VIERUNDZWANZI

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Era audível os cacos sobre o chão. Impossível de se integrar, de se juntar. Era um som tão frágil e ao mesmo tempo forte, grandioso. Em outros casos, raso e fraco -, contando que aquele coração fosse de alguém. Uma pessoa.

Na mente daqueles que eram seus superiores, aquilo somente era uma nota musical a se seguir, sobre uma melodia drástica e impotente.
Calculistas e frios.

Eles queriam e conseguiram uma arma potente mas era um novo tempo, tecnologias diferentes. O acorde havia mudado. Horas e horas se passando, dias e dias se passando. Missões e Missões.

Estava frio, mas nada que pudesse se assemelhar com o nazista presente naquele sala. Lágrimas seriam desperdiçadas, mesmo que por ódio.
Machucar, quebrar, despedaçar.

Estava noite e a iluminação era fraca, era lua cheia.

As luzes de outros prédios são reconfortantes. O vidro é limpo.

O lugar se fez contagiante por capangas.

Um homem de braço biônico dentro de uma espécie de cápsula, usado apropriamente para ele. Homens normais não segurariam o soldado invernal, ativo, por muito tempo...

Uma mulher com cicatrizes sinistras.

Kyle.

Ela quase não aguentava o peso de seu corpo. Ela estava dopada e os guardas estavam de cada lado, a sustentando, pois a mesma não conseguia nem andar direito. Seus olhos estavam cabisbaixos e desorientados mas ela contou quantos agentes tinham, eram oito, no total.

- Podem levar o soldado invernal para seus superiores! - ordenou o homem e rapidamente o redirecionaram para o elevador.

Kyle sentiu como um choque percorrer pelo seu corpo, seu coração acelerou e seguidamente sua respiração desregulou. Ela reconhecia aquela voz... a mesma queria encontrar coragem para olhar para o sujeito mas ela ainda estava desacreditada que poderia cruzar seus olhos com o responsável por toda sua desgraça... Não sabia se estava pronta para isso.
Por tudo, sua história, sua vida... Encarar a sua realidade era devastadora.

- Quero somente ficar a sós com a minha querida... Kyle... - o homem loiro virou-se segurando uma taça.

Seus pequenos olhos azuis e cabelos totalmente arrumados para o lado fitavam a mulher a quatro metros de distância.

Kyle ainda encara o chão assustada. Seu corpo oscilava.

Jonas estava a olhando friamente, de baixo para cima.

- Quero ficar... - sua voz era grossa, baixa e calma, se aproximava dela vagarosamente -, com ela...

Os homens que havia ficado com Kyle a deixaram e assim, somente Jonas e ela.

Cara a cara.

... Conscientemente, ela sabia com quem estava lidando e isso não era nada confortável.

Por anos foi torturada pelo próprio Jonas.

Mutilada, maltrada, traída, usada, manipulada...

57 anos...

O homem estava a dois passos de distância.

Ficou segundos naquela posição esperando uma reação da mulher que permanecia olhando o chão.

Ela recuava.

- Entendo sua dor... - dizia, tomou um gole de se vinho e estendeu a mão na direção da mulher imune.

A mulher levantou seus olhos vagasoramente no ímpeto de olhar o copo da mão alheia e subitamente o pegou e jogou no rosto dele, o líquido atingiu seus olhos e escorreu até seu terno da mesma cor, vermelho escuro.

Parceira do Soldado InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora