ZWEIUNDZWANZIG

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Naquela manhã de sexta uma sensação estranha de dejavu percorreu Kyle de uma forma única, ela não quis demonstrar esse sentimento, porém somente guardou aquilo consigo, pois Bucky ainda estava ao seu lado e ele segurava uma xícara de café graciosamente.
Os passarinhos cantavam do telhado e ambos olharam para cima num gesto simultâneo.

Eles se encontravam sentados no banco da varandinha com almofadinhas fofas no encosto. Era cedo e somente Emília estava na casa.

- Eu achei que estivessem arrombando minha casa nesse madrugada - Emília relatava com as mãos na cintura -, Arnold não quis vir e então eu rezei a Deus para cuidar de nossas humildes vidas... - Bucky e Kyle se entreolharam.

Mal sabiam que ambos que adentraram a casa. Por mais profissionais que fossem como espiões, Emília conseguiu ouvir barulhos e resquícios de alguém que queria arrombar a casa e isso eles confessaram em seu interior que foi uma incompetência.

Isso era vergonhoso para dois espiões altamente habilidosos.

Ou não tanto...

Kyle suspirou e olhou para ela.

- Éramos nós. - afirmou sem encarar Emília.

A mulher franziu o cenho.

- Como? Vocês?! - ela fez um "o" com a boca. - Para mim os dois estavam dormindo!

Era inocente em pensar que podia acompanha-los...
Achou que estavam dormindo mas estavam "brincando" no rio. Ela tinha a plena certeza que estavam dormindo.

Emília balançava a cabeça contrariada.

- Não estávamos na casa. - agora James dizia tomando um gole do seu café.

- É, agora percebi. - resmungou zangada.

Seu tamanho, cabelos grisalhos e bagunçados deixava tudo muito hilário.

A forma de trocar o peso da perna para falar e a inclinação da cabeça para ouvi-los fazia dela uma velhinha única. Emília era ingênua.

- Da próxima vez, eu fico em alerta quanto a vocês. - disse como se fosse responsável por eles.

James deu um riso tímido e Kyle abaixou a cabeça revirando os olhos.

- Vocês são muito corajosos em sair por aí nesse horário, tarde! - comentava gesticulando, Kyle a fitou. - Não tem medo de cobras falantes, porcos com duas cabeças ou homem do pé grande?!

Bucky engasgou pela fala sem noção de Emília. O que essa mulher ouvia por aí? Supor que tivesse um ser de fantasia na floresta?

Kyle olhou para o homem que se enclinava para frente.

- James, tá tudo bem? - questionou franzindo as sobrancelhas.

No entanto Emília não parava de deduzir coisas surreais.

- Ouvi falar que existe homem mula, ou mula sem cabeça caçando pessoas!

- Emília, são superstições... - Kyle indagou desacreditada naquela mulher.

A velhinha balançou a cabeça.

- Meu marido me conta essas histórias quando tem viagens pela floresta. São ver-da-dei-ras, minha jovem! - afirmava convicta.

James enrugou o rosto enquanto virava a cabeça para encarar a figura cômica que contava essas histórias.

Não era possível que ela fosse normal.

Pela entonação de sua voz era até possível acreditar nessas lendas mas James e Kyle sabiam que aquilo não era verdade.

Nem de longe nem de perto.

Parceira do Soldado InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora