ACHTZEHN

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Horas de viagem numa picape lenta e barulhenta. Kyle dormia tranquilamente, até então. Ela resmungava uma coisa ou outra mas nada que James pudesse entender.
Estavam em nova york...

- Kyle... - ela se remexeu. - Kyle.

Finalmente acordou. Observou o local atentamente, depois olhou para James.

- Daqui a pouco escurece - disse enquanto olhava ao redor, as pessoas estavam focados demais em seus problemas para percebe-los. - E estamos disfarçados.

Kyle respirou fundo, seu abdômen estava contraindo estantaneamente, o bastão acertou em cheio. Ela estava dolorida. Sempre era atingida ali.

Ela fez uma careta de dor.

- Preciso de férias. - disse irônica olhando para James.

Ele deu um meio sorriso pelo comentário. Ambos precisavam.

- Precisamos de armas. - comentou e a limpou garganta.

- A bolsa está no banco de trás mas agora não é bom momento. - avisou cruzando os braços.

James olhou o relógio no carro.

já era quase 16 horas.

- Tenho algo para você. - confessou.

Nesta etapa ele havia estacionado o carro num beco.

James saiu do veículo, Kyle o seguiu.

- Não achei que fosse entrar num portal e simplesmente deixar tudo para trás. - sua voz era calma.

Por tudo que estava acontecendo, ele ainda conseguia falar nesse tom. Era um tanto inusitado.

- Acho que levei a sério a ideia de tirar férias. - ironizou seguindo James que abria o forro do porta malas.

Ele sorriu de lado rapidamente.

A mulher olhou para baixo, para seus próprios pés.

Não queria que ele notasse sua nova cicatriz.

Ele se inclinou e pegou um saco preto e entregou a mulher.

Sprouse hesitou mas estendeu a mão para pega-ló.

Ela o abriu e dentro havia seu uniforme de espiã.

A mulher olhou para frente, James estava atento a rua, poucas pessoas, pouco barulho.

- Como conseguiu isso?! - questionou, sua voz era de indignação.

- Roubei.

Kyle franzi as sobrancelhas desconfiada.

- Esse uniforme... - avançou com olhos vidrados.

James gesticulou.

- Esse uniforme...? - a encarou com sobrancelhas arqueadas, Kyle ainda o fitava com desdém. - Achei que fosse precisar. - informou se desviando da mulher.

Estava sério agora.

Ela balançou a cabeça.

O uniforme lhe lembrava coisas terríveis. Suas lembranças com essa roupa só lhe trazia repulsa.
Ela sabia que naquele contexto, iria ser uma assassina completa. A roupa lhe dava um ar tenebroso, arisca, um tanto terrorista.

- É só um complemento do que somos. - James falava decepcionado entrando no carro.

Ele tinha razão. O que fizeram com suas vidas foi horrendo, poderiam ser expulsos, mortos pelo seu próprio país. Eles eram indignos de aceitação pela sociedade, não poderiam fazer parte novamente de um ciclo normal da vida, pois eram abomináveis...

Parceira do Soldado InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora