Capítulo 14

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Meus olhos estavam cansados. Eu estava cansada, mas isso não me impediria nenhum ou pouco, ou sequer mudaria a ideia que eu tinha de que eu teria de ter que passar na casa de Camila, nem que fosse por míseros 2 minutos, eu só teria que ir lá. 

Meus braços se pressionaram mais ao meu corpo quando o vento frio passava cada vez mais forte, minha boca agora estava ligeiramente seca e minha cabeça não parava de insistir e me relembrar o quanto eu tinha me metido em um completa bagunça por motivos que eu poderia ter evitado desde o começo. 

Eu creio que deveria ter seguido o conselho do meu pai, fazia tempo que ele tinha me dito mas, apesar de terem se passado anos, o som da voz grossa e preenchida com ternura que me davam aquele conselho, nunca, nunca, sairiam da minha cabeça. 


-Papai. - sussurrei puxando a manga da sua blusa. O mesmo me olhou de canto dando um sorriso fraco. Persisti o movimento até que o mesmo olhasse para mim. 

-Sim? 

-O que fazemos quando amamos alguém? - perguntei, observando um olhar curioso tomar conta do seu rosto, fazendo-o enrugar a testa.

-Você sabe o que é amar alguém? 

-É claro que eu sei, é quando a mamãe te vê todo suado e sujo mas mesmo assim consegue dizer que o senhor é mais bonito que Brad Pitt. - terminei com um sorriso no rosto, vendo o homem à minha frente soltar um gargalhada. - Isso não é amor?

-Bom, foi engraçado ver como minha filha de 8 anos define o amor. Não está errado, esse é o seu ponto de vista, mas amar alguém é muito mais que isso, tanto que se eu te explicasse agora você não entenderia. - falou colocando sua mão pesada sobre meu ombro, me fazendo curvar em certa decepção por estar errada. 

-Então como eu faço para saber que eu amo alguém pai? 

Ele deu uma risada fraca, enquanto fechava os olhos por um instante, balançando a cabela lentamente de um lado para o outro. Tombei a cabeça um pouco para o lado, encostando-a no sofá, esperando ele responder. Por que os adultos são tão estranhos as vezes?

-Você ainda é muito nova para saber, mas quando chegar a hora, pode ter certeza, você vai saber, aquela mágica toda vai acontecer, você vai se sentir completa, vai achar que precisa daquela pessoa ao seu lado a todo momento, vai se sentir triste quando outro se sente para baixo, vai entender que mesmo que tenham diferenças você ainda vai entende-las e-

-Como se ele gostasse de azul e eu de verde? 

-Sim - meu pai riu. -, como se ele gostasse de azul e você de verde mas também -

-Ou como quando o senhor não gosta nada de café mas mesmo assim faz para a mamãe sempre que está quase acabando por que sabe o quanto ela gosta?

-Isso também mocinha. - riu mais uma vez, apertando de leve o indicador na ponta do meu nariz. - Um dia eu te explico melhor já que hoje você tá empolgada demais com o assunto. - ele estava prestes a levantar quando parou na metade do movimento para de virar para mim. - Mas, eu quero que você me prometa uma única coisa. 

-Qual?

-Que quando você finalmente amar alguém, de verdade okay? - eu acenei. - Se você amar alguém você vai dizer a essa pessoa, mesmo que você esteja com medo de que essa não seja a coisa certa, você vai dizer, você não vai deixar que um sentimento bom assim te traga tristeza por não ter contado. Você me promete?

-Prometo papai.

Ele deu sorriso sem mostrar os dentes. 

-De mindinho? - perguntou erguendo o dedinho. 

[Em Revisão] School on Saturday - Camren/You (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora