odeie alguém, pedir para que sinta isso, e a emoção mais dolorosa - Voltou a sua atenção a criança a sua frente - Meu filho eu perdi sua mãe, a dor de sua falta me afeta todos os dias; sonho com ela, sonho com você, sonho com uma bela família correndo para uma colina - Sorriu e algo apertou seu peito - Imagino você sorrindo e me chamando enquanto a sua mãe grita conosco sobre algo que nem dou atenção, apenas foco em me lembrar de sua bela aparência e de sua magnifica voz - Um suspiro calmo saiu por seus lábios- A voz dela era algo lindo, não importa em que tom ou em que sentido ela falasse ou gritasse era sempre calmante - Olhou nos olhos do filho - A sua voz me lembra a dela, tudo em você me lembra ela, Fukase; isso é o que eu sinto mais orgulho -O olhou de forma afetuosa

-Você sonha com isso? - Perguntou sentindo uma aflição em sua voz, seus olhos ardiam levemente

-Sonho, sonho com uma família, sonho que tudo desse certo - Balançou a cabeça sorridente - Ah Fukase, o meu maior sonho é que eu pudesse colocar meus últimos dias ao seu lado e de sua mãe

-Ainda podemos - Aproximou-se do outro

-Não Fukase - Se afastou - Olhe para mim - Pediu sério - Sou um condenado a prisão, estou aqui por pena dos superiores; Fukase eu te amo, você é meu filho, alguém que eu não pude passar tanto tempo junto, porém ainda sinto que quando você pela porta será quando eu tiver perdido tudo

-Você não precisa desistir! -Persistiu

-Não estou desistindo - Permaneceu calmo

-Não?! - Quase gritou sentindo seu peito doer - Você está literalmente falando que quer ficar preso aqui pelo resto da sua vida em vez de tentar ser o pai que nunca foi - Cada palavra saiu como veneno da boca do mais novo; deixou fluir pensamentos que passavam por sua mente

-Fukase me escute- Pediu - o que você acha que vai ocorrer? Se tentarmos fugir você será perseguido. Filho tudo que eu menos quero e que tenha uma vida como eu tive! Privado de tudo, preso no escuto, vivendo apenas para remoer com o medo da vida! Tudo que eu quero e que você consiga ser uma pessoa normal

-Você acha que eu não sou perseguido? - Indagou de modo sarcástico - Pai - Disse balançando a cabeça - Seu sangue corre pelas minhas aveias e o bastante para ter pessoas querendo meu aprisionamento - Soltou as lagrimas que prendia nos olhos

-Já não é o bastante?! Eu destruir a vida de sua mãe, vá! Me culpe por destruir a sua! Eu só queria ser amado! Meu egoísmo apenas causou mais dor a outros! Essa cela - Varreu o local com olhar - É tão fútil! Minha fuga dela seria fácil! A questão e que eu mereço estar aqui, pelas vidas que tirei e destruí

-Se você sabe destruir, por que não tenta reconstruir? - Falou se ajoelhando na frente do outro

-Uma faca é feita para cortar

-E uma rosa? Seus espinhos foram feitos para destruir? Ou para se defender do mundo que vive? Apenas depende de como usa suas armas

-Eu não soube usar as minhas destruir o que toquei

-Sempre pode aprender coisas novas - Tocou os ombros do mais velho

-Não importa o quanto mude seus pecados sempre rastejaram pelas suas costas

-Perdão não é opção, mas o arrependimento é uma convicção

Leon levantou a cabeça para dizer algo, contudo um estrondo auto surgiu. Gakupo apareceu na porta apavorado. Oliver tremia ao seu lado. O som de passos altos apenas aumentava:

-Eles estão vindo! - Gakupo gritou desesperado

Lute  

Mesmo Que O Destino Nos SepareOnde histórias criam vida. Descubra agora